RH Leadership Xperience 2025: Inteligência Artificial, posicionamento e outras urgências do setor de Recursos Humanos

Veja os principais momentos de um dos maiores eventos de RH do Brasil

16 de Maio de 2025

Leitura de 11 min

No dia 14 de maio, o RH Leadership Xperience tomou conta do Distrito Anhembi em um dia totalmente dedicado aos profissionais de Recursos Humanos. 

Organizado pela escola internacional de negócios StartSe e com o iFood Benefícios na lista de patrocinadores, foram mais de 10 horas de conteúdos sobre diversas vertentes da área de Gente e Gestão, com ênfase em Inteligência Artificial (IA), diversidade e comportamento.

Confira os destaques!

Índice:

Reinventando a gestão do RH via IA

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Matheus Henrique Garcia, especialista em tecnologia na StartSe, iniciou seu painel com dados da Microsoft sobre a aderência da IA nas empresas:

  • 83% afirmam que a tecnologia ajudará os humanos a assumir trabalhos mais complexos e estratégicos
  • 82% devem adotar agentes de Inteligência Artificial nos próximos 12 a 18 meses
  • 36% dos executivos C-Level esperam que suas equipes administrem agentes de IA nos próximos cinco anos

Nesse sentido, nasce a inteligência híbrida, a junção das inteligências humana e artificial. Nas duas frentes, serve para criar valor – a parte humanizada é responsável pelas estratégias e criatividade – e otimizar valor – que vem da máquina, capaz de potencializar funções operacionais.

Graças ao olhar humanizado fortalecido pela análise técnica da IA, a capacidade de decisão também é otimizada, gerando um novo modelo organizacional em que o gestor deve equilibrar os dois lados.

Usando a figura de uma pirâmide, Matheus mostrou que os robôs devem ficar na baseatuando como operários em tarefas necessárias, mas que não exigem planos táticos ou inventivos. Esse é o papel dos humanos, que se posicionam no topo da pirâmide para desenvolver estratégias e guiar as máquinas.

No RH, é preciso elaborar um novo fluxo de trabalho para que essas tecnologias sejam realmente funcionais, incluindo tarefas relacionadas a remuneração e benefícios, comunicação interna, talentos, capacitação, etc.

O equilíbrio entre humanos e IA, portanto, é fundamental para que haja sinergia e distribuição de atividades que façam sentido. Enquanto a Inteligência Artificial processa dados, por exemplo, os profissionais têm mais tempo para olhar para os colaboradores com estratégia e empatia, considerando aspectos culturais, emocionais, interpessoais e qualquer outro que apenas os seres humanos são capazes de fazer.

Por fim, Matheus apresentou cinco dilemas e suas soluções diante da criação de um RH híbrido:

  1. Por onde começar? – Testes, avaliações e períodos de experimentação.
  2. O que delegar à IA e o que manter humano? – Tarefas operacionais devem ser entregues às máquinas, enquanto as que exigem esforço tático e criativo ficam com os humanos.
  3. E se o sistema errar? – Apostar em ferramentas que contam com recursos que corrijam e minimizam erros, além da análise humana sobre a execução da IA.
  4. Como engajar o time de RH? – Trabalhar a mudança de mentalidade, mostrar os benefícios, incentivar o uso regular.
  5. Como mostrar valor para a liderança? – Através de métricas, como níveis de satisfação, produtividade, conversão, retenção, ROI, etc.
     

Plante conhecimento, colha talentos leais: a educação como estratégia de retenção

Em um bate-papo com Joca Oliveira, CEO da empresa de benefícios educacionais Unico Skill, e Cíntia Vasques, Head de Educação B2B na StartSe, a educação foi mostrada como uma forma de fortalecer a relação empresa-colaborador.

Em um país com grandes desafios educacionais, Cintia perguntou como os RHs de todo o Brasil percebem essas barreiras. Joca disse que o principal problema é a falta de mão de obra qualificado, trazendo, inclusive, uma estatística impressionante: 75,7% dos brasileiros entre 18 e 24 anos não têm ensino superior, como mostra uma pesquisa divulgada pelo Ministério da Educação e pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira).

Sendo assim, a educação deve ser encorajada também aos colaboradores de menor poder hierárquico, já que o conhecimento é um instrumento destinado a pessoas com muito potencial, mas poucas oportunidades. Para a empresa, isso é importante porque é uma forma de alcançar melhores resultados, bem como atrair e reter talentos

O RH pode ter certa dificuldade para convencer o alto escalão a apostar em educação, mas Joca revelou a solução: mostrar resultados concretos que mostrem a eficiência e o retorno do investimento.

