A armadilha verde: como identificar e evitar o greenwashing na estratégia da sua empresa

Em um mundo que clama por propósito, a sustentabilidade autêntica se torna o verdadeiro motor de valor.

15 de Outubro de 2025

Leitura de 4 min

A pauta da sustentabilidade deixou de ser um diferencial para se tornar um imperativo de mercado. Cada vez mais, consumidores, investidores e talentos buscam empresas que demonstram um compromisso genuíno com o meio ambiente e a sociedade. No entanto, o rápido crescimento dessa demanda abriu espaço para uma prática que pode ser tão prejudicial quanto a irresponsabilidade ambiental: o greenwashing.

O termo greenwashing, ou “lavagem verde”, refere-se à estratégia de marketing enganosa utilizada por empresas para se apresentarem como ambientalmente corretas e socialmente responsáveis, sem que suas ações reais sustentem essa imagem. É a arte de parecer verde sem realmente ser. Em um cenário onde a confiança e a transparência são moedas de alto valor, ser pego em uma prática de greenwashing pode custar caro à reputação e à perenidade de um negócio.

Índice:

Desvendando a fachada: como identificar o greenwashing

Identificar esse problema requer um olhar crítico e atento. Uma pesquisa da PwC revelou que 91% dos investidores brasileiros acreditam que os relatórios corporativos podem conter práticas de greenwashing, o que reforça a necessidade de vigilância. Muitas vezes, a tática se baseia em mensagens vagas, alegações sem prova ou foco em aspectos irrelevantes. 

Para gestores, líderes e profissionais de RH que buscam parcerias e investem em uma cultura corporativa verdadeiramente engajada, é fundamental saber reconhecer esses sinais:

  • Linguagem vaga e termos sem sentido: desconfie de rótulos como "ecofriendly", "natural", "verde" ou "sustentável" se não vierem acompanhados de informações claras e mensuráveis sobre o que exatamente os torna assim. Alegações amplas e genéricas, sem detalhes sobre processos, materiais ou impactos específicos, são um forte indício de greenwashing.
     
  • Falta de transparência e provas: empresas verdadeiramente sustentáveis se esforçam para documentar e comunicar suas ações. Se uma organização faz grandes declarações ambientais, mas não fornece dados verificáveis, relatórios de sustentabilidade auditados ou certificações de terceiros reconhecidos, há um sinal de alerta. A ausência de clareza sobre a cadeia de suprimentos ou o impacto total do produto/serviço também é um ponto a ser observado.
     
  • Compensação de um problema com outro: às vezes, uma empresa pode se gabar de uma iniciativa "verde" enquanto ignora ou piora outros aspectos ambientais de suas operações. Por exemplo, um produto que usa menos plástico, mas que é produzido com alta emissão de carbono em sua fabricação, pode ser um caso de greenwashing por "compensação".
     
  • Alegações irrelevantes ou obrigatórias: uma empresa que alardeia o cumprimento de regulamentações ambientais básicas (como não usar substâncias proibidas por lei) está, na verdade, cumprindo o mínimo. Isso não é um diferencial de sustentabilidade, mas uma obrigação. Da mesma forma, destacar um aspecto mínimo do produto que é "verde" enquanto o restante tem impacto significativo é outra tática.
     
  • Exagero visual e marketing excessivo: o uso abundante de imagens da natureza, folhas, tons verdes e embalagens rústicas pode criar uma percepção de sustentabilidade que não corresponde à realidade da companhia. O marketing "verde" desproporcional às ações reais é um forte indicador.

O compromisso genuíno: investindo na sustentabilidade autêntica

Para as empresas que desejam, de fato, construir um legado sustentável e evitar a armadilha do greenwashing, o caminho passa por um compromisso profundo e estratégico, que vai além do marketing. É fundamental integrar a sustentabilidade ao core do negócio, fazendo dela uma lente através da qual todas as decisões são tomadas, desde a concepção de produtos e serviços até a operação diária. Isso significa repensar a cadeia de valor, a logística, o uso de recursos e o descarte de resíduos. Além disso, é essencial definir metas claras e mensuráveis, estabelecendo objetivos específicos como a redução de emissões de carbono, o uso de energias renováveis, a diminuição do consumo de água ou a gestão eficiente de resíduos, monitorando o progresso e divulgando os resultados de forma transparente. 

A cultura organizacional é a base para qualquer transformação, portanto engajar e educar os colaboradores é crucial. Líderes e RHs têm um papel fundamental em promover a conscientização, incentivar práticas sustentáveis no ambiente de trabalho e envolver os colaboradores em iniciativas de ESG (Ambiental, Social e Governança). 

Por fim, investir em inovação sustentável, desenvolvendo soluções, produtos e serviços que sejam inerentemente mais sustentáveis, buscando novas tecnologias, materiais e processos que minimizem o impacto ambiental e gerem valor social, mantendo a transparência e responsabilidade e sendo honesto sobre os desafios e o progresso, construirá muito mais confiança do que fingir perfeição.

A autenticidade é a nova fronteira da competitividade. Empresas que se dedicam a uma sustentabilidade genuína não apenas protegem o planeta, mas também atraem e retêm talentos, conquistam a lealdade de clientes e constroem um valor duradouro para o futuro.

 

Transformar benefícios em ativos estratégicos é o primeiro passo para uma gestão de pessoas que valoriza a singularidade e o propósito. Continue explorando insights valiosos para líderes e RHs que buscam construir ambientes de trabalho mais diversos, produtivos e, acima de tudo, autênticos aqui no Acrescenta.

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