Qual a relação de alimentação e produtividade no trabalho?

Liderança, escuta, saúde mental e IA: veja os destaques do segundo dia do RH Rio com reflexões potentes sobre o futuro do trabalho.
29 de Maio de 2025
Leitura de 14 min
No segundo dia do RH Rio, o palco foi tomado por grandes nomes e reflexões ainda maiores. De um campeão olímpico a neurocientistas e especialistas em cultura organizacional, as palestras trouxeram provocações essenciais sobre liderança, escuta, saúde mental, relações de trabalho e o papel da curiosidade em tempos de IA.
O que todos esses temas têm em comum? Uma visão mais humana, consciente e corajosa sobre o futuro do trabalho. Vem com a gente nessa imersão pelos aprendizados e inspirações que marcaram esse dia!
Índice:
Nalbert Bitencourt, iniciou as palestras do segundo dia do RH Rio com muita energia e carisma. O ex-jogador da Seleção Brasileira de Vôlei e campeão Olímpico compartilhou um pouco de suas conquistas e desafios ao longo da carreira e lembrou a todos que a jornada de um líder é repleta de imprevistos, derrotas e também sucessos.
“A gente deve persistir no nosso caminho, no que a gente quer, porque muitas vezes o que queremos não vem na mesma hora.” afirmou o campeão Olímpico.
Objetivo por objetivo, meta por meta, para Nalbert um líder precisa ter consistência e disciplina, é importante sempre buscar a excelência e entender que a evolução é constante.
“Quem tem disciplina, quem faz o que precisa ser feito, nunca se arrepende.” concluiu.
Mas nada se constrói sozinho, a equipe é que te guia para a vitória. Nalbert relembrou que como equipe é importante aprender com os erros. Na seleção brasileira de vôlei foi um período de derrotas, que os fortaleceu como time, pois o segredo era a conexão coletiva e compreender que sozinho não se chega a lugar nenhum.
“Liderança positiva, gera outras lideranças positivas [..] um grande líder é aquele que gera outros líderes.”
Nalbert fechou a palestra, lembrando que obstinação é necessária na vida, persistir, resistir mesmo diante de cada obstáculo.
“Depois que a gente brinca, a gente fica amigo.”
Foi com esta frase que o escritor Claudio Thebas - autor do livro "O palhaço e o psicanalista" - contando uma pequena história de sua vida abriu sua palestra repleta de carisma, alegria e significado.
Ao apresentar seu livro infantil a crianças de uma escola, se deparou com esta frase de um pequeno rapaz. Naquele contexto, a mensagem era que: antes de trocarmos, precisamos criar um estado, gerar proximidade.
Para Cláudio, antes de um conteúdo e de um método, precisamos trabalhar o estado, isto é, gerar conexão, gerar proximidade, criar um espaço onde você possa ser quem é, sem medo de julgamentos. O trabalho conjunto precisa de um estado: o de segurança psicológica.
E para criar um estado de segurança psicológica é necessário instantes de acolhimento, que é simplesmente: escutar. Escutar é compreender profundamente o que o outro fala, compreender os sentimentos e a perspectiva do outro sem julgamentos.
Vínculo é a força do acolhimento informal, afetuoso e verdadeiro.
E com essa ideia, nasceu a Rede de Escutadores na General Motors. Um projeto que começou como resposta à dor – o aumento de casos de depressão, burnout e isolamento durante a pandemia – e se transformou em um espaço de cuidado real. Um espaço onde as pessoas não estão ali para resolver, opinar ou dar conselhos, mas para escutar. Simples e profundamente transformador.
A escuta, como Cláudio defende, é um ato revolucionário. Quando escutamos alguém de verdade, oferecemos algo raro: presença. E presença cura, conecta, fortalece vínculos. O que começou como uma rede informal se tornou um símbolo do que o ambiente de trabalho pode ser: um lugar de relações humanas verdadeiras.
Porque antes de performar, a gente precisa pertencer
A palestra de Cláudio Thebas é um lembrete poderoso de que, antes de falarmos de metas, entregas ou produtividade, precisamos falar de vínculos. De humanidade. De criar um estado emocional onde todos possam existir sem medo, com espaço para serem quem são.
É o estado que precede o conteúdo. A conexão antes da colaboração. O brincar antes da confiança.
Porque no fim, é como disse aquele menino com a sabedoria simples de quem ainda não aprendeu a complicar:
"Depois que a gente brinca, a gente fica amigo."
E a amizade — ou o vínculo genuíno — é o solo onde tudo floresce: inovação, coragem, trabalho em equipe, saúde mental e pertencimento.
Na era da inteligência artificial, dados abundantes e soluções cada vez mais rápidas, um elemento essencial continua sendo 100% humano: a curiosidade. Alexandre Santille, fundador da Teya, trouxe esse tema à tona em uma palestra poderosa sobre como cultivar essa competência — nas lideranças, nas equipes e dentro de nós mesmos.
