Como virar o jogo do estresse no trabalho?

Diante do crescimento do burnout, as empresas devem agir para apoiar seus colaboradores e os próprios negócios.

9 de Maio de 2025

Leitura de 6 min

Incluído na 11ª Revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-11) como um fenômeno ocupacional, o burnout não é considerado uma condição de saúde, mas “fatores que influenciam o estado de saúde ou o contato com os serviços de saúde”. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), a síndrome é o resultado do estresse crônico no local de trabalho que não foi bem gerenciado. 

burnout é um velho conhecido do universo corporativo, mas se tornou muito mais predominante a partir da pandemia. Em 2019, antes da crise sanitária, o Brasil registrou 178 afastamentos causados pela síndrome. Já em 2023, os casos subiram para 421, um aumento de 136%.

Dados da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt) mostram que cerca de 30% dos trabalhadores brasileiros sofrem com o burnout. Atualmente, o Brasil é o segundo país no ranking mundial, perdendo apenas para o Japão, como mostram informações da ISMA-BR, divisão nacional da organização norte-americana Stress Management Association.

O mercado de trabalho também vem sentindo o baque de outros problemas psicológicos, como ansiedade e depressão. Segundo o Ministério da Previdência Social, 472.328 licenças médicas foram concedidas apenas em 2024, representando uma alta de 68% em comparação a 2023.

Diante desses números, observa-se uma crise de saúde mental intensamente relacionado às atividades profissionais. Para garantir o bem-estar dos colaboradores e não ter seus negócios prejudicados, as empresas devem tomar medidas para reverter esse cenário.

Índice:

Quais são os sintomas do burnout?

burnout se manifesta de diversas maneiras. Colaboradores e gestores devem ficar atentos para os seguintes sinais:

  • Exaustão
  • Distanciamento mental, negativismo ou cinismo em relação ao trabalho
  • Desmotivação
  • Falta de produtividade
  • Dificuldade de concentração
  • Irritabilidade
  • Isolamento social
  • Baixa autoestima
  • Sensação de derrota
  • Problemas de memorização

Com o agravamento dos sintomas emocionais e psicológicos, é possível que a pessoa desenvolva ansiedade, depressão, síndrome do pânico, entre outros distúrbios mentais.

Indícios físicos também podem ser notados, incluindo falta de apetite, insônia, fraqueza, dores de cabeça, rigidez muscular e baixa imunidade.

Ao longo do tempo, quando não há tratamento adequado, as consequências ficam mais graves, aumentando o risco da piora ou do desenvolvimento de hipertensão, obesidade, doenças cardiovasculares, diabetes, etc.

O que explica o burnout?

O burnout é causado pelo excesso e tensão no trabalho, mas alguns fatores ajudam a explicam o aumento de casos, como aponta uma reportagem feita pela BBC Brasil:

  • Mais pressão, estresse e cobrança no ambiente de trabalho
  • Maior entendimento da população sobre transtornos relacionados ao trabalho, especialmente a partir do reconhecimento do burnout como doença ocupacional pela OMS
  • Diagnósticos imprecisos que confundem a identificação do burnout com outros distúrbios psicológicos relacionados à atuação profissional

Nesse sentido, vale ressaltar que nem todos os casos de esgotamento motivados pelo trabalho são diagnosticados. As únicas estatísticas oficiais do Brasil sobre o burnout são registradas e contabilizadas pelo Ministério da Previdência Social, que verifica apenas os afastamentos com mais de 15 dias.

Medidas de contenção nas empresas

Como o burnout é um problema gerado no ambiente de trabalho, as empresas têm papel fundamental nas medidas de contenção da síndrome – ainda mais considerando as consequências no escritório, como queda de rendimentocomunicação comprometidaredução de entregas e lucros, etc.

Jornadas de trabalho justas e flexíveis

Longas jornadas de trabalho são grandes vilãs para a saúde mental. Incentivar horas justas e flexíveis é uma boa maneira de evitar colaboradores sobrecarregados. 

Nessa lógica, também é importante estabelecer limites claros entre vida profissional e pessoal. Responder e-mails depois do expediente ou trabalhar nos finais de semana e feriados – momentos reservados para o descanso – são práticas que devem ser desencorajadas.

Abordagem do problema

burnout não deixa de existir se a empresa não fala sobre ele. Isso, aliás, pode agravar o problema, já que a negligência permite que a crise se instale mais profundamente.

A saúde pode e deve ser abordada pelo RH e pelos gestores, seja em reuniões coletivas e privadas ou eventos e programas relacionados ao bem-estar mental e emocional.

Comunicação não violenta

O tratamento direcionado às pessoas pode ter sérias consequências. Críticas agressivas, julgamentos, piadas ofensivas e a falta de reconhecimento e elogios por bom desempenho são elementos que podem pavimentar a estrada até o burnout e/ou outras questões psicológicas.

É imprescindível que a cultura de comunicação não violenta seja cultivada nas empresas para que os relacionamentos interpessoais sejam baseados em respeito e humanização – mesmo quando o teor da conversa não for necessariamente agradável.

Incentivo e benefícios relacionados a bem-estar

Os líderes devem incentivar suas equipes a investir em momentos de lazer e relaxamento que contribuam para o bem-estar. Seja um almoço com o time ou um happy hour na sexta-feira, pequenos hábitos são capazes de fazer uma enorme diferença.

A empresa também pode oferecer benefícios que contribuam com o bem-estar dos colaboradores, como plano de saúde, assistência psicológica, descontos e convênio com academias, vale-cultura, entre outros.

Reconhecimento e recompensas

Ter seus esforços reconhecidos é um combustível e tanto para qualquer pessoa. Assim como feedbacks negativos são fundamentais para a melhoria de processos e conduta, os retornos positivos servem para motivar o colaborador a manter e melhorar a qualidade de suas atividades.

Outra forma de estimular, engajar e animar as equipes é trabalhando com o sistema de recompensas pelo bom desempenho e conquista de metas. Comissões, bônus, premiações e PLR (Participação nos Lucros) são bons métodos.

Treinamento adequado

A educação é a melhor forma de resolver problemas. Ao oferecer treinamentos aos gestores e colaboradores sobre problemas de saúde mental referentes ao trabalho, a empresa fomenta uma atmosfera receptiva e responsável.

Dessa forma, as pessoas ficarão mais preparadas para reconhecer limites, construir relações baseadas em respeito e empatia, identificar sintomas e encontrar soluções adequadas para cada caso.

Apoio aos colaboradores vítimas do burnout

Às vezes, não é possível prevenir o burnout. Quando um colaborador é diagnosticado com a síndrome, a empresa deve tomar algumas atitudes.

Além de suas obrigações legais relativas aos direitos dos trabalhadores, os líderes e a área de Gente e Gestão podem incentivar o tratamento psicológicoflexibilizar tarefas e horáriosadotar uma postura empática e, se for o caso de retorno, acolhê-lo gradativamente de volta ao trabalho.

 

O cuidado com a saúde mental não é apenas uma responsabilidade individual – é também uma estratégia inteligente para empresas que querem crescer de forma sustentável. Se você quer saber mais sobre como promover ambientes de trabalho mais saudáveis e produtivos, o Acrescenta é para você. Confira nossos conteúdos e inspire-se a construir um futuro melhor para você e para o seu time!

Gente e gestão

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