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Especializada em cidades inteligentes, Eppo percebeu um alto volume de funcionárias sendo desligadas após voltarem de licença-maternidade
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16 de Outubro de 2025
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Em 2021, a Eppo, que atua no segmento de engenharia ambiental, percebeu um alto volume de funcionárias demitidas após voltarem de licença-maternidade. Durante as entrevistas de desligamento, frequentemente, a própria licença e o tempo em que elas ficaram afastadas do cargo eram citados como justificativas.
A realidade da empresa naquela época não estava distante do mercado de trabalho brasileiro como um todo. Segundo dados da Fundação Getulio Vargas, quase metade das mulheres que tiram a licença-maternidade não permanece em seus trabalhos um ano após utilizarem o benefício.
No caso da Eppo, os desligamentos ainda reforçavam a desigualdade de gênero na demografia interna da companhia, que era de 24,5% de mulheres e 75% de homens.
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“Ao levantar esses dados, entendemos que era necessário escutar as mulheres da organização e enviamos uma pesquisa perguntando o que deveríamos fazer para melhorar esse indicador”, conta Talita Agudinho, especialista em Desenvolvimento Humano e Organizacional da empresa.
Após essas conversas, foi criada uma equipe multidisciplinar composta por profissionais das áreas de Serviço Social, Saúde, Tecnologia da Informação, Desenvolvimento Humano e Operações. Com as contribuições desse time, foi desenvolvido o projeto “Carreira e Mamadeira”.
O programa é uma ação de apoio para mães, pais, adotantes e pessoas grávidas que os acompanha desde a primeira notícia da gravidez ou adoção até depois da chegada da criança. Um de seus pilares é responder aos anseios desses colaboradores em relação à carreira e à tomada de decisão de aumentar a família.
A primeira etapa do programa é no ambulatório médico e acontece logo após a pessoa funcionária descobrir a gravidez ou dar início ao processo de adoção. A partir daí, o projeto é dividido em quatro trilhas, cada uma buscando sanar uma gama de necessidades distintas.
A Trilha de Acolhimento Pré-Natal é a responsável pela saúde de mães, pais e gestantes. Nesta etapa, a pessoa tem orientações sobre alimentação, exercício, exames, os tipos de parto, a saúde do bebê e da mãe, puerpério, entre outros temas.
Logo em seguida, vem a Trilha de Desenvolvimento Chá de Camomila, que dá suporte ao desenvolvimento de carreira de gestantes e mães que irão adotar, uma vez que esse grupo é, historicamente, o que tem as suas trajetórias mais prejudicadas pelos estigmas e pela falta de preparo do mercado de trabalho.
Na área de direitos trabalhistas, foi criada a Trilha de Atendimento Cegonha, em que mães e pais recebem informações sobre o que lhes é garantido pelas leis e dicas sobre os procedimentos burocráticos que terão que realizar.
Por fim, a Trilha da Chegada do Recém-Nascido acontece após o parto ou adoção e consiste na visita de um assistente social à casa dos pais e mães para orientar sobre o acompanhamento psicológico oferecido pela empresa e monitorar a fase de puerpério das gestantes.
Desde 2021, quando o projeto foi implementado, ele precisou passar por ajustes em relação à desburocratização interna, com o intuito de facilitar a adesão dos funcionários.
Outra mudança foi a adição de palestras e comunicações para toda a companhia, mesmo para quem não é mãe ou pai, para que houvesse a sensibilização das pessoas. Isso aconteceu porque, para o programa funcionar efetivamente, é preciso que todos estejam na mesma página.
“Em uma dessas iniciativas, tivemos uma palestra sobre filhos por adoção, e houve muitos retornos sobre o quanto esse tema era desconhecido e que, de fato, é muito mais profundo do que imaginam”, conta Rafael Salvador, supervisor de tecnologia de informação na Eppo.
Até abril de 2023, 31 colaboradores já tinham passado pelo programa, sendo 21 mães e 10 pais.
Com essa amostragem, a Eppo percebeu que o projeto estava sendo eficaz para evitar demissões de pessoas que voltam de licença-maternidade e paternidade. Dentre essas pessoas, apenas uma foi demitida. A retenção de mães e pais até seis meses após o retorno da licença tem sido de 94%.
Um grave incidente moldou parte dos objetivos do programa: uma das funcionárias da organização cometeu suicídio durante o puerpério. Com isso, o projeto passou a se concentrar também em entender como dar suporte às mães e às famílias em situação de vulnerabilidade social.
Conteúdo publicado originalmente na Think Work Lab em 28 de abril de 2023 com o título “Projeto da Eppo visa aumentar retenção de recém pais e mães”. Atualizado em 13 de agosto de 2025 para o Acrescenta, do iFood Benefícios.