SXSW: o que nos motiva a levantar da cama todos os dias?

Como a relação com o trabalho está mudando e o que isso representa para as próximas gerações

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Por SXSW 2025

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10 de Março de 2025

Leitura de 6 min

O terceiro dia do SXSW 2025 trouxe uma experiência imersiva e reflexiva sobre o futuro do trabalho. No Museum of the Future, uma instalação vinda diretamente de Dubai, os espectadores foram recebidos por painéis com vídeos psicodélicos e elementos artísticos, criando um ambiente futurista, perfeito para discutir o futuro do trabalho na palestra "What Is the ‘Why’ of Future Generations?".

O painel, conduzido pela socióloga Tracy Brower e pelo diretor-executivo do Dubai Future Institute, Patrick Noack, explorou uma questão essencial: o que nos motivará no futuro para continuar trabalhando, em um mundo cada vez mais tecnológico e imprevisível?

O problema pode estar na relação entre o avanço acelerado da tecnologia e o processo de entendimento das emoções humanas:

"O verdadeiro problema da humanidade é o seguinte: temos emoções paleolíticas, instituições medievais e tecnologia digna de deuses." — Edward O. Wilson (citado durante a palestra por Patrick Noack)

Como encontraremos propósito quando a forma de trabalhar — e até a existência de certas profissões — está sendo constantemente redefinida?

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Índice:

O que nos motiva a trabalhar?

Ao longo da história, o trabalho sempre esteve ligado à sobrevivência. E, durante séculos, nossa identidade foi definida pela família e pela comunidade. Mas, com a Revolução Industrial, passamos a nos identificar pelo que fazíamos: ferreiros, padeiros, engenheiros etc.

Mas essa lógica está mudando. Hoje, com o avanço da tecnologia e a busca por mais qualidade de vida, o trabalho não é mais apenas um meio de sobrevivência ou o aspecto central da nossa identidade, mas uma ferramenta de propósito e impacto.

Durante o painel, os participantes foram convidados a responder à pergunta: “Por que você trabalha?”

As respostas mais comuns foram paixão, propósito, impacto, fazer a diferença, família e progresso.

Isso mostra que, para muitas pessoas, o dinheiro não é o único fator motivador. Trabalhamos para nos conectar com algo maior, contribuir para nossas comunidades e sentir que estamos construindo algo significativo.

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Trabalho e identidade: qual é o limite?

Nossa profissão define quem somos? A relação entre identidade e trabalho foi um dos pontos mais debatidos no painel. Os especialistas destacaram três aspectos essenciais:

  • Centralidade – O quanto o trabalho faz parte da nossa identidade? Muitas vezes, nos apresentamos dizendo primeiro o que fazemos, e não quem somos.
  • Alinhamento – O quanto nosso trabalho reflete nossos valores? Nem sempre podemos escolher a profissão dos sonhos, mas quanto mais alinhado ele for com nossos princípios, maior será nosso bem-estar.
  • Dimensionalidade – Ter uma vida equilibrada significa encontrar satisfação em diferentes áreas: carreira, lazer, família e esportes. O desafio é não deixar o trabalho ser nosso único ponto de identidade.

No passado, ser workaholic era um símbolo de dedicação. Hoje, vemos o fenômeno oposto: quiet quitting, em que os profissionais fazem apenas o mínimo necessário. Mas, no fundo, o problema não está no trabalho em si, e sim na forma como nos relacionamos com ele.

O desafio é encontrar um equilíbrio: trabalhar com propósito, sem deixar que o trabalho defina completamente nossa identidade.

Diferentes gerações, diferentes perspectivas

A forma como enxergamos o trabalho também depende da nossa fase de vida. Durante o painel, um dado chamou atenção: 78% das pessoas acreditam que haverá conflitos geracionais dentro das empresas devido a diferenças na forma de encarar o trabalho.

Tracy e Patrick identificaram que cada geração tem um foco diferente:

  • Jovens profissionais: buscam aprendizado, mentoria e construção de redes de relacionamento.
  • Profissionais com mais tempo de experiência: estão focados em produtividade e performance, equilibrando carreira e vida pessoal.
  • Profissionais experientes: querem deixar um legado, contribuir com conhecimento e atuar como mentores.

Embora existam diferenças, há uma tendência clara: as gerações mais jovens estão priorizando o equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Elas cresceram vendo pais e familiares lidarem com jornadas exaustivas e os impactos disso na saúde mental e, por isso, não querem repetir esse modelo.

“Isso não significa que não valorizam o trabalho. Elas querem se dedicar, mas também querem tempo para cuidar do bem-estar e viver outras experiências”— Tracy Brower

O impacto das mudanças globais na forma como trabalhamos

Em outro momento interativo, o público respondeu à pergunta: "Quais mudanças globais afetam sua relação com o trabalho?"

As respostas mais citadas foram: escassez de trabalho, inteligência artificial, política, redes sociais, mudanças climáticas e trabalho remoto.

A IA, por exemplo, já está redefinindo carreiras. Muitos acreditavam que “a IA não substituiria empregos, mas sim pessoas que não soubessem usá-la”. Porém, com a inteligência artificial generativa, estamos vendo funções inteiras desaparecerem.

O impacto não é apenas econômico – afeta também nossa identidade e a forma como enxergamos nosso valor no mundo do trabalho.

Já as redes sociais têm mudado a forma como nos comparamos com os outros. Como apontado no livro "The Anxious Generation", citado no painel, a comparação constante tem prejudicado a saúde mental, impactando diretamente nossa relação com o sucesso e o trabalho.

Mas, ao mesmo tempo, o trabalho pode (e deve) ser um espaço de conexão, aprendizado e inovação. Afinal, grandes soluções nascem da colaboração e da troca entre as pessoas.

O papel das empresas no bem-estar e na saúde mental

Falar sobre saúde mental no trabalho deixou de ser tabu. Hoje, os colaboradores esperam que seus empregadores ofereçam suporte para seu bem-estar emocional.

Um dado impressionante foi compartilhado no painel: 69% das pessoas afirmam que seu líder impacta mais sua saúde mental do que um médico ou terapeuta, a mesma porcentagem de impacto de seus próprios parceiros ou parceiras.

Isso significa que a forma como líderes se comunicam e conduzem suas equipes pode afetar diretamente o equilíbrio emocional e a qualidade de vida dos colaboradores (esse ponto se conecta bastante com a palestra de Lia Garvin, que você pode ler clicando aqui). Empresas que investem nesse cuidado tendem a reter talentos e criar um ambiente mais saudável e produtivo.

Além disso, o motivo mais comum para as pessoas permanecerem em um emprego não é apenas o salário, mas as conexões e amizades que criam no ambiente de trabalho.

Por outro lado, o principal motivo para deixar uma empresa é a falta de confiança nos líderes e na gestão e a falta de benefícios que permitam que os colaboradores aproveitem a vida fora do emprego.

O futuro do trabalho está em nossas mãos

O painel "What Is the ‘Why’ of Future Generations?" deixou claro que, embora o futuro seja incerto, ele não está fora do nosso controle. Podemos escolher como nos relacionamos com o trabalho, garantindo que ele nos traga mais do que apenas dinheiro – mas também propósito, impacto e qualidade de vida.

O futuro do trabalho precisa ser mais humano – e aqui de Austin seguimos acompanhando conversas que nos ajudam a buscar o equilíbrio entre vida pessoal e trabalho.

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