Saúde mental no trabalho: como as empresas podem ajudar

Saiba como a saúde mental de seus colaboradores impacta sua corporação

12 de Novembro de 2024

Leitura de 13 min

Segundo pesquisa publicada na revista The Lancet Psychiatr, os transtornos mentais custam cerca de 1 trilhão de dólares por ano para a economia das empresas ao redor do mundo. Garantir a saúde mental no trabalho é essencial, pois colaboradores com tais problemas produzem menos, faltam mais e atrapalham a produção.

A desmotivação e a dificuldade para resolver conflitos pessoais são apenas algumas das problemáticas comuns vividas pela nossa geração, considerada uma das mais estressadas da história e, comprovadamente, a que mais sofre com transtornos psicológicos.

Afinal, a correria com trabalho, estudos, relacionamentos e lazer muitas vezes se torna um verdadeiro gerador de ansiedade, fator de influência direta para os resultados negativos nas organizações. 

Pensando nisso, criamos um conteúdo completo com tudo o que você precisa saber sobre saúde mental no trabalho. Desse modo, você entenderá o porquê é tão importante cultivar um ambiente profissional adequado para os seus colaboradores.

Índice:

O que é saúde mental no trabalho?

Chamamos de saúde mental no trabalho o estado psicológico do colaborador enquanto exerce as suas funções profissionais ao usar suas práticas e habilidades diárias para contribuição com a equipe.

Ou seja, o equilíbrio de seus pensamentos, sentimentos e sensações dentro do ambiente de trabalho, principalmente considerando fatores internos da empresa e a sua influência na performance do funcionário. 

Segundo a pesquisa da OMS, citada anteriormente, cerca de 264 milhões de pessoas sofrem com transtornos depressivos e apontam o trabalho como uma das principais causas para isso.

Nesse cenário, torna-se evidente não apenas a importância das empresas oferecem um ambiente de trabalho saudável, mas também de promoverem políticas para que não se tornem agentes causadores de problemas para seus funcionários. 

O papel das empresas na saúde mental de seus colaboradores

Segundo o censo realizado pelo IBGE no ano de 2018, apenas no Brasil existem cerca de 93,6 milhões de pessoas empregadas em regime CLT. Isto é, quase 100 milhões de pessoas trabalham na modalidade regular, passando cerca de 9 horas de seus dias dentro do ambiente corporativo.

Considerando, também, os períodos de locomoção, podemos dizer que uma boa parcela da população brasileira passa a maior parte do dia na sua rotina no trabalho. 

Seja em funções administrativas ou voltadas para a área operacional, são milhões de colaboradores focados em seus cargos e vivenciando diariamente os dilemas e conflitos do ramo empresarial. 

Portanto, evidente que o papel das organizações na vida de seus funcionários é eminente e a saúde mental no trabalho entra nesse contexto. 

Como parte integrante de seus dia, torna-se obrigatoriedade dos líderes, gestores e da equipe de RH providenciar a seus colaboradores um ambiente saudável, no qual as funções de trabalho possam ser realizadas com dignidade, bom senso e os funcionários se sintam motivados.

Dados sobre saúde mental no Brasil

Nas últimas décadas, a saúde mental no trabalho teve uma queda bastante significativa. De acordo com as últimas informações divulgadas pela OMS, o Brasil lidera o ranking de países mais ansiosos do mundo, tendo 9,3% de sua população afetada pela doença.

Os dados também apontam o Brasil como o quinto maior em número de diagnósticos de depressão. Além disso, considerando os demais tipos de transtornos mentais, cerca de 86% dos brasileiros enfrentam ou enfrentarão alguma desordem psicológica ou mental. Nas Américas, a ansiedade e depressão representam um terço dos afastamentos no trabalho.

Conforme os alertas da Organização Mundial da Saúde, estima-se que um a cada quatro indivíduos poderá desenvolver, em qualquer momento da vida, um tipo de sofrimento mental. Ainda, a depressão, a ansiedade ou a síndrome do pânico afetam, afetaram ou afetarão cerca de 20% da população brasileira.

