Falar sobre saúde mental uma vez por ano não é suficiente
Confira um papo com Sarita Vollnhofer, da Alice, sobre a pesquisa Pulso RH
Por Equipe iFood Benefícios
A pesquisa Pulso RH, idealizada pela Alice, plano de saúde para empresas, tem o objetivo de mostrar dados e fatos em relação à saúde e ao bem-estar no mundo do trabalho. Nesta segunda edição, o iFood Benefícios, a Beneficência Portuguesa de São Paulo e o Grupo Fleury participaram como parceiros da pesquisa, que abordou o tema central “Saúde corporativa, qual é a influência dos gestores?”. O foco era entender como a conduta dos líderes afeta o colaborador.
A pesquisa inédita entrevistou 1.048 pessoas de todos os estados do Brasil, sendo 46% em cargos de gestão e 53% não líderes.
Falamos com Sarita Vollnhofer, CHRO da Alice, sobre a pesquisa e os insights poderosos que ela nos dá. Confira:
“Tudo parte da cultura. A cultura é o plano de fundo para tudo o que a empresa faz. Como escolher os benefícios, como a liderança e o gestor devem se comportar, como se comunicar. Tudo isso deve passar pela cultura.”
Empresas que se preocupam com bem-estar e saúde dos seus colaboradores têm, de fato, grande impacto nos aspectos do time. Comprovação disto é o resultado da pesquisa: 70,1% dos colaboradores se sentem mais engajados com a empresa quando ela se preocupa com a saúde e bem-estar. Por outro lado, esse número cai para 32,3% nas empresas que não abordam esse tema.
Entretanto, será que a saúde e bem-estar dos colaboradores é papel exclusivo das empresas e gestores?
Sarita acredita que a responsabilidade com a saúde física e mental do colaborador passa por três integrantes dessa equação: o colaborador, seu gestor e a empresa.
Índice:
Colaborador
Ele é o principal responsável por sua própria saúde e precisa enxergar a importância dela e do bem-estar na sua vida.
O autoconhecimento é importante neste momento. Cada um tem a responsabilidade de se conhecer e saber o que funciona para si em termos de saúde e bem-estar. Além disso, é necessário saber quando impor limites, conversando com o gestor de forma sincera para relatar quando algo não estiver bom.
Gestores como conexão
“O papel do gestor é conectar a empresa e os colaboradores. Ele deve ser o melhor embaixador da cultura da empresa, traduzindo ao time os valores empresariais, as metas e planejamento estratégico”
88% dos colaboradores que trabalham em empresas que se preocupam com o bem-estar, enxergam o gestor como um bom exemplo.
“Quem tem líder como exemplo consegue manter equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Quando o gestor é exemplo, ele mostra que isso é possível.”
Para dar ênfase a essa afirmação, Sarita compartilhou algumas dicas que funcionam no dia a dia da Alice e podem ser facilmente implementadas na sua empresa:
Transparência
“Uma boa prática que usamos na Alice é ter todas as nossas agendas abertas. Todos podem ver a minha agenda, todo mundo pode ver a agenda do André, nosso CEO”.
Com as agendas abertas, líderes e colaboradores conseguem enxergar os momentos de pausas, consultas médicas, terapias ou outras obrigações pessoais, por exemplo. Dessa forma, colaboradores são encorajados a colocarem esses momentos em suas agendas. Na prática, mostra para a equipe que isso também é uma forma de autocuidado respeitada por todos.
Alinhamento de expectativas
“Quantas vezes não escutamos que as pessoas ficam ansiosas porque não sabem o que é esperado delas?”
Alinhar as expectativas é sobre organizar atividades e prazos, garantindo a comunicação e entendimento de tarefas, objetivos e metas, e estando ao lado do colaborador mesmo com um novo desafio.
Olhar de forma individual
Gestores precisam entender o momento de cada colaborador, inclusive na vida pessoal. O fundamental é respeitar a individualidade.
“Na Alice nós chamamos de presença maternidade e não licença-maternidade, por exemplo, pois entendemos que não é sobre pedir licença, mas estar presente. Eu preciso ajudar essa mãe a organizar a sua nova rotina.”
Empatia assertiva
A gestão é responsável por praticar feedback, mas para isso precisa oferecer um ambiente de segurança psicológica. As pessoas precisam se sentir à vontade para dar e receber feedbacks e entender que isso faz parte do desenvolvimento.
