Os maiores causadores de afastamentos acidentários e não acidentários no Brasil

Levantamentos de órgãos oficiais mostram os setores mais afetados pelos principais problemas de saúde no trabalho

15 de Julho de 2025

Leitura de 4 min

O Brasil registra 83,65 acidentes de trabalho por hora, segundo dados do AEAT 2023 (Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho da Previdência), coletados e analisados pelo SEE-Fundacentro (Serviço de Epidemiologia e Estatística).

Isso representa 2.007,54 por dia732,751 por ano. Entre 2013 e 2023, foram registrados 6.810.735 acidentes, 27.484 óbitos e 1.569.684 afastamentos por mais de 15 dias de trabalho.

Em um cenário global, doenças e lesões ocupacionais foram responsáveis pela morte de 1,9 milhões de pessoas entre 2000 e 2016, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Problemas respiratórios e cardiovasculares são os principais responsáveis, sendo 81% dos casos relacionados a doenças crônicas não transmissíveis. Doença pulmonar obstrutiva crônica, acidente vascular cerebral (AVC) e doença isquêmica do coração estão no topo da lista. Os índices de óbito por lesões são menores, com 19%.

Apesar disso, o relatório WHO/ILO Joint Estimates of the Work-related Burden of Disease and Injury, 2000-2016: Global Monitoring Report mostra que as mortes no trabalho caíram 14% no período em questão, mas os quadros de doenças cardíacas e AVC referentes à exposição a longas jornadas profissionais aumentaram 41%19%, respectivamente.

Esses dados mostram que, embora os processos de saúde e segurança se tornaram melhores nos últimos anos, a cultura de excesso de trabalho se tornou um risco psicossocial refletido também de forma patológica.

Índice:

Perfil de afastamentos no Brasil

Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho disponibiliza dados públicos sobre uma série de pautas relacionadas ao bem-estar ocupacional, incluindo análises comparativas, saúde mental, notificações previdenciárias, entre outros.

Para analisar o perfil dos afastamentos, as informações são obtidas a partir do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e tratados e analisados pela plataforma SmartLab

Ao estudar o perfil dos casos, é possível construir uma base de conhecimento detalhada sobre grupos mais vulneráveis às ocorrências, permitindo o enfoque — e abertura para a elaboração de potenciais soluções — em variáveis econômicas, ocupações, agentes causadores e natureza das lesões.

Os dados a seguir são todos referentes ao período entre 2012 e 2024.

Atividades econômicas mais afetadas por afastamentos acidentários

  1. Transporte rodoviário de carga (3,68%)
  2. Comércio varejista em geral, com predominância de produtos alimentícios, hipermercados e supermercados (3,56%)
  3. Construção de edifícios (3,47%)
  4. Administração pública em geral (3,47%)
  5. Atividades de atendimento hospitalar (3,13%)

Atividades econômicas mais afetadas por afastamentos não acidentários

  1. Administração pública em geral (6,3%)
  2. Atividades de atendimento hospitalar (3,93%)
  3. Comércio varejista em geral, com predominância de produtos alimentícios, hipermercados e supermercados (3,73%)
  4. Restaurantes e outros estabelecimentos de serviços de alimentação e bebidas (2,94%)
  5. Construção de edifícios (2,68%)

Afastamentos acidentários por tipos de doenças

  1. Dorsalgia (20,6%)
  2. Lesões do ombro (16,7%)
  3. Outros (8,57%)
  4. Sinovite e tenossinovite (7,44%)
  5. Mononeuropatias (6,04%)

Afastamentos não acidentários por tipos de doenças

  1. Outros (29,3%)
  2. Dorsalgia (6,54%)
  3. Hérnia (5,23%)
  4. Neoplasia (5,18%)
  5. Discos invertebrais (4,81%)

Veja também — Principais problemas de saúde relacionados ao trabalho no Brasil

Afastamentos acidentários conforme a Classificação Internacional de Doenças (CID)

  1. Fraturas (40,9%)
  2. Osteomuscular e tecido conjuntivo (22,3%)
  3. Traumatismos (8,26%)
  4. Luxações (6,91%)
  5. Mentais e comportamentais (5,02%)

Afastamentos não acidentários conforme a Classificação Internacional de Doenças (CID)

  1. Osteomuscular e tecido conjuntivo (21,1%)
  2. Fraturas (16,9%)
  3. Mentais e comportamentais (11%)
  4. Aparelho digestivo (9,1%)
  5. Circulatórias (7,13%)

Afastamentos acidentários por causas externas

  1. Fraturas (62,2%)
  2. Traumatismos (12,6%)
  3. Luxações (10,5%)
  4. Ferimentos (6,71%)
  5. Amputações (4,22%)

Afastamentos não acidentários por causas externas

  1. Fraturas (66,7%)
  2. Luxações (13%)
  3. Traumatismos (11%)
  4. Ferimentos (3,87%)
  5. Sequelas (2,51%)

Ocupações mais vitimadas por afastamentos acidentários

  1. Alimentador de linha de produção (5,11%)
  2. Motorista de caminhão (3,71%)
  3. Auxiliar de limpeza (3,4%)
  4. Servente de obras (2,86%)
  5. Vendedor de comércio varejista (2,38%)

Ocupações mais vitimadas por afastamentos não acidentários

  1. Auxiliar de limpeza (4,69%)
  2. Vendedor de comércio varejista (4,27%)
  3. Alimentador de linha de produção (3,38%)
  4. Auxiliar de escritório (3,11%)
  5. Motorista de caminhão (2,55%)

Como evitar acidentes e doenças de trabalho?

Reduzir acidentes e doenças é uma tarefa complexa que envolve uma série de fatores individuais e coletivos, especificidades de cada área de atuação e elementos externos involuntários.

No entanto, com base em diretrizes legais e na experiência de profissionais qualificados, as empresas podem tomar algumas atitudes para tornar o ambiente de trabalho mais seguro:

  • Cumprimento das CIPAS (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e de Assédio), NRs (Normas Regulamentadoras) e padrões ISO (International Organization for Standardization);
  • trabalho integrado entre órgãos públicos;
  • utilização de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) e EPCs (Equipamentos de Proteção Coletiva);
  • utilização de equipamentos novos e/ou em boas condições, submetidos a manutenção regular;
  • investimento em treinamentos de segurança e conscientização;
  • investimento em ergonomia;
  • redução da jornada de trabalho;
  • incentivo a pausas ao longo do expediente;
  • oferecimento de benefícios de bem-estar, como planos de saúde, parceria com academias, programas de ginástica laboral, assistência psicológica, etc.

Quer mais dicas como essas para transformar a rotina com mais saúde, energia e bem-estar? Continue acompanhando o Acrescenta e fique de olho nos conteúdos da editoria Saúde no Prato, uma iniciativa do iFood Benefícios para levar mais equilíbrio ao ambiente de trabalho!

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