Futuro do trabalho com IA: e se o maior risco for humano?

Iniciativa integrou indicadores em uma plataforma única e compartilhou acesso com gestores, fortalecendo a cultura de resultados
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12 de Junho de 2025
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Em 2023, a epharma, plataforma de benefícios de medicamentos com 420 funcionários, identificou lacunas na capacidade de gestão de pessoas entre suas lideranças. Com isso, decidiu transformar sua área de recursos humanos (RH) em um centro de excelência (CoE, na sigla em inglês), reestruturando os serviços para os diversos setores da empresa e capacitando seus gestores.
“Alguns líderes tinham dificuldade em realizar avaliações de desempenho coerentes e fornecer feedbacks assertivos. Além disso, os processos e dados da área de pessoas estavam fragmentados, o que comprometia a autonomia das lideranças e sobrecarregava o RH no dia a dia”, explica Rafael Ramon Alves, analista de recursos humanos da epharma.
Foi nesse contexto que nasceu o CoE PeopleX, projeto encabeçado por Maria Alice Jovinski, naquela época gerente associada de People Experience. Um CoE é um um núcleo de conhecimento que, no caso da epharma, centraliza especialistas da área de pessoas para criar e implementar melhores práticas em processos, ferramentas e metodologias.
Índice:
A estruturação do projeto começou em março de 2024 com a criação de um squad dedicado, sendo lançado para toda a empresa no mês seguinte. Dados antes dispersos em planilhas, no Power BI ou sob controle exclusivo do RH foram centralizados em um site, promovendo visibilidade e autonomia para os gestores, que passaram a acessar informações e indicadores sem depender diretamente do time de RH.
“Reformulamos e padronizamos a organização dos dados, colocando todos nas mãos dos líderes e permitindo que gerem relatórios próprios. Mas ainda estamos perto deles, ajudando-os a ‘ligar’ diferentes dados e gerar insights. Por exemplo, eles são muito bons em ter a visão do check-in emocional de suas equipes, mas tinham dificuldades em usar essas informações. Então, os capacitamos para conectá-las a outros indicadores, como os de turnover”, explica Alves.
O CoE definiu seis áreas prioritárias para implementar esse trabalho com os líderes: Talent Acquisition, Onboarding, Engajamento, Performance, Desenvolvimento e Offboarding.
Em Engajamento, por exemplo, os líderes passaram a ter mais informações para indicar pessoas a prêmios. Também começaram a entender melhor os resultados das pesquisas de clima, agindo de forma mais assertiva dentro de seus times.
Em Desenvolvimento, o RH contratou uma consultoria que criou uma trilha de carreira para os gestores, capacitando-os em como elaborar planos de desenvolvimento para seus times. O projeto os ajudou a se aprofundar na estrutura de cargos e salários, garantindo mais equidade e reconhecimento.
Já no Offboarding, os líderes agora têm acesso a dados de desligamento antes restritos ao RH, podendo comparar o turnover de suas equipes ao geral da empresa e ajustar estratégias conforme necessário.
Com o CoE PeopleX, os líderes da epharma ganharam acesso direto e frequente a 15 indicadores relacionados a questões como banco de horas, controle de férias, engajamento e turnover. Essa autonomia deu a eles mais controle sobre seus times e reduziu as demandas diárias ao RH, liberando a área para se dedicar mais a projetos estratégicos.
A resposta dos líderes foi positiva. Uma pesquisa interna indicou que 63% estão satisfeitos com a iniciativa e 25% muito satisfeitos. Eles relataram maior independência e facilidade para tomar decisões baseadas em dados.
Os liderados também destacaram avanços, como a melhoria na qualidade dos feedbacks e das conversas one-to-one, evidenciando um fortalecimento da cultura de feedback e da gestão de pessoas.
Com a primeira fase concluída em 2024, o foco em 2025 está na capacitação das lideranças recém-contratadas ou em sua primeira experiência no cargo para que possam interpretar dados e traduzi-los em ações práticas.
O CoE PeopleX reflete o novo momento da companhia. “Estamos revisando nossos valores e inaugurando uma cultura voltada para resultados, que chamamos de Fire: foco, inovação, renovação e eficiência. Qualquer estratégia precisa incorporar esses quatro pilares desde o início”, conta Alves.
Conteúdo inédito da Think Work Lab para o Acrescenta, do iFood Benefícios. Em breve, também disponível no Think Work Lab, na área exclusiva para assinantes.