Remuneração, benefícios corporativos e futuro do trabalho
Saiba como foi o segundo dia do CompDays, Fórum de Remuneração organizado pela ABRH-RJ
11 de Outubro de 2024
Leitura de 8 min
O segundo dia do CompDays foi impulsionado por debates ricos e insights valiosos para líderes e profissionais de RH. De equidade salarial e o uso estratégico da IA na remuneração a discussões sobre remuneração executiva e os desafios globais de gestão de pessoas, o evento ofereceu um panorama completo das tendências do setor.
Se você quer saber como foi o primeiro dia deste encontro repleto de conhecimento e networking, leia aqui a cobertura completa. Para acompanhar tudo o que rolou no segundo e último dia do evento, confira a seguir o nosso resumo completo!
Índice:
- Equidade Salarial
- Uso de IA em Remuneração
- Remuneração Executiva + Governança Corporativa
- Remuneração Internacional
Equidade Salarial
Erika Santiago, Organizational, Total Rewards & HR Operations Director na Vibra Energia, e Antonio Linhares, Diretor de Gente no Grupo Energisa, iniciaram o segundo dia de evento falando sobre equidade salarial.
Erika começou compartilhando que, ao falar em equidade salarial nas organizações, é preciso pensar no como fazer, e isso deve começar desde a entrada na empresa, gerando condições igualitárias para todos os envolvidos.
Ao longo da sua trajetória, percebeu que as empresas ainda olham muito para o gênero na ocupação de um cargo e diminuem o salário ao perceberem que será possivelmente uma mulher a ocupar a cadeira. Compartilhou ainda que, para ela, é importante sempre analisar a remuneração de cargo por cargo nos relatórios da empresa, ao invés de apenas se basear em médias.
Antonio usou como exemplo a greve na Islândia, em 1975, onde as mulheres resolveram parar de trabalhar, cozinhar ou fazer qualquer tipo de tarefa, buscando e protestando pela igualdade de direitos - ato que entrou na história colocou a Islândia na vanguarda da luta pela igualdade de direitos.
Mencionou a dificuldade de respeito às leis no Brasil, que apesar de existirem, ao lado de políticas voltadas para a igualdade e equidade de direitos, não necessariamente são cumpridas.
Erika trouxe para a mesa a questão das vagas afirmativas: ela acredita que o ideal é que exista um processo que contemple a todos, sem necessariamente haver vagas afirmativas que possam excluir outros grupos, trazendo aos participantes a reflexão sobre a igualdade de oportunidades, não apenas no mercado de trabalho, mas também na educação, por exemplo, e como ela pode impactar a concorrência para uma vaga. E como se pode através de vagas não afirmativas garantir que se estará promovendo a inclusão.
Antonio trouxe ainda o tema da liderança feminina e apontou para as mulheres com dupla jornada, que tendem a não seguir com cargos de alta liderança para conseguir equilibrar sua vida, destacando como uma cultura patriarcal impacta e limita o crescimento da mulher no mercado de trabalho.
Erika finalizou dizendo que as mulheres têm uma missão social para atingir na empresa em que atuam, e que é preciso ter dados que mostrem a evolução, acompanhem e justifiquem os orçamentos e políticas adotadas. Assim, é possível orientar melhor as políticas de remuneração, sem considerar apenas o salário ao falar de equidade salarial e de direitos, mas todos os benefícios e a jornada do colaborador como um todo.
Antonio finalizou citando Gandhi “Seja a mudança que você quer ver no mundo.”
Uso de IA em Remuneração
Danielle Luz, Pesquisadora nas áreas de Tecnologia e RH na UFRJ, falou sobre como a tecnologia está presente em nossas vidas em toda e qualquer interação que temos com a tecnologia.
Seu foco foi falar sobre como utilizar a Inteligência Artificial, com ferramentas como o ChatGPT, e como ela pode auxiliar e facilitar as demandas do dia a dia. Levantou a importância da personalização de prompts para utilizar IA, saber fazer as perguntas da maneira certa, ter informações relevantes para serem compartilhadas com a IA para que o resultado esteja dentro do esperado, e como fazer para que os caminhos e soluções apontados pela IA sejam melhores.
Para Danielle, existem diversos benefícios trazidos com o uso de IA na remuneração:
- Automação
- Eficiência
- Dados em tempo real
- Integração
- Estabilidade
- Personalização
Ela lembrou ainda que o conhecimento da base da IA é alimentado diariamente com nossas interações, destacando a importância do papel das pessoas em aprimorar o uso de IA e permitir que ela atue a nosso favor.
