No lugar da retenção de talentos, engajamento

O papel imprescindível do RH no suporte ao crescimento das empresas
Fundadora e CEO da People Company, um ecossistema de educação que desenvolve profissionais de RH, Jessica é idealizadora do RH Cast, videocast de RH que mais cresce no Brasil.
17 de Março de 2025
Leitura de 8 min
Recentemente, participei do evento Impulso, promovido pelo iFood Benefícios, e saí de lá com uma certeza: o crescimento de uma empresa não acontece por acaso. Ele é resultado de uma cultura bem definida, de um modelo de gestão sólido, um time alinhado e de decisões estratégicas consistentes.
E se tem algo que ficou evidente nas palestras do evento é que o RH precisa se fortalecer para dar suporte ao crescimento das empresas - empresas não prosperam sozinhas, são as pessoas que fazem isso acontecer.
Inicialmente, o evento foi apresentado pela Flávia Alessandra, que em alguns momentos compartilhou suas visões sobre empreendedorismo. Desde 2019, ela tem investido em diferentes negócios, mostrando que a transição de carreira pode ser desafiadora, mas necessária para quem busca crescimento e propósito.
Índice:
Diego Barreto, CEO do iFood, trouxe insights sobre como a cultura organizacional e a inovação foram essenciais para que a empresa crescesse 100% ao ano por sete anos consecutivos.
Ele nos contou que o iFood trabalha com três pilares importantes que sustentam o seu crescimento:
Aqui, um ponto que me marcou foi o olhar para a inovação como competência, e não apenas como discurso. No iFood, os talentos que chegam com esse perfil encontram um ambiente que permite que essa habilidade seja exercitada.
Agora, reflete comigo: Quantas empresas contratam pessoas inovadoras, mas depois as sufocam com burocracia e falta de autonomia?
O RH tem um papel crucial em garantir que a cultura da empresa realmente favoreça a inovação e que as lideranças saibam como estimular isso nas equipes. E essa conexão entre cultura, inovação e crescimento passa diretamente pela forma como as empresas estruturam sua experiência para os colaboradores.
Foi nesse ponto que Daniela Zylberkan, Head de Marketing do iFood Benefícios, reforçou a importância de olhar para benefícios corporativos não apenas como um custo, mas como um investimento no crescimento sustentável dos negócios. O iFood Benefícios vem ampliando seu impacto ao oferecer soluções estratégicas de bem-estar e saúde para as empresas, garantindo que os pacotes de benefícios sejam realmente alinhados às necessidades dos colaboradores. Um dos pilares desse ecossistema é a educação corporativa, com cursos de curta duração e pós-graduação, permitindo que as empresas invistam no desenvolvimento de seus times de maneira estruturada.
Assim como o iFood entende que inovação exige um ambiente que estimule o potencial das pessoas, o RH precisa fazer o mesmo: criar estruturas que sustentam a cultura desejada. Afinal, benefícios, desenvolvimento e um modelo de gestão bem estruturado são peças fundamentais para que as pessoas consigam entregar inovação e performance de verdade.
Thiago Nigro, do Grupo Primo, trouxe quatro pilares fundamentais para o crescimento de qualquer empresa: escala, modelo de negócios, visão e gestão. Agora, eu te convido a refletir sobre como o RH pode atuar ativamente em cada um deles.
Empresas só crescem quando têm um time preparado para acompanhar esse crescimento. O RH está construindo essa base, garantindo que talentos certos estejam no lugar certo?
Para sustentar um modelo eficiente, a empresa precisa de clareza sobre como gera receita e onde pode otimizar. Como a área de pessoas está desenvolvendo as competências certas para impulsionar ou corrigir esse modelo?
As lideranças estão alinhadas com os objetivos estratégicos ou cada time está remando para um lado diferente? O RH tem o papel essencial de garantir que essa visão seja clara e que as lideranças estejam capacitadas para traduzi-la no dia a dia.
Processos mal definidos geram ineficiência e travam o crescimento. Como o RH está ajudando a estruturar a gestão e desenvolvendo lideranças conscientes desse impacto?
Esse olhar estratégico do RH se conecta diretamente com o que Arthur Freitas, do iFood Benefícios, trouxe no evento ao reforçar que a inovação precisa ser constante: "Todo dia é dia 1". Ele compartilhou que o iFood Benefícios nasceu durante a pandemia, ao identificar uma demanda crescente por pedidos no app. Inicialmente, o cartão de benefícios não possuía bandeira, o que restringia seu uso a estabelecimentos credenciados. A virada veio quando expandiram sua atuação, incorporando uma bandeira e permitindo que o benefício fosse aceito em uma rede muito maior de estabelecimentos, além do próprio app.