“Fomentar a cultura da transparência, de empatia assertiva, feedback construtivo e respeitoso no intuito de ajudar e não colocar ninguém em uma situação constrangedora.”
Em empresas em que o gestor é visto como exemplo:
- 76,7% dos entrevistados afirmam que há uma cultura de fornecer e acolher, de forma transparente, os feedbacks dos colaboradores
- 62,8% se sentem à vontade em fornecer feedbacks, seja qual for a senioridade de quem os recebe.
Fonte: Pesquisa Pulso RH Saúde Corporativa: Qual é a influência dos gestores?
Empresas
Para Sarita, a empresa precisa assumir a responsabilidade, proporcionando um ambiente e uma rotina de trabalho onde os colaboradores possam priorizar a saúde. Algumas ideias para fazer isso acontecer:
Benefícios
“Oferecer um bom plano de saúde, por exemplo, é responsabilidade da empresa. A empresa precisa garantir que todos os funcionários tenham acesso a uma boa cobertura e uma gestão diferenciada. Para você estar bem, sua saúde física também precisa estar.”
Isso envolve ainda os benefícios flexíveis como opções que contribuem com a saúde, eles permitem que as pessoas consigam se organizar de acordo com suas prioridades. Benefícios fazem parte da estratégia de remuneração, além dos salários mais justos. Conheça o iFood Benefícios.
“Os benefícios precisam ser pensados de forma que sejam bons para as pessoas. A empresa não deveria fazer isso apenas para cumprir uma obrigação, mas sim como preocupação com o time.”
Modelo de trabalho
“Ainda depende muito das empresas e pessoas, porém se conseguirmos flexibilizar a rotina, teremos um retorno positivo para o colaborador. A flexibilização é importante, eu como mãe quero buscar minha filha na escola, mas também enxergo que a conexão entre colaboradores de forma intencional e não obrigatória traz bons resultados.”
Na pesquisa, apenas 24,1% dos entrevistados responderam que a empresa facilita a flexibilidade e organização da própria agenda.
Estrutura
“Pessoas possuem realidades diferentes. Como a empresa pensa nisso? O escritório precisa ser organizado para atender diferentes demandas. A empresa tem um bicicletário para incentivar que as pessoas deixem de utilizar o carro e pratiquem atividades físicas? Algumas coisas são básicas, mas não são lembradas. Se têm colaboradoras lactantes, um lactário é essencial para as mães.”
Sarita acredita que “pessoas que estabelecem uma rotina saudável são mais produtivas ao longo do tempo” e acha muito interessante essa relação entre saúde e produtividade: “Se, de fato, queremos ter um time produtivo, precisamos garantir que essas pessoas sejam, de fato, saudáveis, conseguindo entregar bons resultados e de alta performance durante muito tempo.”
Dados da pesquisa reforçam essa fala: 84% das pessoas nas empresas que se preocupam com a saúde, tem dias mais produtivos sempre ou frequentemente. Por outro lado, apenas 67% dos colaboradores se sentem produtivos em empresas que não se preocupam com o bem-estar.
“Se preocupar com saúde e bem-estar se tornou mais uma questão estratégica, e não da empresa ser boazinha ou cuidadosa.”
E o futuro?
Questionamos Sarita sobre qual a opinião dela em relação ao cenário da pesquisa nesses últimos dois anos e o que esperar no futuro sobre o papel das empresas e colaboradores na saúde mental.
“É um cenário bem complexo, mas vejo como uma tendência positiva o hábito de falar sobre saúde mental. As pessoas não conseguem mais evitar esse tema. Então, vejo cada vez mais pessoas e empresas focadas nesse assunto e buscando indicadores para acompanhar a saúde de forma proativa e não reativa.”
Ficou com vontade de saber mais? Para ver os dados completos da pesquisa, acesse aqui.
Sarita Vollnhofer é mãe de dois e CRHO da Alice, plano de saúde para empresas que também faz gestão proativa da saúde populacional dos seus membros. Antes de se juntar à Alice, ela atuou como Head de People & Performance na Movile e líder de projetos na consultoria de gestão Falconi. A executiva também tem passagens por organizações multilaterais como ONU, BID e Care International nos Estados Unidos, Europa, África e América Central. Sarita é graduada em Administração de Negócios pela FHWN (Áustria), possui mestrados em Saúde Pública e Relações Internacionais pela Universidade de Columbia (EUA), é Fulbright Scholar e faz parte da Rede de Líderes da Fundação Lemann.