Reforçou que a IA não irá tirar nosso trabalho, mas que ajustaremos nossas funções conforme o desenvolvimento da tecnologia.
Remuneração Executiva + Governança Corporativa
André Santos, People´s Center of Expertise Director na Vale, Marco Santana, Managing Partner na ERX Consulting, e Patricia Bentes, Sócia da Estatice e conselheira independente, conduziram um bate-papo sobre remuneração executiva e governança corporativa.
Patricia iniciou trazendo a visão do conselho sobre o tema, associando que a questão da remuneração a executivos está muito relacionada com a sua retenção na empresa e o resultado que a organização traz. A principal discussão para o conselho, segundo Patrícia, é até onde se deve premiar o executivo e até onde manter uma remuneração e premiação fixa, pensando em manter este talento em longo prazo na empresa.
André compartilhou a visão de executivo, em que é necessário considerar todos os aspectos, a visão dos C-Levels, do conselho e o que o mercado está fazendo e trazendo de diferente.
Para Marco, o papel da governança é garantir que as decisões dentro da empresa sejam mais sustentáveis e gerem mais resultados, para acionistas, executivos, colaboradores e a sociedade como um todo. Destacou ainda que a visão sobre governança precisa evoluir, que ela não representa apenas processos burocráticos e controles, mas que é fundamental para acompanhar e garantir que as melhores decisões sejam tomadas para a organização.
O maior desafio do conselho, segundo todos os participantes, é balancear se você pagará para manter as pessoas ou pagará para o desempenho delas. Esta análise pode ser um divisor de águas, pois a volatilidade dos executivos pode impactar significativamente os resultados e o planejamento da organização.
Na visão de Patricia, o Brasil é um país de investimento de alto risco e isso impacta no tema de remuneração de executivos, portanto, é sempre necessário analisar o cenário econômico, os desafios da empresa e estar aberto a mudar quando necessário.
Para Marco, olhar apenas para o tamanho da empresa ao remunerar um CEO, por exemplo, é superficial, pois é preciso primeiro olhar qual desafio será enfrentado por ele e qual a realidade e desafios da organização no momento.
Remuneração Internacional
André Bezerra, SR. Manager Compensation na NextDecade (EUA), Gustavo Almeida, Diretor de RH da América do Norte na Empresa Alstom (Canadá), e Jania Velásquez, Regional Total Rewards na Baker Hughes (Chile), fecharam o último painel do segundo e último do evento.
O tema inicial foi os desafios de RH em um cenário mundial, em que Jania trouxe que, apesar das particularidades de cada país, os desafios são parecidos. Para ela, é necessário compreender como tornar cada vez mais globais os planejamentos e decisões de uma empresa, e que é preciso acompanhar a agenda de transformação - que não para.
Gustavo trouxe que sempre existiu o desejo de customização da remuneração e dos benefícios, em qualquer lugar, o que dificultava e ainda acontece em algumas empresas é uma estrutura hierárquica engessada, que não permite a discussão sobre o tema e não que os colaboradores participem mais ativamente das mudanças e decisões da empresa.
Segundo Gustavo, cabe ao RH entender a mudança para compreender qual tipo de solução é mais adequada, entender a necessidade da mudança e que, mesmo que os benefícios oferecidos sejam diferentes nas organizações, a necessidade de customização e flexibilidade é comum a todas.
Para André e Tiago Maciel, consultor de RH e Fundador da Mobility Expert, que se juntou ao bate-papo mais tarde, é importante considerar que o momento da empresa, força da marca, desafios enfrentados e cenário econômico serão diferentes e que a mesma estratégia utilizada no Brasil pode não funcionar em outros países.
Por fim, os pontos levantados em destaque foram a necessidade da educação financeira no Brasil em conjunto com a remuneração, e que é importante considerar a experiência como um todo, principalmente em uma empresa internacional. É preciso ter personalização para todos, de salário, benefícios, e a proposta de remuneração precisa fazer sentido com a cultura da empresa e os valores que ela preza.
Para finalizar, os participantes deixaram uma mensagem, lembrando o quanto os brasileiros são diferenciados no mercado de trabalho, que as particularidades que se enfrenta no mercado de trabalho brasileiro gera um destaque profissional ao trabalhar em outros países. E que é sempre importante estar disposto a alimentar mais a curiosidade e manter sua mente sempre aberta.
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