Liderança baseada em confiança, delegação e responsabilização

Como desenvolver os colaboradores em ambientes de estresse e insegurança?
Conselheiro de Empresas com mais de 37 anos de experiência em Gestão de Recursos Humanos em empresas multinacionais e nacionais, foi Conselheiro da Associação Brasileira de RH (ABRH-SP) e presidente no período de 2019 a 2021.
13 de Março de 2025
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Recentemente escrevi um texto para o Acrescenta sobre liderança baseada em confiança e comentei que o que para mim melhor define liderança é possibilitar o desenvolvimento das pessoas. Mas como é possível que as pessoas se desenvolvam em um ambiente tóxico, marcado por estresse excessivo, insegurança e desmotivação?
A liderança desempenha um papel fundamental na saúde mental dos colaboradores e na construção de um clima organizacional positivo. São os líderes que promovem um ambiente de trabalho saudável, baseado na empatia, no respeito e na comunicação transparente, que contribuem significativamente para o bem-estar de suas equipes. Quando os colaboradores se sentem valorizados, apoiados e têm segurança psicológica para expressar suas ideias e preocupações, o engajamento e a produtividade aumentam consideravelmente.
Os líderes só serão capazes de criar ambientes saudáveis e promover o desenvolvimento dos seus times se forem pessoas bem resolvidas, seguras e que priorizem o equilíbrio emocional. E tudo começa pelo autoconhecimento. Felizmente, já faz alguns anos que o preconceito da necessidade do apoio emocional por meio da terapia foi superado. Muitos ignoravam a importância de dedicar tempo com auxílio de um profissional para se conhecer melhor, entender a origem das inseguranças, dos medos, das angústias e outros sentimentos limitantes que quase sempre criavam pessoas arrogantes, pais e mães severos e pouco amorosos e líderes autoritários. Tudo isso junto, ou um extrato igualmente danoso destes sentimentos.
Eu mesmo demorei a descobrir o real valor da terapia para meu autoconhecimento. Por insistência de minha esposa, psicóloga e psicanalista, agendei as primeiras consultas com uma psicóloga. Apesar de um pouco desconfortável em me abrir no início, graças à competência da minha psicóloga Malu, essa super profissional que soube respeitar meu ritmo e ao mesmo tempo estimular auto-reflexões, comecei a descobrir as razões das minhas limitações. Hoje, tenho certeza que melhorei como marido, pai, profissional e cidadão. É uma longa jornada que exige coragem e determinação, mas eu recomendo fortemente, caro amigo e amiga, que hoje ocupam posições de liderança: não deixem de fazer terapia e busquem com determinação seu autoconhecimento. Essa é a primeira etapa para que você desenvolva um bom repertório e consiga construir um ambiente que verdadeiramente propicie o desenvolvimento das pessoas.
Outra descoberta que me ajudou muito foi começar a me abrir mais no ambiente profissional. Passei a falar mais da minha família, dos problemas e das alegrias. Senti que naturalmente os meus colegas também se sentiam mais à vontade para falar comigo sobre suas próprias situações. Isso propiciou uma conexão emocional muito poderosa e fez com que eu conseguisse lidar melhor com as minhas próprias emoções e a dos outros. Essa conexão emocional cria um fantástico engajamento, pois deixa claro para as pessoas ao redor que, você como líder, preocupa-se genuinamente com cada um dos seus liderados e com suas particularidades enquanto pessoa.
Outra dica bastante prática que me ajudou e que gostaria de compartilhar foi convidar as pessoas do meu time para frequentarem a minha casa. Sugiro que você organize um evento e ofereça sua casa para recebê-los. Quando estiverem por lá, eles conhecerão seu gosto, seus hábitos e costumes, elementos poderosos para fortalecer a conexão emocional.
Eu não tenho dúvidas que ações como essas ajudam a criar um ambiente saudável, que impulsiona a inovação, a colaboração e o comprometimento dos colaboradores, fatores essenciais para o crescimento sustentável da empresa. Quando os profissionais estão emocionalmente bem e satisfeitos com seu ambiente de trabalho, a qualidade do serviço prestado melhora, fortalecendo a reputação da organização e aumentando sua competitividade no mercado.
Do ponto de vista financeiro, investir em uma liderança humanizada e em programas de bem-estar organizacional gera retornos significativos. Empresas onde trabalhei e que cultivavam um ambiente positivo tinham custos menores com processos de recrutamento e seleção, minimizam gastos com afastamentos e tratamentos de saúde e, sobretudo, aumentavam sua eficiência operacional.
Portanto, a liderança não é apenas um fator determinante para o bem-estar dos colaboradores, mas também um pilar estratégico para a sustentabilidade e lucratividade das empresas. Investir na capacitação de líderes para ampliarem seu autoconhecimento, atuarem com inteligência emocional e gestão humanizada não é apenas uma escolha ética, mas uma decisão de negócios que garante melhores resultados a longo prazo.