A grande máscara do líder: o que está por trás da sua imagem?

Por muito tempo, a imagem do líder foi associada a uma posição quase inacessível de poder e sabedoria absoluta. No imaginário popular, essa figura se tornou quase um bicho-papão, como é possível ver em cenas na TV e no cinema de chefes malvados e inflexíveis.

Não seria correto dizer que essa percepção foi totalmente eliminada, mas é possível afirmam que, felizmente, as coisas estão diferentes hoje em dia. Graças às mudanças sociais que também afetam o mercado de trabalho, o papel da liderança vem passando por uma desmistificação no que diz respeito à forma em que o mundo corporativo é estruturado.

Atualmente, os gestores buscam se despir da máscara de vilão ou super-herói, adotando uma postura mais acessível e humanizada. Desta forma, mesmo que cumpram a responsabilidade de liderar, fazem isso de maneira colaborativa, considerando as ideais ao seu redor, respeitando seus colaboradores e agindo com transparência.

Isso significa ter conversas sinceras, compartilhar informações e se mostrar aberto ao diálogo e novos conceitos. É claro que existem coisas que dizem respeito apenas aos gestores – como dados sensíveis de negócio, por exemplo –, mas a liderança transparente busca construir uma cultura coletiva em que as equipes são consultadas e não simplesmente comunicadas.

Ao abrir espaço para a troca de ideias, o relacionamento no trabalho é fortalecido, fazendo com que o corpo da empresa seja valorizado. Como resultado, surgem novos insights que podem fazer a diferença no dia a dia operacional, a sintonia das equipes se torna mais harmônica e as pessoas se sentem como peças importantes para o sucesso do negócio.

Nesse sentido, a retenção de talentos e a produtividade também são beneficiadas. De acordo com uma pesquisa feita pela Paychex, plataforma norte-americana de soluções financeiras para RH, 83% dos colaboradores se dizem satisfeitos com seus empregos quando percebem transparência na liderança, enquanto apenas 57% daqueles que trabalham com empregadores não transparentes afirmaram o mesmo.

Da mesma forma, 75% dos empregados de empresas transparentes responderam que continuariam em suas posições, mas somente 45% dos colaboradores de companhias sem transparência seguiriam um caminho igual.

Índice:

• A vulnerabilidade do líder
• O que se vê nas redes e o que acontece na prática
• Liderança transparente e vulnerável: por que isso importa?
  • Construção de confiança
  • Melhor comunicação
  • Sensação de pertencimento
  • Imagem organizacional elevada

A vulnerabilidade do líder

A transparência não está apenas relacionada à rotina de operações no escritório, mas também à própria vulnerabilidade do gestor.

Essa é uma palavra que pode assustar por ser tão erroneamente atribuída à fraqueza, mas a vulnerabilidade é uma característica de qualquer ser humano. Quando integrada à confiança e expertise de um líder, aumenta o entrosamento entre os colaboradores, a confiança, a qualidade das entregas e, consequentemente, os lucros.

As estatísticas são favoráveis a esse ponto de vista. Um levantamento feito pela Catalyst, ONG focada na equidade de gênero no âmbito profissional, aponta que as pessoas se dedicam mais ao trabalho quando seus gestores se mostram abertos e vulneráveis.

O problema, no entanto, é o comportamento da própria liderança: apenas 39% dos entrevistados disseram que seus líderes se abrem com frequência, e somente 24% enxergam manifestações de vulnerabilidade.

Algumas atitudes ajudam a exercitar a vulnerabilidade e a criar uma liderança mais amigável e autêntica:

• Reconheça seus erros
• Saiba pedir ajuda
• Saiba oferecer ajuda e dar orientações a quem precisa
• Questione suas decisões e opiniões
• Seja sincero sobre suas intenções e objetivos
• Tente criar conexões com os integrantes do seu time
• Reconheça os esforços e os resultados dos seus colaboradores

O que se vê nas redes e o que acontece na prática

A exposição nas redes é algo que 36% dos gestores consideram um elemento de pressão, conforme o Panorama da Liderança 2024, realizado pela Amcham (Câmara Americana de Comércio para o Brasil) e a empresa de inteligência de dados Humanizadas.

Mesmo assim, a presença digital é de extrema importância para ganhar credibilidade e espaço no mercado. Essa construção de imagem pode ser manipulada até certo ponto, mas cai por terra quando se olha mais de perto.

Qualquer pessoa pode publicar conteúdos sobre como ser um líder honesto e parceiro é prioridade em sua conduta, mas será que os posts na internet refletem a realidade?

É natural que os comportamentos mudem para se adequar a diferentes ambientes e situações, mas a essência deve ser a mesma – ainda mais em um aspecto tão relevante e delicado quanto liderar várias pessoas.

No final das contas, o que fica por trás da imagem de alguém em posição de liderança é o seu próprio fundamento como pessoa. 

Liderança transparente e vulnerável: por que isso importa?

Uma liderança baseada em transparência, autenticidade e vulnerabilidade – sem máscaras, sem atuações, sem joguinhos – pode trazer frutos que contribuem para o bem-estar da empresa. Veja a seguir.

Construção de confiança

Um estudo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos Estados Unidos, concluiu que a confiança é um instrumento determinante para o engajamento no trabalho. 

Colaboradores que confiam em seus gestores e nas empresas onde trabalham são 260% mais motivados, têm taxas de afastamento até 41% mais baixas e 50% menos chance de procurar outro emprego.

O nível dessas relações, porém, tende a ser mal interpretadas. A mesma pesquisa indica como os empregadores superestimam a confiança no ambiente de trabalho em cerca de 40%, causando problemas estruturais que prejudicam a força operacional e os resultados das empresas.

Melhor comunicação

No momento em que a liderança se comunica de forma aberta e honesta, toda a empresa é favorecida porque não há espaço para mal entendidos, rumores, inverdades e pânico generalizado.

Isso também é positivo para a relação entre os colaboradores. Quando o gestor os deixam confortáveis e livres para expor suas opiniões e criar laços uns com os outros, a troca de informações se torna mais fluida e produtiva.

Também é importante que o líder compartilhe seus conhecimentos e experiências para impulsionar as vivências das equipes – bem como mostrar-se disposto a escutar e considerar o que os outros têm a oferecer.

Sensação de pertencimento

A liderança transparente contribui para a sensação de pertencimento, já que as pessoas se sentem incluídas e importantes quando entendem o que está acontecendo, por que decisões estão sendo tomadas e como são aplicadas.

A inclusão é um instrumento valioso para empoderar os colaboradores e mantê-los sempre envolvidos.

Imagem organizacional elevada

Os líderes são pilares de qualquer negócio. Naturalmente, suas atitudes também afetam diretamente a imagem organizacional das empresas.

Considerando que a liderança transparente e vulnerável traz mais confiança, dedicação e comprometimento por parte dos colaboradores, é de se esperar que a satisfação com o trabalho também aumente.

Assim, pessoas satisfeitas são mais propícias a falar sobre seus locais de trabalho e a tecer elogios a seus amigos, famílias e seguidores nas redes sociais. Pode parecer pouca coisa, mas isso é um componente fundamental do Employee Advocacy, uma estratégia de marketing que transforma os colaboradores em verdadeiros defensores das empresas em que atuam.

Os resultados incluem atração de talentos, notoriedade e credibilidade na área de atuação e/ou no mercado de modo geral. 
 

Liderar com transparência e autenticidade é um processo contínuo. Que tal dar o próximo passo e transformar a cultura do seu time? Continue acompanhando o Acrescenta para ficar por dentro de dicas, tendências e novidades.