Não brinque com o burnout, ele não perdoa

Saiba como identificar, prevenir e criar uma cultura de cuidado com a saúde mental no ambiente de trabalho

5 de Março de 2025

Leitura de 4 min

burnout deixou de ser uma preocupação distante para se tornar uma realidade cada vez mais presente no ambiente de trabalho. E não afeta apenas a saúde dos profissionais, mas também a produtividade das empresas. Reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma síndrome ocupacional, essa condição se caracteriza pelo esgotamento extremo, sentimentos de ineficácia e desconexão com o trabalho.

Cobranças excessivas, metas abusivas e falta de apoio e reconhecimento, somados ao desequilíbrio entre vida pessoal e profissional, têm levado muitos colaboradores ao limite. O resultado? Mais afastamentos, queda na motivação e perda de talentos que poderiam impulsionar o crescimento da empresa.

Um levantamento da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) de 2023 revelou que 32% dos trabalhadores brasileiros apresentam sintomas relacionados ao burnout, sendo que 14% desses casos se manifestam de maneira grave, impactando significativamente o bem-estar e a saúde mental.

Por isso, reconhecer os sinais, agir preventivamente e criar uma cultura organizacional que valorize a saúde mental são atitudes essenciais para quem deseja manter equipes saudáveis, engajadas e produtivas. Neste artigo, o Acrescenta vai explicar o que é o burnout, como identificá-lo e o que as empresas podem fazer para prevenir essa síndrome.

Índice:

O que é burnout e como ele se manifesta?

burnout é uma síndrome resultante de um estresse crônico no trabalho que não foi adequadamente gerenciado. Ele se manifesta, principalmente, por três dimensões: exaustão emocional, despersonalização e sensação de baixa realização pessoal.

Segundo uma pesquisa da International Labour Organization (ILO), cerca de 40% da força de trabalho mundial relata sentir-se frequentemente estressada ou desgastada pelo trabalho, com parte significativa desses casos evoluindo para burnout.

Apesar das semelhanças, é importante diferenciar estresse e burnout, pois são condições distintas:

  • Estresse: pode ser temporário e reversível, desaparecendo quando as condições de trabalho melhoram.
  • Burnout: é mais profundo e persistente, decorrente de uma pressão constante e prolongada, gerando uma sensação de impotência e exaustão.

Principais sinais e sintomas do burnout

Sinais físicos:

  • Fadiga constante e falta de energia
  • Dores de cabeça frequentes
  • Distúrbios do sono (insônia ou sono excessivo)
  • Problemas digestivos
  • Imunidade enfraquecida e doenças recorrentes

Sinais emocionais:

  • Sensação de vazio e esgotamento emocional
  • Irritabilidade e impaciência
  • Desesperança, frustração e desmotivação
  • Dificuldade de lidar com situações antes consideradas simples

Sinais comportamentais:

  • Isolamento social
  • Queda no desempenho profissional
  • Procrastinação e dificuldade em concluir tarefas
  • Postura cínica e desconectada em relação ao trabalho

O impacto do burnout nas empresas e na economia

Já imaginou o impacto financeiro do burnout nas empresas? A síndrome não prejudica apenas os colaboradores — ela também gera custos elevados para as empresas e para a economia. Segundo estudos da ISMA-BR (International Stress Management Association no Brasil), o burnout é responsável por perdas de até R$ 80 bilhões por ano no Brasil. Esses valores incluem afastamentos, queda de produtividade, aumento do turnover e despesas com tratamentos de saúde mental.

Os principais impactos para as empresas incluem:

  • Aumento do absenteísmo
  • Queda na produtividade e na qualidade das entregas
  • Maior rotatividade de profissionais
  • Dificuldade em manter a motivação e o engajamento das equipes

Investir em prevenção, oferecendo apoio psicológico, promovendo uma gestão humanizada e ajustando metas de maneira realista, é um passo fundamental. Empresas que cuidam da saúde mental de seus colaboradores constroem um ambiente mais saudável e, consequentemente, alcançam melhores resultados a longo prazo.

O papel fundamental da gestão na prevenção do burnout

O cuidado com a saúde mental dos colaboradores não é mais um diferencial, é uma necessidade. Empresas que desejam manter uma cultura organizacional forte, valorizando os colaboradores e permanecendo competitivas no mercado precisam adotar práticas, políticas e iniciativas que estimulem e apoiem o cuidado mental e físico.

Neste processo, o papel da liderança é fundamental para identificar sinais de sobrecarga e implementar práticas saudáveis na rotina da equipe. Algumas iniciativas por parte da liderança podem ser adotadas:

  • Promover pausas regulares: Incentivar momentos de descanso durante o expediente ajuda a reduzir o estresse e manter a produtividade.
  • Estabelecer limites claros entre trabalho e vida pessoal: Definir horários e respeitar os períodos de descanso evita o desgaste prolongado.
  • Oferecer canais de apoio psicológico: Disponibilizar suporte profissional é um investimento no bem-estar e na qualidade de vida dos colaboradores.
  • Reconhecer e valorizar o esforço das equipes: O reconhecimento contínuo contribui para a motivação e o senso de pertencimento.

Empresas que cultivam uma cultura organizacional voltada para o cuidado com a saúde mental não apenas preservam o bem-estar de seus profissionais, mas também ganham em engajamento, produtividade e retenção de talentos.

E a sua empresa? Está realmente comprometida com o bem-estar dos colaboradores ou a saúde mental ainda é vista como um tema secundário? A prevenção do burnout começa com ações simples, mas exige um compromisso genuíno e constante de todos os níveis da organização.

Gente e gestão

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