Como criar oportunidades que retêm talentos e movimentam resultados

Por que o uso inteligente de informações já disponíveis pode antecipar tendências, gerar melhores decisões e elevar o impacto estratégico do...
O maior evento de RH da América Latina. A 51º edição reúne pessoas, negócios, tecnologias e potencializa conexões.
26 de Agosto de 2025
Leitura de 5 min
Por: Matthias Wegener
Chief Knowledge Officer da Think Work, referência em People Analytics e autor de pesquisas que conectam dados, inovação e gestão de pessoas.
O RH vive hoje um paradoxo curioso: nunca tivemos acesso a tantos dados sobre pessoas e equipes, mas ainda é comum ver decisões importantes sendo tomadas com base em percepções subjetivas. As informações existem? Claro. Mas o que falta, muitas vezes, é usá-las de forma estruturada para orientar a estratégia.
Dados bem tratados permitem prever movimentações no time, identificar riscos de turnover antes que eles se concretizem e enxergar padrões de desempenho que não aparecem na observação do dia a dia. Quando aplicados de forma consistente, ajudam o RH a sair do campo reativo e atuar de forma proativa, antecipando problemas e oportunidades.
Essa transformação começa pela integração de informações que normalmente ficam dispersas: avaliações de desempenho, pesquisas de clima, histórico de desenvolvimento, dados de absenteísmo, métricas de recrutamento. Em conjunto, elas formam um retrato muito mais fiel da realidade organizacional do que qualquer relatório isolado.
Mas o passo seguinte é transformar essa fotografia em ação. Identificar que uma área da empresa tem alta rotatividade, por exemplo, não basta. É preciso cruzar esse dado com outros fatores — perfil dos gestores, tempo médio de permanência, resultados das avaliações internas — para entender a causa e atacar o problema pela raiz.
Foi nesse espírito que o tema esteve presente no workshop “Decida melhor, gaste menos: o poder dos dados para um RH mais ágil e estratégico”, realizado durante o CONARH 2025. A conversa, comandada por Maryana com Y, contou com a participação de Tatiana Sendin e minha, ambos pela Think Work, e trouxe reflexões que ajudaram a aprofundar essa conversa.
Maryana: A Think Work tem uma atuação importante para os RHs que querem tomar decisões mais embasadas. Como vocês apoiam as empresas a transformar pesquisa, dados e números em escolhas mais inteligentes?
Matthias: A missão da Think Work é ajudar o RH a navegar melhor nesse mundo do trabalho que muda o tempo todo. Pra isso, a gente tá sempre de olho no que há de mais novo em tendências e inovação, tanto no Brasil quanto lá fora. De um lado, a gente reconhece e aprende com quem já tá colocando a mão na massa com o prêmio Innovations. De outro, a gente produz conteúdos e pesquisas próprias sobre os temas mais relevantes para apoiar os RHs na prática do dia a dia.
Nosso papel é traduzir essas tendências globais pro contexto brasileiro — porque a gente sabe que muitas vezes o que falta aqui são dados da nossa realidade. E quando a gente traz esses dados, eles não só ajudam a entender como as tendências se aplicam ao nosso cenário, mas também dão base pro RH tomar decisões mais seguras e até embasar conversas importantes com a liderança da empresa.
Maryana: Matthias, vamos ser sinceros: nem todo dado é útil. Como separar o que realmente importa daquilo que só gera mais confusão?
Matthias: Essa é boa! Eu acho que mais do que separar o dado útil do inútil, o desafio é interpretar direito o que ele realmente está dizendo. Porque dado é um pouco isso: você pode olhar como um copo meio cheio ou meio vazio. Se você não souber o que quer analisar, um monte de informação na mão pode atrapalhar mais do que ajudar. Por isso, antes de sair medindo qualquer coisa, é importante definir o que você quer com aquele dado. Senão vira só burocracia e perde credibilidade — e isso acontece muito, por exemplo, em pesquisas de clima que viram rotina automática.
Outro ponto é ter referências externas. Porque olhar só pros números internos, sem ter com o que comparar, pode dar uma visão distorcida. Quando você tem clareza sobre o objetivo e referências confiáveis, dificilmente o dado deixa de ser útil.
Essa mentalidade é essencial: não basta coletar informações, é preciso criar a cultura de usá-las. Isso exige consistência, treinamento e disposição para tomar decisões que nem sempre confirmam percepções iniciais. É nesse ponto que o RH se torna parceiro estratégico do negócio: quando demonstra que suas ações estão embasadas em evidências e que cada iniciativa tem um propósito claro, medido e acompanhado.
Maryana: E se você tivesse que resumir o que é uma gestão de pessoas orientada a dados, qual seria a sua metáfora favorita?
Matthias: Quando a gente fala de gestão de pessoas orientada a dados, eu gosto de comparar com um filme. O que a gente espera de um bom filme? Uma imagem nítida, várias câmeras mostrando ângulos diferentes e uma sequência contínua que faça sentido entre as cenas. Com os dados é parecido. Se você tem históricos bem coletados, de processos diferentes, consegue cruzar informações, validar hipóteses e tomar decisões com muito mais confiança.
Agora, se você pega um dado solto, olha uma vez por semestre ou por ano, é como assistir um flipbook: até dá a sensação de movimento, mas não é um filme de Hollywood, né?”
“Dado sem objetivo é burocracia. Dado com clareza é estratégia.”
Essa visão mostra que a gestão de pessoas fortalecida por dados não significa abrir mão do lado humano da liderança. Pelo contrário: ao dar mais clareza sobre o cenário, o uso inteligente de informações libera líderes e RH para agir com foco, direcionando tempo e energia para onde realmente faz diferença. É a união da análise objetiva com a sensibilidade necessária para lidar com pessoas.
No fim, dados são como um mapa. Eles indicam caminhos, mostram obstáculos e ajudam a planejar a rota. Mas é a interpretação estratégica que transforma esse mapa em movimento — e é nesse movimento que o RH deixa de apenas reagir e passa a liderar o futuro das organizações.
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