Inteligência emocional e Reputação interna: A base da liderança que se destaca

O poder na influência cerebral nas decisões corporativas
11 de Agosto de 2025
Leitura de 5 min
Storytelling é a habilidade de contar histórias. Seja nos filmes, na música, na literatura ou até na publicidade, histórias são contadas para cativar seus respectivos públicos e atingir diferentes objetivos— salas de cinema lotadas, streamings, venda de livros e compra de produtos ou serviços.
O neurostorytelling, por sua vez, é a aplicação de neurociência na contação de histórias. A partir de narrativas distintas, o cérebro é estimulado para que as pessoas se conectem emocionalmente com o que ouvem e veem, promovendo tomadas de decisões favoráveis ao narrador.
É importante mencionar que o storytelling não significa, necessariamente, contar histórias fictícias. Ainda que esse seja um ótimo recurso, essa habilidade pode englobar diversas frentes, como argumentações de negócios, comunicados internos ou externos e pitch para a alta gestão.
Índice:
Dependendo dos elementos utilizados, as histórias ativam várias partes do cérebro, como os córtices auditivo, visual, olfativo e motor, o cerebelo e as áreas de Wernicke e Broca — responsáveis pela compreensão de linguagem e produção da fala, respectivamente.
A ativação coletiva dessas regiões cerebrais provocam uma série de reações neuroquímicas que fortalecem a conexão emocional e a retenção da mensagem.
Especialistas afirmam que histórias ajudam as pessoas a prestar atenção porque, naturalmente, o cérebro é receptivo de narrativas. É por isso que professores do ensino infantil, por exemplo, ensinam as crianças por meio de historinhas, já que esse é um meio eficiente de garantir mais foco e absorção de conhecimento.
De acordo com o NeuroLeadership Institute, diante da exposição de uma história, os neurônios dos ouvintes funcionam de forma sincronizada ao do orador, resultando em um processo chamado acoplamento neural. Isso acontece em diferentes áreas cerebrais, possibilitando a indução de modelos contextuais compartilhados de acordo com cada situação.
Os córtices motor e sensorial, bem como o córtex frontal, são estimulados durante a criação e processamento de uma história. Essas redes são nutridas e solidificadas por sentimentos de antecipação pela resolução da história — todos provocados pela dopamina, o neurotransmissor responsável pelo humor e cognição.
Pelo mesmo motivo, eventos e histórias que mexem com as emoções são memorizadas com mais facilidade e riqueza de detalhes. Consequentemente, as pessoas tendem a tomar decisões baseadas nessas experiências.
Capturar a atenção e as emoções das pessoas não é uma tarefa fácil, mas algumas práticas podem tornar o neurostorytelling mais viável e com maiores chances de sucesso.
A história deve ser relacionável ao público que irá consumi-la. No meio corporativo, uma apresentação deve tomar formas diferentes quando é exibida aos colaboradores e aos executivos porque cada grupo tem suas próprias urgências e percepções, das quais se baseiam conforme cada realidade.
Em outras palavras, é preciso falar a língua de quem ouve. Isso envolve tom de voz, linguagem, desafios, ambições, necessidades e preferências.
A Jornada do Herói é um modelo de storytelling que descreve o desenvolvimento da aventura de um protagonista.
Essa estratégia é amplamente utilizada na mídia — em grandes histórias como Star Wars e Superman — e até no meio corporativo, com alterações e adaptações compatíveis a cada situação.
A Jornada do Herói é composta por 12 etapas:
Use recursos capazes de estimular os sentidos (visão, audição, olfato, tato e paladar) para criar uma conexão maior com os receptores.
Fotos, vídeos, sons, músicas, texturas, cheiros e até sabores são ótimos recursos complementares em apresentações e negociações decisivas.
Elementos surpresa captam a atenção, fixam na memória e ativam o sistema de recompensa do cérebro humano.
Reviravoltas e informações inesperadas deixam os receptores interessados e aumentam a retenção da mensagem.
Dados não apenas fortalecem um argumento, mas também conduzem a narrativa para o ponto desejado do narrador.
Em uma situação hipotética, um gestor de RH quer implementar uma ferramenta que deve otimizar a rotina de toda a empresa, resultando em redução de erros, diminuição da carga de trabalho e economia de tempo e dinheiro.
A implementação da tal ferramenta custa R$ 50.000. A insatisfação da alta liderança com o valor é o fruto do bloqueio para a efetivação da mudança.
Para convencê-los a liberar a transação, o gestor de RH apresenta dados que justificam o investimento. De acordo com suas projeções, a redução de gastos promovida pela ferramenta geraria uma economia de R$ 15.000 por mês. Em seis meses, a empresa pouparia R$ 90.000. Em um ano, R$ 180.000.
Além de estimular o lado racional, os dados também afetam as emoções. Nessa situação específica, é de se esperar que os executivos se sintam, pelo menos, empolgados com a expectativa de economizar um montante tão significativo em pouco tempo. Naturalmente, as chances para a liberação da ferramenta se tornam muito maiores.
Assim, atrelados aos outros métodos de neurostorytelling, os dados ajudam a compor uma narrativa com grande potencial de conexão e convencimento.





