SXSW: como a IA está revolucionando a medicina moderna

Células virtuais, testes de medicamentos em cópias digitais de seres humanos e outras inovações para um futuro sem doenças

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Por SXSW 2025

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14 de Março de 2025

Leitura de 5 min

No SXSW 2025, acompanhamos muitas discussões sobre o futuro do trabalho, mas há também uma revolução paralela acontecendo na área da saúde. Se a inteligência artificial está transformando a forma como trabalhamos, ela também está redesenhando como prevenimos, diagnosticamos e tratamos doenças. E foi esse o ponto central da palestra "A Future Without Disease", conduzida pela Dra. Priscilla Chan, médica e cofundadora da Chan Zuckerberg Initiative, e Emily Chang, apresentadora da Bloomberg.

A ideia é ambiciosa: e se pudéssemos construir um modelo virtual de célula humana capaz de prever doenças antes mesmo de elas surgirem? E se conseguíssemos acelerar a descoberta de tratamentos e tornar a medicina verdadeiramente personalizada? A resposta para isso está na IA – e, segundo a Dra. Chan, essa revolução já começou.

Índice:

O modelo de célula virtual: a nova fronteira da biomedicina

A ciência sempre avançou a partir de grandes marcos tecnológicos. O microscópio nos permitiu ver micro-organismos pela primeira vez, os raios X nos ajudaram a enxergar o corpo humano internamente e o sequenciamento do DNA nos deu o mapa genético da vida. Agora, estamos prestes a entrar na era das células virtuais.

A proposta da Chan Zuckerberg Initiative é usar modelos de IA generativa para criar uma simulação digital detalhada do funcionamento celular humano. Essa inovação pode permitir que cientistas analisem, em escala inédita, como as células reagem a doenças e tratamentos.

"Se conseguirmos construir um modelo preciso de células humanas, podemos antecipar problemas antes mesmo de eles surgirem no corpo", afirmou a doutora. Isso significa um passo revolucionário na medicina: sair da lógica do tratamento para a lógica da prevenção e da personalização.

A IA na descoberta de medicamentos: do laboratório para os algoritmos

Hoje, o processo de desenvolvimento de um medicamento pode levar décadas e consumir bilhões de dólares. Muitas drogas falham porque seus efeitos colaterais só são descobertos tardiamente, ou porque o impacto em certos tipos de organismos não é bem compreendido.

Com o modelo de célula virtual, esse processo pode ser acelerado drasticamente. Em vez de testar manualmente cada composto em laboratório, os cientistas podem realizar milhões de testes em ambiente digital, filtrando as melhores opções antes mesmo de iniciar os ensaios clínicos.

"Com a IA, conseguimos comprimir anos de pesquisa em dias", afirmou a médica. A expectativa é que essa abordagem reduza custos, aumente a precisão dos tratamentos e amplie a descoberta de medicamentos para doenças raras, cujas populações são pequenas demais para justificar investimentos bilionários pelos métodos tradicionais.

O sistema imunológico como nossa melhor defesa – aprimorado por IA

Para a Dra. Chen, o remédio mais poderoso que possuímos não vem da indústria farmacêutica, mas do nosso próprio corpo: o sistema imunológico. O problema é que muitas doenças, como o câncer, conseguem "enganar" nossas defesas naturais, se escondendo do ataque imunológico.

Aqui, entra mais uma aplicação da IA: engenharia celular baseada em aprendizado de máquina. A ideia é criar células imunes "treinadas" para identificar e eliminar ameaças específicas antes que a doença se manifeste.

"Podemos usar modelos generativos para projetar células que detectem sinais de tumores antes que eles se espalhem", explicou a doutora para uma das maiores plateias do sexto dia de evento. Em outras palavras, a IA pode nos ajudar a desenvolver uma versão otimizada e aprimorada do nosso próprio sistema de defesa biológica.

Medicina verdadeiramente personalizada: o que isso significa na prática?

Hoje, o tratamento de doenças segue um modelo padronizado. Médicos prescrevem medicamentos com base no que funciona para a maioria dos pacientes – mas ignorando variações individuais que podem ser decisivas.

Nossa palestrante deu o exemplo da depressão. Atualmente, pacientes recebem antidepressivos por tentativa e erro: se um medicamento não funcionar, eles testam outro após semanas ou meses de sofrimento. "Mas e se, com base no nosso DNA e nas particularidades do nosso organismo, soubéssemos desde o início qual medicamento funcionaria melhor e quais efeitos colaterais poderíamos esperar?", questionou.

Com a IA aplicada à biomedicina, essa realidade está mais próxima do que nunca. A personalização do tratamento deixará de ser um luxo e se tornará um novo padrão de qualidade na saúde.

A tecnologia a serviço da ciência: desafios e oportunidades

Por mais promissoras que sejam essas aplicações, a médica reconhece que a IA não substituirá os experimentos laboratoriais. Modelos preditivos ainda podem falhar, e a transição da teoria para a prática requer cautela e validação rigorosa.

Outro grande desafio é a falta de dados suficientes para alimentar esses modelos. Biologia não é como linguagem: enquanto a IA tem acesso a bilhões de textos para treinar modelos de linguagem natural, o volume de dados biomédicos disponíveis ainda é muito pequeno. "Precisamos gerar e compartilhar mais dados para que esses modelos realmente atinjam seu potencial", afirmou ela.

Além disso, há um fator humano essencial: a confiança da população em compartilhar seus dados para pesquisa. Se queremos que a IA transforme a saúde, precisamos incentivar a participação em estudos e melhorar a transparência na forma como essas informações são usadas.

O futuro da saúde e do trabalho andam juntos

Nessa quarta-feira aqui em Austin, uma coisa ficou clara: não existe futuro do trabalho sem o futuro da saúde. À medida que a IA redefine indústrias, ela também muda a forma como lidamos com o bem-estar, a longevidade e a produtividade.

Para as empresas, essa revolução significa novas oportunidades para cuidar melhor de seus colaboradores. Se tratamentos forem mais precisos, doenças puderem ser prevenidas e a medicina personalizada se tornar acessível, teremos uma força de trabalho mais saudável e produtiva. E, claro, mais otimismo sobre o futuro humano.

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