Total Rewards 3.0: A Personalização que Engaja (e o RH que Aprende com Dados)

A IA está apagando o meio da pirâmide e mudando o desenho das empresas.

Um dos maiores especialistas em Remuneração e Benefícios do Brasil, com mais de 20 anos de experiência em liderança de RH, Operações e People Analytics em gigantes como IBM, XP Inc. e OLX. Co-fundador da Comp.
24 de Novembro de 2025
Leitura de 7 min
Se amanhã você apagasse uma camada do organograma, o cliente perceberia?
Se a resposta for “não”, essa camada já é custo de oportunidade.
Nas últimas semanas, tenho falado em palestras, artigos e eventos sobre dois movimentos que estão mudando silenciosamente, profundamente, a estrutura das empresas: a seniorização acelerada das áreas de tecnologia e o apagão de talentos qualificados. Mostrei como a IA está achatando a base da pirâmide, reduzindo cargos de entrada, encurtando trilhas de carreira e pressionando as empresas a disputarem especialistas como se estivessem em um leilão contínuo.
Mas existe outra parte da pirâmide que também está sendo reconfigurada, e que pouca gente está prestando atenção.
Se a base está encolhendo, o que acontece com o meio?
É aí que mora o ponto cego de muitas lideranças: enquanto todos olham para a guerra por talentos sêniores, o maior impacto estrutural está acontecendo na camada de gerência média. E não por moda, mas por matemática, tecnologia e custo de oportunidade.
Hoje, quero falar sobre ela.
Agora imagine um desenho organizacional assim:
Ficção? Não. É o modelo operacional de empresas IA-native como Owkin, OffDeal e mesmo a Comp, organizações que nascem (ou se redesenham) com a IA no centro do negócio e da arquitetura.
Nelas, o “miolo” que antes era ocupado por camadas intermediárias vira software: agentes, copilotos, automações.
E os humanos ficam onde a máquina não chega: decisão difícil, julgamento, direção e cliente.
É menos hierarquia, mais fluxo, mais velocidade.
E não são só as nativas. Big Techs estão correndo atrás, e rápido.
O que está acontecendo é simples: produtividade exponencial da IA + apagão de talento crítico + pressão por margem.
Menos gente na base. Decisões mais rápidas no topo.
E o meio…ficando sem função.
Índice:
Liderança vira coaching + decisão difícil; controle vira software.
Esse é o chamado modelo sanduíche, que traduz o “losango de impacto”:
O que sobra?
Menos camadas → mais autonomia nas pontas.
Mais IA → menos reunião de status, mais decisões assistidas.
Mais ritmo → menos chefia burocrática, mais líderes que formam pessoas.
“Se o ‘losango de impacto’ mostra o novo formato das organizações, cinco frentes explicam como as empresas estão se adaptando a ele: o org design, o custo da oportunidade, o papel do CHRO no redesenho, os riscos de execução e o sinal público de maturidade.
Essas cinco dimensões estruturam o que vem a seguir:
Camadas que apenas intermediavam — consolidavam status, repassavam informação, aprovavam por reflexo — viram fricção mensurável.
Spans & layers — metas pragmáticas:
Cada camada extra consome:
A Microsoft explicitou ao elevar spans; a Amazon ao vincular cortes à eficiência via IA.
Pense assim:
Custo de oportunidade por camada = (folha da camada + horas de espera/hand-offs × custo-hora + retrabalho) – ganhos claros de decisão.
Se a camada não retorna ao menos 3× isso em velocidade, qualidade ou impacto financeiro, ela é candidata a eliminação ou redesenho. Para o CFO, é matemática, não ideologia.
Regra de bolso do comitê executivo: cada camada precisa devolver múltiplos do que custa.
O resto é vaidade organizacional cara.
Cortes cegos geram:
Mitigue com:
A IA sinaliza; o humano decide e comunica.
Quer tirar o tema do achismo e mostrar ao mercado que org design + remuneração são tratadas como alavancas estratégicas?
O Prêmio de Maturidade em Remuneração da Comp, com Selo de Empresa Madura (12 meses), noticiado pelo Mundo RH é um referencial independente de governança, não um produto.
IA sinaliza, humano decide, sempre.
“Mas minha operação precisa de coordenação diária; sem gerente vira caos.”
Sim, plantas, logística e BPO exigem supervisão.
A resposta não é amputar, é redesenhar: menos repasse de recado, mais gestão de capacidade, padrões, segurança e gente.
Fecho com um convite
As demissões recentes deixaram claro: o meio está sob escrutínio.
O que define quem fica não é o título, é o impacto.
Quer testar isso com método? Faça um Org Audit 6×6: 6 semanas, 6 decisões:
Esse é o futuro do desenho organizacional: mais leve, mais rápido, mais inteligente.
Mas o próximo impacto não será estrutural — será humano.
Quando a IA assume o tático e as camadas somem, sobra uma pergunta inevitável:
Quais líderes e colaboradores têm as skills para sobreviver a isso?
Esse será o tema do próximo artigo:: os novos músculos da liderança e do trabalho na era da IA, e o custo de não desenvolvê-los agora.
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