Raízen atinge metas de pessoas negras e PcDs

Novo programa de estagiário, trainee e jovem aprendiz da Raízen contrata 192 profissionais: 44% pretas e pardas, e 7% com deficiência

Foto de Think Work

Por Think Work

Desde 2020, a Think Work existe com a missão ajudar o RH a transformar o mundo do trabalho, trazendo: ideias inovadoras, aplicações práticas, conexões relevantes e ferramentas úteis para impactar positivamente o RH e a gestão de pessoas.

6 de Dezembro de 2024

Leitura de 5 min

A Raízen, que produz açúcar, etanol e energia renovável, tinha em 2023 algumas iniciativas voltadas para a diversidade e inclusão. Uma delas eram os grupos de afinidade de funcionários para troca de vivências e ideias. Os chamados Transformadores eram organizados em quatro áreas: gênero, raça, pessoas com deficiência (PcDs) e LGBTQIAP+. 

Olhando para alguns indicadores de contratação, a área de Gente percebia que estava no caminho certo na representatividade de gênero (no primeiro semestre de 2023, 57% das funcionárias eram mulheres) e na de identidade sexual (10% de empregados se identificavam como pertencentes à comunidade LGBTQIAP+) — números similares à proporção na sociedade brasileira como um todo. 

Contudo, o objetivo não tinha sido alcançado na diversidade racial nem na de pessoas com deficiência. No primeiro semestre de 2023, por exemplo, somente 27% dos novos estagiários e trainees eram pretos e pardos. Para PcDs, sequer havia medições. 

“Percebemos que precisávamos fazer muito mais nesse sentido. Após muita reflexão, concluímos que o programa de estágio era o caminho ideal para trazer essas pessoas para dentro da companhia, uma vez que a taxa de efetivação da Raízen é de 65%”, conta Irina Fortes Catta Preta, diretora de Gente da Raízen. 

Com mais de 45.000 trabalhadores, a Raízen possui um programa de estágio que conta em média 600 vagas em todo o Brasil e atende as 12 grandes áreas de negócios da companhia.

Índice:

O caminho

Após três meses de planejamento no início de 2023, a área de Gente criou o Programa Transformar, um projeto afirmativo dentro do programa de contratação de estagiários, trainees e aprendizes da Raízen.

O nome escolhido faz tanto referência aos grupos de afinidades, os Transformadores, como também traz um conceito que a Raízen almejava: transformação e mudança.

Garantir a diversidade no planejamento foi imprescindível. Para tal, a área de RH chamou centenas de funcionários dos grupos de afinidade de raça e PcD para participar da criação do Transformar. 

“São eles que têm propriedade para falar do assunto. Não adiantava a gente chamar uma consultoria de fora para falar de diversidade. Essa inclusão tinha que começar aqui dentro”, explica Irina. 

Da criação de peças visuais e divulgação à etapa de seleção e onboarding, a Raízen mudou diversos aspectos de sua seleção e treinamento, pensando na comunicação mais alinhada com o público-alvo e também no acolhimento e desenvolvimento específicos para esses grupos.

A campanha de atração foi representativa e acessível, com textos, fotos e vídeos 100% acessíveis. Funcionários negros, pardos e PcD voluntários se tornaram embaixadores do programa, atraindo organicamente mais de 20.000 pessoas nas redes sociais, com destaque para Instagram, Tik Tok e Linkedin. Além disso, a Raízen também contou com parceiros e influenciadores, como Andrea Schwartz, Lelê Martins, Luiza Habib, Arlane Gonçalves e Carreira Preta, para divulgar o programa nas redes sociais — com eles, o Transformar alcançou mais de 680.00 pessoas no Brasil.

Na etapa de seleção, os líderes foram treinados com uma agenda específica sobre diversidade e inclusão. E aqueles que receberiam os novos estagiários do Programa Transformar, também passaram por uma série de palestras de sensibilização e letramento sobre diversidade, antirracismo e anticapacitismo na prática. O time de RH também desenvolveu um material com “Dos” e “Don’ts” para ser consultado no dia a dia. 

Por fim, no onboarding dos selecionados, a empresa criou duas trilhas de desenvolvimento. Uma padrão, focada em aspectos comportamentais do estagiário, pensando nos próximos passos de sua carreira; e outra totalmente desenhada para o Transformar, de acordo com as necessidades de seu público. 

Nessa trilha, houve rodas de conversas dos novos estagiários com funcionários dos grupos Transformadores, gerando escuta, acolhimento e troca de experiências, além de bate-papos com líderes que foram ex-estagiários. Esses encontros serviram para mapear temas que posteriormente foram abordados com eles pelo RH e pelos líderes, de modo a eliminar gatilhos que poderiam atrapalhar na evolução da carreira, como síndrome de impostor e sabotadores psicológicos.

Resultados

Até agora, o Programa Transformar da Raízen teve duas edições. No segundo semestre de 2023, foram 24.659 inscritos e 295 estagiários contratados, sendo 41% de pretos e pardos e 4% de pessoas com deficiência. No primeiro semestre de 2024, contudo, a evolução foi ainda maior: dos 23.093 inscritos, 192 foram selecionados, com 44% de pretos e pardos, e 7% de PcDs.

“Ficamos muito satisfeitos com o resultado rápido em um ano, pois chegamos perto da porcentagem geral de representatividade na sociedade brasileira”, analisa Irina. “Até evoluímos em outras áreas que já nos satisfazia, como na contratação de mulheres, cuja proporção agora saltou para 63%”, completa. 

Segundo a diretora, os estagiários relataram aos seus líderes e em rodas de conversa que se sentiam acolhidos na empresa a partir do Programa Transformar. Por exemplo, diziam que conseguiam ter senso de pertencimento, que enxergavam outras referências de pessoas iguais a eles em cargos de liderança e que, pela primeira vez, estavam se sentindo à vontade para falar de temas como preconceito no ambiente de trabalho. Em 1  ano de programa, houve casos de pessoas que foram efetivadas após seis meses de casa.

Para 2025, a Raízen manterá o Programa Transformar, que considera um grande sucesso, mas projeta calibragens. A empresa entendeu que, para cada departamento e necessidades do trabalho, será preciso pensar em perfis diferenciados na atração e seleção. Em algumas áreas, há mais tempo para o estagiário desenvolver habilidades e adquirir conhecimentos. Em outras, há uma necessidade urgente de ele entrar na companhia mais formado.

“Para algumas áreas, funciona o que fizemos nas duas primeiras edições do programa, de não cobrar do candidato inglês, ou evitar uma série de filtros sobre cursos etc., pensando justamente no nosso dever de inclusão e desenvolvimento. Já em outras áreas, não tem como não cobrar inglês, e percebemos isso agora”, diz a executiva.

*Conteúdo inédito da Think Work Lab para o Acrescenta, de iFood Benefícios. Em breve, também disponível no Think Work Lab, na área exclusiva para assinantes.

Diversidade e inclusão

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