Sendo assim, compete às organizações reconhecerem seu papel na saúde mental no trabalho e a incumbência de estabelecer medidas para preservação dos colaboradores, a fim de minimizar tais ocorrências ou, ainda, evitar que eles não recebam suporte adequado.

Doenças mentais relacionadas ao trabalho

Existem inúmeras ocasiões que podem contribuir para o desenvolvimento de transtornos no ambiente de trabalho. Abaixo, confira os principais:

Depressão

Dentre os transtornos mentais mais comuns no ambiente de trabalho destaca-se a depressão. Segundo dados da OMS, temos 5,8% da população com a doença. Assim, considerando o número de afastamentos no trabalho decorrentes da depressão, investigá-la e tratá-la é cada vez mais importante.

Em síntese, as causas mais apontadas para a depressão no trabalho estão relacionadas a condições inadequadas, essencialmente caracterizadas por cobrança excessiva, pela insatisfação com a remuneração e os benefícios oferecidos pelas empresas. Portanto, apesar deste transtorno mental ser caracterizado por fatores biológicos, as condições de trabalho também contribuem para seu agravamento.

Ansiedade

De modo geral, profissionais que possuem uma alta carga de trabalho podem apresentar uma desordem denominada “Transtorno de Ansiedade”. Normalmente, isso ocorre pela impossibilidade do cumprimento das tarefas que lhes são atribuídas, em especial, quando associada a ambientes de trabalho tóxicos.

Clinicamente, há inúmeros motivos que podem contribuir para as crises de ansiedade. Quando levada para o ambiente de trabalho, a ansiedade pode ser agravada pela cobrança tanto em relação ao cumprimento de prazos curtos quanto ao atingimento de metas inalcançáveis. Por isso é importante manter sempre metas e prazos dentro de uma projeção real, tendo flexibilidade para amplificar, aumentar, caso seja necessário.

Estresse Ocupacional

O estresse ocupacional se caracteriza pelo desgaste dos colaboradores submetidos a situações de extrema pressão e/ou cobrança. Classificado como uma doença mental, este tipo de estresse é um fenômeno que atinge 70% dos brasileiros.

Embora não se associe a disfunções significativas, esta condição é diretamente responsável pela redução da capacidade laborativa. Além disso, em alguns casos também pode estar relacionada ao aumento de outras doenças do trabalho, tais como DORT ou LER.

No ambiente corporativo, suas causas estão comumente ligadas à falta de descanso e relaxamento. Isso porque, com a popularização da internet e o uso de novas tecnologias para aumentar a produtividade, se tornou também um peso para a vida pessoal e na saúde mental no trabalho, sobretudo em razão da ansiedade para resolver pendências — mesmo fora do expediente.

Síndrome de Burnout

Diretamente associada ao trabalho, a síndrome de Burnout é uma condição definida pelo esgotamento profissional de pessoas que tenham eventualmente enfrentado situações excessivamente desgastantes no trabalho. 

Basicamente, esse tipo de doença se dá em função da exaustão física e mental de trabalhadores que, por sua vez, se sentem incapazes de executar qualquer atividade. Via de regra, a síndrome pode ter origem, principalmente, nas situações em que há muita responsabilidade ou competitividade.

Exatamente por isso, reputa-se a doença mental como razão pelo elevado número de afastamentos remunerados, uma vez que 1 a cada 5 trabalhadores brasileiros são acometidos por problemas que afetam a saúde ocupacional.

Síndrome do pânico

A síndrome do pânico é uma condição que se caracteriza por profundas crises de ansiedade, desencadeadas repentinamente e que podem provocar no indivíduo uma forte percepção de medo ou, ainda, um grande mal-estar associado a diferentes sinais físicos.

Ainda que fatores genéticos possam contribuir para esta síndrome, quando analisada sobre um contexto profissional, o pânico pode ser observado repetidas vezes nas situações de trabalho em que o indivíduo empilha sintomas de ansiedade e estresse ocupacional continuamente.