Mais do que uma simples característica pessoal, a curiosidade é uma soft skill estratégica para o presente e o futuro do trabalho. É ela que nos move a fazer perguntas melhores, a enxergar caminhos não óbvios e a buscar o aprendizado constante. Em um mundo em que respostas estão a um clique de distância, quem sabe fazer as perguntas certas sai na frente.
Curiosidade é dopamina em ação
Santille destacou um dado interessante da neurociência: ser curioso ativa a liberação de dopamina — o neurotransmissor associado ao prazer e à motivação. Ou seja, quando nos permitimos explorar, investigar, descobrir, nosso cérebro ativa. É o combustível interno da inovação, da resiliência e da evolução pessoal.
No contexto da Teya, a curiosidade não é só incentivada — ela é praticada. Está nas conversas entre pares, nas reuniões de liderança e nos rituais de aprendizado. A cultura da empresa se baseia em fomentar o interesse genuíno das pessoas: pelo mundo, pelos outros e por elas mesmas.
Cultive o hábito que quebrar hábitos
Curiosidade é o que nos tira do piloto automático. É o que nos faz crescer, mesmo sem um plano definido. E no ambiente de trabalho, é o que separa os profissionais que apenas executam daqueles que transformam.
O oposto da curiosidade é a conformidade
Mais do que uma competência, a curiosidade é uma postura. E talvez, em tempos tão acelerados, ela seja o nosso maior diferencial.
Foi observando as mudanças no mundo do trabalho que Túlio Custódio, sociólogo, sócio e curador da Inesplorato, decidiu escrever sua tese de doutorado. Transições de carreira, vontade de mudar de cidade ou país, incertezas, expectativas. Tudo isso vinha se tornando cada vez mais comum nas conversas. Mas, junto a esse movimento, algo também crescia em paralelo: ansiedade, frustração e exaustão.
O desejo de liberdade cresceu. Mas será que estamos mesmo mais livres?
Para Túlio, o capitalismo nos vende a ideia de liberdade, mas nos mantém presos à lógica de produtividade constante. Vivemos querendo mais controle sobre nossas vidas, mas seguimos reféns do trabalho. O sistema mudou, sim — mas nem sempre para melhor.
Entre as principais mudanças, ele destaca três:
No fim das contas, o resultado é um só: sobrecarga. E ela está custando caro.
A conversa também ganhou contornos pessoais com o relato sincero de Suzana Freitas, Diretora de Pessoas e Cultura da Zerezes. Ela compartilhou suas experiências com crises de ansiedade e como isso a fez repensar completamente sua relação com o trabalho. Foi a partir do caos interno que ela começou a enxergar o que fazia sentido — e o que não fazia mais. O que ela queria manter. O que precisava soltar.
Para Luísa Índio, Consultora de desenvolvimento humano, quando priorizamos a vida pessoal, o mercado parece responder com culpa. Ela explica que queremos mais vida, mas ainda enfrentamos barreiras culturais e estruturais que dificultam essa mudança;
Túlio reforça que discutir flexibilidade é importante — mas não basta. É preciso entender a qualidade de cada trabalho, garantir a dignidade das relações e promover uma cultura mais horizontal, de colaboração genuína entre pessoas, e não apenas entre cargos.
No fim, talvez o que estejamos buscando, mais do que liberdade ou equilíbrio, seja autenticidade. A chance de viver uma vida que seja realmente nossa — dentro e fora do trabalho.
Carla Tieppo, neurocientista e CEO da Ilumne, começou sua palestra com uma provocação da futurista Amy Webb:
“O futuro aponta para um superciclo tecnológico.”
Mas será que estamos mesmo preparados para ele?
A pergunta que Carla nos lançou logo em seguida foi direta e poderosa:
"Conseguimos imaginar o que será esse avanço tecnológico?”
Tecnologias surgem numa velocidade avassaladora — mas saberemos realmente como usá-las de forma consciente e benéfica?
Enquanto o mundo evolui, nós também mudamos. Só que nem sempre para melhor.
Vivemos em estado BANI: frágeis, ansiosos, não lineares e incompreensíveis.
E isso afeta nossa saúde mental, nossas relações e até nossa produtividade. Carla explicou que estamos reagindo ao caos com um esforço enorme de adaptação, o que exige de nós algo que poucos têm falado: inteligência emocional e neuroplasticidade real.
Afinal, o que estamos tentando adaptar?
Ela dividiu as tensões que enfrentamos em três camadas:
Tudo isso nos leva a um estado de estresse crônico.
Não é um cansaço comum — é um esgotamento da mente, do corpo e da alma.
Nesse cenário, Carla trouxe uma reflexão crucial:
Qual será o papel dos cérebros naturais e dos cérebros artificiais?
Se por um lado as IAs têm a capacidade de aprender e processar dados de forma inimaginável, por outro, somente nós, seres humanos, temos o monopólio do desejo.
Somos os únicos que sentem a pulsão da vida — a força que nos move, que nos faz buscar sentido e prazer.
