SXSW: Como terapias inovadoras podem revolucionar os benefícios corporativos

No SXSW 2025, um painel inovador reuniu especialistas como Sherry Rais, CEO e cofundadora da Enthea; Lee Lewis, Chief Strategy Officer da Health Transformation Alliance; Kat Thompson, CEO e fundadora da Fractal Soul; e Candace Jodice, ex-responsável pelos benefícios da CVS, para discutir os psicodélicos como o próximo benefício para colaboradores. 

A conversa destacou como as condições de saúde mental não tratadas representam um custo anual de $3.7 trilhões para os empregadores dos EUA e como tratamentos inovadores, como as terapias assistidas por psicodélicos, podem ser a chave para enfrentar esse problema crescente nas empresas.

Índice:

• O impacto da saúde mental nas empresas
• O custo crescente da saúde no contexto das doenças crônicas
• Indústrias mais afetadas pelos desafios de saúde mental
• O papel das terapias inovadoras
• Desafios e oportunidades no Brasil
• O futuro dos benefícios de saúde mental nas empresas
• O futuro da saúde mental corporativa

O impacto da saúde mental nas empresas

Esses números não são apenas alarmantes, mas evidenciam o quão essencial é para as empresas priorizar a saúde mental de seus colaboradores. Nos Estados Unidos, 10% dos empregados representam 70% dos custos totais com saúde, sendo que uma grande parte desses custos está associada a condições de saúde mental não tratadas. As empresas enfrentam um gap de produtividade, com colaboradores com depressão apresentando 35% menos produtividade e perdendo até 31,4 dias de trabalho por ano devido à saúde mental negligenciada. Além disso, estima-se que 70% das ausências por licença médica sejam, na verdade, causadas por condições de saúde mental não reconhecidas nem tratadas adequadamente.

O burnout se tornou a principal razão para que 68% dos Millennials e 81% da Geração Z deixassem seus empregos, refletindo a crescente pressão sobre a saúde mental desses grupos. Isso demonstra que a produtividade não pode ser sustentada a longo prazo sem um suporte adequado à saúde mental dos colaboradores.

O custo crescente da saúde no contexto das doenças crônicas

A falta de tratamento adequado para condições de saúde mental agrava os custos com doenças crônicas. Nos EUA, tratar uma condição crônica com uma doença mental subjacente pode ser até três vezes mais caro. Isso torna a situação ainda mais urgente para empresas que buscam maneiras de reduzir custos, ao mesmo tempo em que oferecem benefícios de saúde eficazes aos seus colaboradores.

Indústrias mais afetadas pelos desafios de saúde mental

Algumas indústrias estão enfrentando desafios ainda mais profundos em relação à saúde mental. O setor de construção, por exemplo, possui a maior taxa de suicídios, enquanto profissionais de saúde lidam com taxas de TEPT (Transtorno de Estresse Pós-Traumático) seis vezes mais altas do que a média nacional. Além disso, a indústria de hospitalidade apresenta as maiores taxas de abuso de substâncias, e o setor artístico e de entretenimento sofre com níveis de ansiedade dez vezes mais elevados do que a média.

O papel das terapias inovadoras

Nesse contexto, tratamentos inovadores como a terapia assistida por psicodélicos estão ganhando espaço como alternativas mais eficazes. A terapia assistida por cetamina tem mostrado uma taxa de resposta de 70% para depressão resistente ao tratamento, enquanto terapias com MDMA e psilocibina demonstraram ser quatro vezes mais eficazes que os antidepressivos convencionais, oferecendo alívio mais rápido e com menos efeitos colaterais.

No entanto, a adoção dessas terapias pelas empresas ainda esbarra em alguns obstáculos. Empregadores grandes, por exemplo, costumam ser avessos ao risco e hesitam em incluir tratamentos alternativos nos planos de saúde. No entanto, essa resistência pode ser uma oportunidade. Lee Lewis ressaltou que “empregadores grandes, ao oferecerem benefícios de saúde, podem escolher os tratamentos cobertos, o que abre espaço para a inclusão de alternativas inovadoras, como as terapias com psicodélicos”.

Desafios e oportunidades no Brasil

Embora nos Estados Unidos o debate sobre o uso de psicodélicos como benefício de saúde esteja ganhando espaço, o Brasil ainda enfrenta um contexto cultural e legal mais desafiador. O uso de substâncias psicodélicas no país é visto com muitos estigmas. No entanto, existem exemplos de tratamentos legais, como o uso de ayahuasca, que já é utilizada para fins terapêuticos. Além disso, estudos científicos brasileiros sobre o uso de substâncias como a psilocibina para tratar condições como depressão e ansiedade têm mostrado resultados promissores.

A mídia pode desempenhar um papel crucial aqui, trazendo à tona discussões sobre o uso de psicodélicos de maneira mais instrutiva, compartilhando histórias de sucesso e destacando a eficácia desses tratamentos. “Se for seguro, podemos tornar isso mais acessível para mais pessoas", afirmou Sherry Rais.

O futuro dos benefícios de saúde mental nas empresas

Ao considerar tratamentos alternativos como parte dos benefícios para colaboradores, as empresas podem não só oferecer cuidados mais eficazes, mas também garantir uma maior retenção de talentos e um ambiente de trabalho mais saudável. Candace Jodice destacou que os empregadores querem oferecer o melhor para seus colaboradores, mas precisam justificar os custos e demonstrar o impacto positivo dos novos benefícios na retenção e produtividade.

O cenário atual exige que as empresas reconsiderem suas abordagens sobre saúde mental, indo além dos métodos que já conhecemos. Iniciativas como as da Fractal Soul, de Kat Thompson, e Enthea, de Sherry Rais, estão abrindo caminho para que esses tratamentos inovadores se tornem parte das políticas de saúde mental corporativas.

O futuro da saúde mental corporativa

O tema da saúde mental continua sendo um dos maiores desafios para as empresas e para o futuro do trabalho. No terceiro dia do SXSW, vimos discussões sobre novas formas de cuidar da saúde mental dos colaboradores, e como a adoção de benefícios inovadores como a terapia psicodélica pode ser uma solução transformadora. Por aqui, a tendência é que empresas que abraçam essas novas abordagens podem não apenas melhorar a qualidade de vida de seus colaboradores, mas também criar um ambiente de trabalho mais produtivo, saudável e inovador, com impacto direto na retenção e no bem-estar organizacional.

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