Skill First: entenda a importância do recrutamento por competências

O jeito de trabalhar mudou. Hoje, algumas áreas já atuam com mais flexibilidade e equilíbrio entre a vida pessoal e o trabalho e as empresas precisaram se reinventar para atender aos profissionais que buscavam por uma rotina mais satisfatória para seus estilos de vida.

Do mesmo modo, o RH também precisou se adaptar e trouxe mudanças para o recrutamento e seleção de novos talentos. Assim, surgiu o que chamamos de skill first ou recrutamento por competências.

O que é skill first?

A ideia de contratação baseada em informações do currículo, como experiências profissionais, diplomas e cursos, tem sido cada vez menos vista pelos recrutadores. As famosas hard skills e soft skills ainda são importantes, mas já não são o principal atributo para a contratação de novos colaboradores. Como complemento, as empresas estão optando também pelo recrutamento por competências.

O termo skill first, que em tradução livre significa “habilidades primeiro”, propõe colocar as competências individuais como foco. Dessa forma, o profissional de RH passa a avaliar conhecimentos, recursos e habilidades específicas dos colaboradores para serem aplicados nas funções, ao invés das qualificações acadêmicas e experiências profissionais.

Em um ambiente em constante mudança e evolução, considerar as habilidades técnicas ou comportamentais acaba se tornando mais vantajoso do que olhar apenas para as experiências acadêmicas e profissionais. 

Benefícios da abordagem skill first 

Segundo o relatório “Putting Skills First: A Framework to Action” do Fórum Econômico Mundial, desenvolvido em conjunto com os principais especialistas dos setores público e privado, a abordagem de skill first traz melhorias no acesso às oportunidades.

Para os profissionais de gente e gestão, os benefícios vão além:

• Processo seletivo preciso: quando os profissionais de recrutamento e seleção focam nas habilidades, eles identificam rapidamente quais os candidatos mais adequados para a função. Isso minimiza o tempo e o custo investidos no processo seletivo;
• Redução de turnover: colaboradores com as competências exatas da função tendem a se sentir mais satisfeitos, diminuindo as chances de turnover;
• Diversidade e inclusão: se o ambiente considera candidatos com diferentes experiências e com as habilidades necessárias para o cargo, independentemente das qualificações, o ambiente de trabalho se torna mais diverso e inclusivo;
• Aprendizado contínuo ou Lifelong learning: com rápidas mudanças tecnológicas, contratar por competências faz com que a equipe se sinta mais preparada para as adaptações e aprendizados constantes de novas habilidades.

O que perguntar em uma entrevista por competências?

A metodologia STAR (Situação, Tarefa, Ação e Resultado) é utilizada por muitos candidatos em entrevistas comportamentais para responder de forma organizada e concisa sobre as questões. Do mesmo modo, o profissional responsável pelo recrutamento e seleção pode criar perguntas a partir desta técnica. Veja alguns exemplos de perguntas para uma entrevista por competências:

1. “Fale sobre o momento em que você teve que trabalhar com uma equipe para alcançar um objetivo comum.”
    
2. “Descreva uma situação em que você identificou um problema e tomou a iniciativa para resolvê-lo.”
    
3. “Cite um exemplo de uma ocasião em que você liderou um projeto ou equipe com sucesso.”
    
4. “Fale sobre uma vez em que você teve que explicar algo complexo para um colega ou cliente.”
    
5. “Descreva uma situação em que você teve que se adaptar a uma mudança significativa no trabalho.”
    
6. “Como você gerencia seu tempo quando enfrenta múltiplas tarefas com prazos apertados?”
    
7. “Conte sobre um projeto que exigiu um planejamento detalhado. Como você abordou a organização do projeto?”

Skill first: como implementar o recrutamento por competência?

1. Antes de iniciar o processo seletivo por meio das competências dos candidatos, é necessário definir de forma bem estruturada as funções da vaga em questão, identificando quais as habilidades necessárias para o bom desempenho da função; 
2. Dessa vez, ao invés de a descrição do cargo estar focada em qualificações ou experiências, o que entra em jogo são as habilidades dos candidatos. Portanto, elabore uma descrição que tenha esse foco;
3. Durante a entrevista, questione os candidatos sobre situações hipotéticas para entender as habilidades e competências. É possível se basear em experiências passadas e relacionadas ao cargo em questão para questionar como o candidato lidou com a situação. Você pode utilizar a metodologia STAR mencionada acima;
4. Algumas empresas aplicam testes práticos ou até mesmo simulações de trabalho relacionados ao cargo para observarem como o candidato lida, na prática, com as situações.

O relatório Futuro do Trabalho 2023 prevê que cerca de 23% dos empregos mudem até 2027. O recrutamento por competência já nos mostra que as habilidades não são mais um mero diferencial na contratação, mas podem se tornar a principal forma de recrutar e desenvolver equipes e lideranças para os próximos anos.