Sabin forma supervisores e supera desafio de contratação

Grupo automotivo Stellantis reestruturou modelo de recrutamento e contratação de funcionários para construção de nova fábrica
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10 de Abril de 2025
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Em 2010, o grupo automotivo Stellantis começou a planejar o projeto mais complexo já feito na história da companhia: seu polo na cidade de Goiana, em Pernambuco.
O desafio era construir a planta da fábrica em uma região que era um imenso canavial, sem nenhuma tradição com indústrias. E, para isso, seria preciso cerca de 11 mil funcionários capacitados.
“Quem conheceu o canavial se pergunta hoje como foi possível, em tempo tão curto e de forma harmônica, atrair, organizar, contratar e treinar esse contingente de pessoas, estruturando equipes, formando lideranças para construir esse polo industrial”, conta o vice-presidente de Recursos Humanos para a América do Sul da Stellantis, Massimo Cavallo.
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O “Projeto de Qualificação de Pessoas para o Polo Automotivo da Stellantis” veio para viabilizar a meta da organização.
Massimo explica que não era possível fazer uma transposição simples do modelo de RH tradicional devido às características que diferenciavam o projeto, como a localização em uma região pouco industrializada e a quantidade de mão de obra necessária.
Foi preciso começar bem antes das obras e dividir o objetivo em fases. Na primeira delas, o time de Recursos Humanos focou em conhecer e mapear a região e criar uma relação próxima com a comunidade. A partir daí, a equipe começou a desenhar políticas de gestão de pessoas, aproveitando diretrizes já existentes e criando novas.
“O desafio era trabalhar políticas para construir um ambiente harmônico no polo, coordenando a atuação de 320 empresas, mais de 11 mil pessoas no pico da obra e em 17 prédios agrupados no mesmo local”, explica Massimo.
Para capacitar todos os envolvidos, não só para colocar a fábrica de pé, mas para mantê-la funcionando, foi preciso fazer muitas parcerias.
Na primeira etapa, foram treinadas pessoas para a construção civil e a instalação de máquinas e equipamentos. Para isso, a Stellantis fez parcerias com o governo de Pernambuco e com as prefeituras, que forneceram as ferramentas de qualificação.
“Nesse estágio, o desafio foi vencer, muitas vezes, o baixo índice de escolaridade dessa mão de obra. Muitos precisaram passar por qualificação básica em matemática e português para depois entrarem na capacitação profissional propriamente dita. Muitos vieram do comércio local, como balconistas, ou trabalhavam com cana-de-açúcar”, conta Massimo. Só nessa frente foram capacitadas mais de 8 mil pessoas.
O segundo passo foi realizar contratações para atuar na montadora. Para isso, também houve parceria com o Estado e com o Senai, que prepararam e ofereceram cursos técnicos para os candidatos, e a maior parte deles foi contratada. Enquanto isso, o RH passou a fazer a contratação e formação de trabalhadores que já tinham graduação.
“O trabalho sempre teve metas de curto, médio e longo prazo. Os primeiros foram os cursos técnicos de formação de base, que capacitam operadores e líderes de equipes. Os de especialização, além do aprendizado acadêmico, propiciam a vivência na indústria com a orientação dos professores e de especialistas da empresa. Já os cursos de graduação integram os objetivos de médio e longo prazo”, explica Massimo.
Segundo ele, foi construído um mapa das competências estratégicas necessárias ao negócio, contemplando os processos de ponta a ponta e uma perspectiva de longo prazo sobre a necessidade do mercado de trabalho.
“Não se tratava apenas de qualificação de profissionais para que atuem somente em uma empresa do setor automotivo, mas da formação de pessoas para que estivessem aptas a trabalhar em diferentes organizações do segmento industrial”, afirma.
Desde 2010, quando o projeto começou, o principal ganho interno foi a contratação de trabalhadores.
Até 2023, a companhia já contava com 14,7 mil funcionários na planta automotiva e no Parque de Fornecedores da Stellantis. Desses, 85% eram pernambucanos, principalmente residentes do entorno da fábrica.
O Polo Automotivo de Goiana também já era autossustentável na capacitação de mão de obra, com o time completamente formado e autônomo, com níveis de senioridade que permitem o repasse do conhecimento para os novos contratados.
Além disso, todo o treinamento para os novos trabalhadores passou a ser realizado internamente por uma equipe multidisciplinar de treinamento e desenvolvimento.
*Conteúdo publicado originalmente na Think Work Lab em 11 de junho de 2023 com o título “Stellantis criou projeto para formar e contratar 11 mil funcionários”. Atualizado em 17 de março de 2025 para o Acrescenta, do iFood Benefícios.