A educação como benefício pode ser uma ótima ferramenta de engajamento – ainda mais se é estendida a dependentes –, porque contribui com a lealdade e o aumento de produtividade nas tarefas diárias.

Menos ruído, mais resultado: como vencer o overthinking no ambiente corporativo

Sócio da Link School of Business e fundador da People Smart SchoolBruno Mano falou sobre um fantasma que assombra muitas pessoas, mas que poucas sabem o que realmente significa: o overthinking.

Descrevendo o overthinking como a ansiedade disfarçada de produtividade e não necessariamente apenas o excesso de pensamentos, ele destacou que esse fenômeno é composto por três categorias:

  1. Ruminação: fixação no passado, replays constantes de conversas e decisões que já aconteceram.
  2. Catastrofização: antecipação excessiva de problemas e futuros de cenários negativos.
  3. Paralisia decisória: travamento no presente por perfeccionismo e medo de tomar escolhas erradas.

Esses ruídos podem ser frutos de diversos elementos, sendo o principal a comunicação. A forma como os líderes se comunicam, segundo Bruno, é o grande criador de overthinkers, já que a troca com a equipe tem o objetivo de fomentar confiança.

Dependendo de credibilidade, recorrência e intimidade, ele comparou a confiança a uma equação. O que coloca esse cálculo em risco é a auto-orientação, ou seja, a individualidade e a carência de comunicação assertiva.

Isso acontece porque a segurança psicológica é o maior preditor de equipes de alta performance, como indica uma pesquisa interna do Google. É pelo mesmo motivo que os profissionais de RH devem atuar como guardiões do espaço mental, orientando os líderes, assistindo os colaboradores e mediando essas relações.

Bruno também mostrou alguns recursos para reduzir o overthinking:

  • Consciência e clareza: identificar a fonte do problema e determinar o que é e não é possível controlar.
  • Presença, reframe e clareza emocional: viver o presente, pensar positivamente, buscar apoio em pessoas de confiança.
  • Estratégias contraintuitivas: descanso, tempo para si, métodos de descompressão, transformar narrativas negativas em oportunidades de crescimento e aprendizagem.

IA – Recrutamento: diversidade e inclusão

Todos têm vieses que ditam seus julgamentos, segundo Cammila Yochabell, fundadora da plataforma de seleção Jobecam. Motivada por sua própria experiência como a única mulher em um trabalho majoritariamente masculino, ela decidiu encabeçar uma empresa que poderia minimizar as micro e macro agressões que afetam candidatos pertencentes a grupos minoritários.

Embasadas em estereótipos e preconceitos, essas tendências involuntárias existem em todas as pessoas, por menores que possam parecer. O primeiro passo é admitir sua existência, já que “não querer reconhecer vieses é um ato de preconceito”, como afirmou Cammila.

Uma maneira de reduzir esse problema na etapa de recrutamento e seleção é utilizando ferramentas de Inteligência Artificial criadas para tornar o processo seletivo mais justo e eficiente.

A IA pode otimizar diversos aspectos, mas é preciso tomar cuidado para não substituir o olhar humano pela impessoalidade das máquinas. Ela deu exemplos em relação a isso, como o uso exacerbado de chatbots para conversar com candidatos, processos com muitas etapas, qualidade da avaliação de competências e reprodução de preconceitos com base em conteúdos utilizados nas fases de machine learning.

Existem vários jeitos de otimizar o processo seletivo por meio da IA sem deixar a responsabilidade social de lado, incluindo:

  • Criação de vagas com prompts que listem vieses preconceituosos a serem evitados.
  • Criação de testes que focam em habilidades técnicas e comportamentais.
  • Gestão de candidaturas com o suporte de Kanban moderno e interativo.
  • Entrevistas pré-gravadas para gerar mais acessibilidade e oportunidades a pessoas diversas.
  • Entrevistas ao vivo e anônimas que usam avatares 3D, voz agênera e dados ocultos para eliminar as chances de vieses por parte dos recrutadores.
  • Dashboards e KPIs que tragam dados robustos para tornar a seleção mais eficiente e inclusiva.

Transformando desigualdades em inovação

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Seguindo a temática de pluralidade, Davi Venâncio, Especialistas em Diversidade, Equidade e Inclusão no iFood, começou sua palestra afirmando que há muitas habilidades – as famosas soft skills – adquiridas com experiência de vida, inclusive adaptabilidadetrabalho em equipeliderançacomunicação.