Saúde mental x produtividade

Não é segredo que desde a primeira revolução industrial e com o surgimento das populares linhas de produção, o foco total das companhias tem sido a produtividade. 

Afinal, quanto maior a capacidade produtiva da empresa, maior será o seu poder de comercialização e, consequentemente, o seu lucro. 

É nesse cenário que a cultura de não valorização da saúde mental dos colaboradores cresceu e se desenvolveu. Por muito tempo enxergada como peça descartável e substituível nas engrenagens produtivas, a força de trabalho das empresas passou por longos períodos de desprezo e desimportância. 

No entanto, ao passo que a tecnologia invadiu os meios de produção e, consequentemente, o acesso a informação cresceu, esse contexto tem passado por transformações. 

Atualmente, a importância de considerar a saúde mental dos colaboradores deixou de ser demagogia e se tornou estatística comprovada para o sucesso das corporações

Recentemente, Sigmar Malvezzi, psicólogo e professor do Instituto de Psicologia da USP, em um artigo para a Scielo, falou sobre a importância da contratação de psicólogos para o setor de Recursos Humanos dentro das empresas. 

Segundo o profissional, um colaborador com foco em trazer melhores perspectivas de trabalho para os demais funcionários é essencial quando o objetivo é a produtividade

Nesse sentido, torna-se evidente que saúde mental no trabalho é sinônimo de bons resultados para as companhias.

Hoje, investir para proporcionar um bom ambiente para a realização de demandas não é apenas um diferencial, mas uma necessidade para as organizações que desejam obter seu lugar no mercado de maneira saudável e justa. 

Saúde mental no trabalho: 4 dicas para promover um ambiente adequado

Como você pode perceber até aqui, a saúde mental do trabalhador está diretamente ligada com o ambiente no qual ele realiza suas atividades e com o clima organizacional que a empresa lhe proporciona. 

Nesse sentido, quanto melhores forem esses fatores, melhor o funcionário apresentará sua performance diária. 

Dentro desse contexto, é essencial que as empresas se preocupem em trazer para o dia a dia corporativo medidas que proporcionem uma maior qualidade de vida no trabalho. 

Mesmo que essa não seja uma tarefa fácil, os resultados obtidos com o crescimento da produtividade e a obtenção de um dia a dia mais leve para os profissionais são fatores que fazem essa demanda valer a pena. 

É com base nisso que separamos aqui 4 dicas para que você crie um ambiente corporativo com foco na saúde mental do trabalhador e na obtenção de um clima cada vez mais positivo em sua empresa. 

1. Faça com que seus colaboradores entendam o seu propósito 

De acordo com uma pesquisa realizada pelo instituto Locomotiva, 56% dos trabalhadores formais estão insatisfeitos com seus empregos. 

Isto é, milhões de pessoas hoje encontram-se desmotivadas e trocariam seus cargos por outros em um local que lhes fizessem mais feliz, muitas vezes, até mesmo aceitando um salário menor, mas com condições melhores de trabalho.

Nesse sentido, um dos principais fatores geradores de desmotivação é o sentimento de não pertencimento e desimportância, quando os colaboradores não sabem de seu papel dentro do resultado final da empresa e não sentem vontade de continuar realizando suas demandas. 

Para que esse cenário não aconteça em sua empresa é essencial mostrar a cada um dos funcionários o quanto são importantes para que a companhia continue crescendo, junto da visualização individual de seus papéis, pois fornece o sentimento de engajamento e união com a equipe.

Esse compartilhamento de informações pode ser realizado de diversas maneiras, desde um vídeo institucional exibindo cada processo da empresa até reuniões particulares e feedbacks. 

O mais importante é que os funcionários entendam o quanto são essenciais para o resultado da empresa e o porquê devem se dedicar as suas tarefas diárias.