A capacidade de identificar demandas reais e evoluir rapidamente foi essencial para o crescimento da solução, tornando o benefício mais flexível e acessível. Durante o evento, foram anunciadas duas novas ferramentas: a gestão de benefícios diretamente pelo app e um painel de dados para o RH, que permitirá um acompanhamento mais preciso do uso do benefício e dos hábitos dos colaboradores. Com isso, o RH ganha ainda mais autonomia para tomar decisões estratégicas e aprimorar a experiência dos times.
RH estratégico não é aquele que apenas gerencia processos – é o que questiona, propõe e influencia ativamente a construção dos pilares que sustentam o crescimento da empresa.
Para fechar o evento, a palestra de Daniela Claiman trouxe uma visão provocativa sobre o futuro (presente) do trabalho e os desafios que as empresas enfrentarão nos próximos anos.
Segundo ela, um único plano estratégico não é mais suficiente. O ritmo acelerado das transformações exige que as organizações desenvolvam a capacidade de imaginar múltiplos cenários, prever riscos e intervir rapidamente.
Ela destacou cinco marcos que podem redefinir completamente o mundo do trabalho nos próximos cinco anos:
Empresas precisarão lidar com instabilidade econômica e restrição de investimentos, tornando essencial que RH e liderança saibam otimizar recursos e demonstrar ROI das iniciativas de gestão de pessoas.
Questões ESG deixarão de ser um diferencial e se tornarão um pré-requisito para negócios sustentáveis. Como o RH pode garantir que a empresa desenvolva lideranças preparadas para decisões éticas e estratégicas diante desse cenário?
Aumento de conflitos globais e suas repercussões diretas nos negócios, desde cadeias de suprimentos até a necessidade de realocação de talentos. Como o RH pode se preparar para nutrir as suas estratégias de pessoas mesmo em tempos de incerteza?
A dificuldade crescente em diferenciar fatos de desinformação torna a transparência e a comunicação interna mais críticas do que nunca. Como garantir que a cultura organizacional seja pautada em confiança e clareza para que as equipes tenham segurança nas informações?
Com redes sociais e algoritmos reforçando bolhas de opinião, as empresas precisarão de estratégias robustas para gestão de diversidade e cultura. O RH tem o desafio de criar espaços de diálogo e pertencimento, sem comprometer a saúde organizacional.
E aqui está o grande alerta: as empresas que não se prepararem para esses cenários estarão em risco. Embora muitas empresas afirmem priorizar o crescimento, a prática ainda mostra o contrário. Um estudo da McKinsey revelou que, em média, apenas 22% do tempo das lideranças é dedicado a iniciativas de longo prazo, enquanto a maior parte do foco ainda está em projetos de curto e médio prazo. Esse dado evidencia o desafio de transformar ambições estratégicas em práticas concretas que garantam crescimento sustentável.
Outro ponto crucial levantado por Daniela foi a longevidade e a transformação das carreiras. O Fórum Econômico Mundial reforça que a longevidade está mudando a dinâmica do mercado de trabalho. As carreiras não serão mais lineares e as empresas precisam estar preparadas para isso. Com avanços na medicina e qualidade de vida, as novas gerações viverão, em média, até 120 anos. Isso significa que as pessoas passarão mais tempo no mercado de trabalho, terão múltiplas carreiras ao longo da vida e coexistirão com diferentes gerações dentro das empresas.
Para o RH, isso levanta questões fundamentais:
Por fim, Daniela ressaltou que frente a um cenário de incerteza e dúvidas sobre a verdade, a segurança será uma das necessidades humanas mais valorizadas no futuro – seja segurança no trabalho, na alimentação ou nas relações de consumo. Empresas que conseguirem oferecer essa estabilidade para seus colaboradores e clientes sairão na frente.
O evento Impulso reforçou que o crescimento sustentável de um negócio é muito mais provável quando os processos de gestão de pessoas, processos e projetos, são construídos com foco no crescimento do negócio e isto reforça muito a importância do papel protagonista do RH.
Precisamos ir além e assumirmos o lugar de uma peça-chave na construção da visão, da cultura e da estratégia da empresa.