Nesse sentido, há potencial em todos os lugares e em todas as pessoas, mesmo aquelas que não tiveram boas oportunidades financeiras que poderiam alavancar suas carreiras.

“Entender o ponto de partida de uma pessoa é o primeiro passo para qualquer transformação coletiva, disse ele, mostrando dados que ilustram a realidade brasileira:

  • O Brasil é o 8º país no ranking global de desigualdade de renda (via World Inequality Database).
  • A expectativa de vida dos moradores do Alto de Pinheiros (80,9 anos) é quase 23 anos maior do que os habitantes da Cidade Tiradentes, de 58,3 (via Mapa da Desigualdade).
  • Apenas 18,4% dos adultos acima dos 25 anos concluíram o ensino superior (via Censo Demográfico 2022).

Prestar atenção em estatísticas como essa auxiliam o RH a perceber quais problemáticas sociais podem afetar a atração, seleção, retenção e engajamento de talentos, cabendo aos profissionais da área entender essa realidadebuscar soluções não apenas em virtude da empresa, mas também para contornar o problema como um todo.

Para encontrar os recursos adequados, Davi pontuou a importância de que as empresas contem com profissionais que fazem parte de grupos menos favorecidos, com lugar de fala para compreender as preferências e necessidades dessas pessoas. Se indivíduos que não verdadeiramente entendem as dores de certa comunidade são colocados para representá-la, o risco de microagressões são muito maiores porque não há afinidade com tal realidade.

Estatísticas coletadas por levantamentos das consultorias DeloitteMcKinsey mostram que iniciativas sociais trazem grandes vantagens às empresas:

  • Companhias com maior diversidade étnica e cultural têm 36% mais chances de superar o desempenho financeiro das menos diversificadas.
  • Equipes de gestão com mais pluralidade geram 19% mais receita no que diz respeito à inovação.
  • Organizações com maior diversidade de gênero têm 25% mais probabilidade de obter lucros acima da média.

Refletindo sobre sua própria trajetória, Davi encorajou as equipes de RH a adotar uma postura mais inclusiva e assistir os talentos que ainda se encontram em posição de marginalidade. “A periferia não é apenas resistência, é potência criadora”, finalizou.

IA para líderes

Autoridade em Inteligência Artificial e consultoria, Vinicius David é o Chief Growth Officer da Birdie AI e foi instrutor de inovação e gerenciamento de produtos na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos.

Ele iniciou o painel mostrando que a IA é tão poderosa que disparou a 5ª Revolução Industrial, formada por uma mistura de pessoas, máquinas, resiliência emocional, comunidade e alta performance.

Também foram mostrados os estágios de evolução da Inteligência Artificial:

  • Fase 1 – IA estreita (machine learning): sistemas criados para desempenhar tarefas e resolver problemas específicos.
  • Fase 2 – IA geral (machine intelligence): as máquinas são tão inteligentes quanto pessoas em quesitos de raciocínio lógico, entendimento e aprendizado.
  • Fase 3 – Superinteligência artificial (machine consciousness): mais inteligentes que os humanos, são as máquinas que têm conhecimento da própria existência e, portanto, de certa forma, livre-arbítrio.

Dentro das empresas, é importante diferenciar os copilotos e os agentes de IA:

  • Piloto humano + copiloto IA: solução que amplifica as funções do ser humano, mas não os substitui. Ex.: a Inteligência Artificial escreve um contrato e uma pessoa faz a revisão.
  • Agentes de IA: pessoas são totalmente substituídas por máquinas, mas ainda há a supervisão humana. Ex.: atendimento de chamadas, gerenciamento de clientes e fechamento de tickets.

Vinicius ressaltou que transformação digital não basta – faz-se necessária a transição digital, isto é, o processo gradativo de implementação tecnológica, que deve impactar a maneira como as pessoas encaram essas inovações.

Também afirmou que os dados – os maiores atrativos de qualquer negócio depois das pessoas e dos produtos – são as respostas para que uma empresa se torne grandiosa em IA. Nesse sentido, etapas de coleta, organização, análise e aplicação de dados são igualmente relevantes e cheias de oportunidades.

O papel dos líderes em meio a essa revolução tecnológica é entender o valor da Inteligência Artificial, aprender a operá-la, identificar maneiras de utilizá-las e extrair os melhores resultados. “Seja uma potência em IA e não apenas no uso de ChatGPT, completou Vinicius.

 

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