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Entenda por que o mercado de trabalho precisa combater o etarismo e se adaptar a uma população cada vez mais longeva e ativa.
3 de Outubro de 2025
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O etarismo é uma forma de discriminação baseada na idade que afeta, sobretudo, o ambiente profissional. Esse preconceito gera exclusão, limita oportunidades e desvaloriza competências que vão além da idade. Reconhecer e enfrentar o etarismo é essencial para construir equipes diversas, mais justas e capazes de unir diferentes gerações em prol da inovação e do crescimento coletivo. Preparamos este artigo para você entender mais sobre o assunto. Continue lendo!
Índice:
Embora não conceitue diretamente o etarismo, o IBGE, por meio de seus levantamentos e projeções demográficas, evidencia a urgência de políticas públicas voltadas ao enfrentamento desse preconceito. Isso porque o Brasil vive um processo acelerado de envelhecimento populacional, que já impacta o mercado de trabalho e outras dimensões sociais.
Em 2023, pela primeira vez, os idosos deixaram de ser a menor parcela da população brasileira, ultrapassando os jovens de 15 a 24 anos. Segundo o instituto, pessoas com 60 anos ou mais representam hoje 15,6% da população, contra 14,8% dos que estão nessa faixa etária mais jovem — um movimento que vem se desenhando desde os anos 2000. A distribuição etária atual mostra:
As projeções do IBGE indicam que, em 2046, os idosos serão a maior parcela da população, chegando a 28%. Em 2070, essa fatia pode alcançar 37,8% — ou seja, mais de um terço dos brasileiros terá acima de 60 anos. Nesse cenário, a idade média do país, que era de 34,8 anos em 2023, deverá alcançar 51,2 anos.
Com mais idosos ativos e a necessidade de prolongar a permanência no trabalho, cresce o desafio de combater a discriminação etária que ainda restringe oportunidades para profissionais mais velhos. O cenário reforça a urgência de medidas capazes de enfrentar o etarismo e garantir condições dignas de vida para uma população cada vez mais envelhecida.
Pessoas com 60 anos ou mais têm cada vez mais permanecido ou retornado à atividade laboral, seja por necessidade financeira, interesse em se manter produtivas ou por outros fatores sociais e individuais.
De acordo com levantamento da pesquisadora Janaína Feijó, do FGV IBRE, realizado entre o final de 2012 e 2024, a presença desse grupo no mercado tem crescido de forma significativa: o número de idosos ocupados avançou quase 69%, alcançando 8,6 milhões de pessoas. Isso mostra que a população 60+ tem ampliado sua participação no mercado brasileiro, ainda que, na prática, essa inserção ocorra em condições desiguais.
Grande parte dos postos de trabalho acessados por esse público é caracterizada por baixa qualidade e remuneração reduzida, o que evidencia a vulnerabilidade dessa faixa etária. O estudo ressalta que a baixa escolaridade segue sendo um entrave para melhores oportunidades: mais da metade desses trabalhadores (53,8%) está na informalidade.
Uma pesquisa do Grupo Croma, baseada no estudo Oldiversity®, revela que 86% das pessoas com mais de 60 anos já sofreram algum tipo de preconceito no mercado de trabalho, independentemente de suas qualificações ou experiências. O problema se intensificou durante a pandemia de covid-19: entre o fim de 2019 e 2020, cerca de 800 mil profissionais acima de 60 anos foram demitidos ou ficaram desempregados, segundo dados do Ipea.
O impacto do etarismo não se restringe apenas aos idosos. Trabalhadores a partir dos 50 anos também enfrentam dificuldades. A pesquisa Etarismo e Inclusão 2023, conduzida pela consultoria Robert Half, mostra que 70% das empresas contratam pouco ou nenhum profissional dessa faixa etária, que hoje representa somente 5% da força de trabalho das organizações brasileiras.
Esse cenário contrasta com os números da população. De acordo com o IBGE, pessoas acima dos 50 anos correspondem a mais de 25% dos brasileiros e a 22% da força de trabalho no país. No entanto, apenas 5,6% das empresas dizem contratar profissionais nessa proporção, evidenciando a desigualdade entre oferta e demanda e reforçando a exclusão etária nos processos de recrutamento e crescimento profissional.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o etarismo está presente em diferentes dimensões da vida social e atinge todas as idades. A instituição explica que o preconceito de idade se manifesta por meio de estereótipos, sentimentos e atitudes discriminatórias, tanto em relação aos outros quanto a nós mesmos.
De acordo com a OMS, desde muito cedo, por volta dos quatro anos de idade, as crianças já começam a absorver os estereótipos etários de sua cultura e a reproduzi-los em seus comportamentos, o que pode levar até mesmo ao preconceito autodirecionado. Além disso, o etarismo se entrelaça a outras formas de desigualdade, como as relacionadas a gênero, raça e deficiência, ampliando ainda mais seus impactos.
A organização ressalta que esse tipo de preconceito pode ser percebido em diversos contextos, como políticas públicas que restringem direitos com base na idade, práticas que limitam oportunidades de jovens e idosos no mercado de trabalho e até comportamentos cotidianos de condescendência ou autolimitação.
Para enfrentar esse problema, a OMS recomenda três estratégias principais: a criação de políticas e leis que protejam contra a discriminação etária, ações educativas que promovam empatia e desconstruam estereótipos, e intervenções intergeracionais que aproximem pessoas de diferentes idades, favorecendo o diálogo e a redução de preconceitos.
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