2. Sempre estimule o sentimento de união 

Há muitos e muitos anos os estudiosos da sociologia já constataram que nós, seres-humanos, somos sociáveis e necessitamos da convivência com outros indivíduos para estarmos em harmonia.

No ambiente profissional, essa máxima se torna ainda mais presente, tendo em vista que o trabalho em equipe produz ótimos resultados quanto a saúde mental no trabalho e otimiza tempo, visto que a cooperação em equipe auxilia em pontos não desenvolvidos pelo próximo. 

Sendo assim, é muito importante que líderes e gestores estimulem sempre a união de suas equipes, através da boa convivência, da resolução imediata de conflitos e do incentivo ao trabalho conjunto para projetos complexos.

Quanto mais os colaboradores se sentirem parceiros um dos outros, mais se sentirão acolhidos e terão o ambiente profissional não como um motivo para problemas, mas como uma rede de apoio em momentos de dificuldades.

3. Evite situações de pressão extrema 

Dizer que é possível viver uma rotina corporativa sem nenhuma pressão seria mentira. Afinal, só quem trabalha nesse ramo sabe como são grandes as cobranças por produtividade, lucro e agilidade na realização de demandas. 

O grande problema nesses casos é que muitas vezes a gestão possui dificuldades de cobrar por resultados de maneira correta, o que acaba gerando um excesso de pressão nos colaboradores e influenciando na saúde mental no trabalho. 

Quando a exigência atinge condições extremas, cenas como crises de choro, ansiedade e brigas entre funcionários se tornam comuns, afetam seriamente a saúde mental do trabalhador. 

Por esse motivo, independentemente da quantidade de demanda a ser realizada e da importância das entregas, submeter os funcionários a pressão interna nunca é a melhor opção. 

Evidenciar as metas e objetivos em grande parte dos casos já é suficiente para que eles entendam a importância de atingi-los e se esforcem para isso. 

Caso contrário, o excesso de cobranças pode culminar, justamente, na proposta contrária à desejada, com quedas de produção por causa da baixa concentração e foco dos profissionais. 

4. Crie um programa de bonificações 

Não é nenhum segredo que todos nós, independentemente do cargo ou função que temos, trabalhamos por necessidade. 

Afinal, a indispensabilidade de uma renda mensal para sobrevivermos é real, mesmo variando de acordo com os níveis hierárquicos de cada colaborador. 

Ao observarmos uma linha de produção, por exemplo, não é difícil encontrarmos casos onde o funcionário utiliza todo o seu salário para o pagamento de contas e sustento próprio, com pouca ou nenhuma sobra para gastos como lazer e entretenimento. 

Nesse cenário de vulnerabilidade a empresa pode exercer um papel de grande importância e influência na saúde mental no trabalho do colaborador. 

Oferecer bonificações é uma forma simples e prática de motivar os funcionários e ainda dar a eles a oportunidade de viver momentos bacanas fora ou dentro da empresa, deixando-os mais felizes. 

Com isso, a empresa ganha em produtividade, dado o maior esforço do profissional para atingir a sua meta, e ainda proporciona uma vivência especial para seu colaborador. 

As bonificações, por sua vez, podem ser as mais variadas, desde uma confraternização com a equipe, até a oportunidade de viver um momento com a família fora da empresa. 

4.1 Como o iFood pode ajudar

O iFood Benefícios é o vale-refeição e alimentação do iFood criou para agilizar e flexibilizar benefícios aos colaboradores. Com ele, é possível que os colaboradores tenham mais autonomia e liberdade para pagarem benefícios de alimentação e vários outros, direto pelo app e a sua empresa só se preocupa em pagar o valor dos benefícios aos colaboradores com taxa zero!

E aí, gostou dessas técnicas para garantir a saúde mental no trabalho para seus funcionários? Aproveite para conhecer o nosso hub de conteúdo e descobrir ainda mais conteúdos que lhe ajudarão a tornar a sua gestão um verdadeiro case de sucesso em sua empresa!

Gente e gestão

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