E é aí que entra a dopamina.
Esse neurotransmissor, conhecido por estar ligado ao prazer e à motivação, é também o que nos move. Carla explicou que nos sentimos esgotados justamente porque vivemos sob uma eterna expectativa de recompensa. A cada meta, notificação, conquista ou curtida, uma pequena dose é liberada — e vamos seguindo. Até que não aguentamos mais.
Mas a dopamina também pode ser nossa aliada.
Ela marca comportamentos adaptativos, nos ajuda a buscar coisas que realmente importam — se soubermos usá-la com intenção.
A IA pode (e deve) ser uma aliada para nos reconectar com o que faz sentido. Nos libertar de tarefas repetitivas, abrir espaço para a criatividade, o afeto, o ócio criativo, a arte, o pensamento crítico.
Mas Carla fez um alerta: Sempre que novas ferramentas surgem, parte da sociedade sobe um degrau. E outra parte fica para trás.
Não por falta de capacidade, mas por falta de acesso, estímulo ou escolha.
Por isso, mais do que apenas acompanhar a tecnologia, precisamos nos preparar como sociedade para lidar com ela de forma ética, adaptativa e profundamente humana.
E neste contexto, que surge na visão de Carla o super ciclo humano, que nos exigirá habilidades específicas para lidar com o super ciclo tecnológico, que ela definiu como:
Porque, no fim das contas, o futuro não será só sobre tecnologia. É sobre como nós, seres humanos reagimos e nos reinventamos com os avanços tecnológicos.
Vanessa Gomes, Associate Client Partner na Korn Ferry, abriu o encontro falando sobre a remuneração variável como ferramenta de atração, retenção e engajamento — mas com um alerta importante: ela só faz sentido quando está conectada à cultura da empresa e às entregas esperadas. Segundo ela, para funcionar de verdade, um programa de remuneração variável precisa ser:
Mas será que os colaboradores entendem como isso funciona?
Vanessa provocou o público com uma pergunta direta:
“Você acha que a maioria dos funcionários entende a estratégia de remuneração da sua empresa?”
A resposta veio com Érika Santiago, Organizational, Total Rewards & HR Operations Director na Vibra: “Na maior parte das vezes, não”.
Segundo ela, muitas pessoas não sabem quais são as metas da empresa, tampouco as suas metas individuais. Faltam clareza sobre critérios de avaliação, desdobramentos dos programas de incentivo e entendimento sobre como os bônus são distribuídos.
E quando a comunicação falha, a percepção de justiça também falha.
Rodrigo Accarini, Cliente Partner na Korn Ferry trouxe um complemento essencial à discussão: a cultura precisa reforçar o sistema de recompensa. Caso contrário, o que deveria motivar acaba desmotivando.
Ele compartilhou os aspectos culturais mais valorizados pelos brasileiros no ambiente de trabalho — e que influenciam diretamente na permanência dos talentos:
No final das contas, a grande pergunta é: o que realmente retém as pessoas nas empresas?
Érika foi enfática: trabalho significativo. E isso exige mais do que números e metas no papel. Significa dar sentido ao que se faz, tornar os processos mais didáticos e acessíveis — principalmente quando o assunto é remuneração.
Na Vibra, esse olhar virou prática. No último ano, a empresa investiu na reformulação dos programas de incentivo, desmistificando os critérios de remuneração, deixando-os mais pedagógicos e próximos da realidade dos colaboradores.
Entre as iniciativas, Érika destacou:
“Nosso compromisso é continuar evoluindo. Reconhecer os talentos que já estão conosco é o primeiro passo para construir uma cultura que valoriza — de verdade — as pessoas”, finalizou Érika.
O iFood Benefícios, além de marcar presença no evento para compartilhar, via Acrescenta, os ricos conteúdos e conversas que aconteceram nesses dois dias de RH Rio, também foi patrocinador do Fórum Executivo do evento.
Reunindo executivos de RH e CEOs, o espaço — além de muito networking — contou com palestrantes incríveis, como Gustavo Pimenta, CEO da Vale, e Raquel Reis, CEO da SulAmérica e Presidente da FenaSaúde.
Ao longo das discussões, ficou evidente como estratégia, cultura e pessoas são os verdadeiros pilares que sustentam o crescimento dos negócios. E, com convidados de peso, esse encontro reforçou o compromisso do iFood Benefícios em ser um parceiro estratégico do RH e das empresas, investindo no que realmente importa: gente, bem-estar e transformação de dentro para fora.
Porque apoiar o RH é, acima de tudo, acreditar no poder das pessoas para mover o mundo.
E se você curtiu esse resumo, não para por aqui!
Corre pra conferir o que rolou no primeiro dia do RH Rio — tem ainda mais provocações incríveis sobre o mundo do trabalho. E claro, segue acompanhando o Acrescenta, o Hub de Conteúdos do iFood Benefícios, para mergulhar em temas que realmente transformam a forma como vivemos e trabalhamos.