Pensão alimentícia: quando o filho tem direito?
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Como ter cuidado e evitar que essa prática leve a decisões desconectadas da realidade organizacional
Executivo de Recursos Humanos com mais de 15 anos de experiência em gestão de pessoas. Atualmente, é Sócio Diretor de Gente & Gestão na FSB Holding e lidera a estratégia de Gente da companhia
20 de Fevereiro de 2025
Leitura de 3 min
O ambiente empresarial é frequentemente influenciado por tendências globais e discussões sociais, muitas das quais impactam diretamente as práticas de Recursos Humanos. No entanto, a adoção irrefletida de políticas e programas baseados em modismos ou pressões ideológicas pode levar a decisões desconectadas da realidade organizacional. Seja no debate sobre trabalho presencial versus remoto, na implementação de programas de ESG e diversidade, ou na redefinição de modelos de avaliação de desempenho, a chave está em equilibrar inovação com autenticidade e consistência organizacional.
Índice:
Cada empresa possui uma cultura organizacional única, moldada por seus valores, história e dinâmica de trabalho. Segundo Edgar Schein, a cultura de uma organização é o alicerce que orienta suas práticas e decisões. Isso significa que políticas bem-sucedidas em uma empresa podem não funcionar em outra, com características distintas.
O trabalho remoto é um exemplo claro. Em algumas organizações, especialmente aquelas baseadas em tecnologia, o modelo remoto pode aumentar a produtividade e melhorar o equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Já em empresas cuja cultura valoriza a presença física, como bancos tradicionais ou fábricas, a ausência no ambiente de trabalho pode gerar desconexão e perda de eficiência. A imposição de um único modelo, com base em modismos ou discursos polarizados, pode desconsiderar os aspectos essenciais do negócio e das pessoas que nele trabalham.
Outro caso é a adoção de programas de ESG (ambiental, social e governança) e de diversidade. Embora essas iniciativas sejam amplamente reconhecidas como importantes, a forma como são implementadas deve refletir a realidade da empresa.
Por exemplo: uma multinacional com forte presença em mercados internacionais pode investir em metas ambiciosas e alinhadas a padrões globais, enquanto uma pequena empresa local pode priorizar ações mais modestas, mas alinhadas à sua capacidade e valores. A politização dessas práticas, sem considerar a realidade organizacional, pode gerar ceticismo interno e comprometer a autenticidade do programa.
Outro tema recorrente é a frequência e o formato das avaliações de desempenho. Nos últimos anos, muitas organizações abandonaram o modelo tradicional de avaliação anual em favor de ciclos mais curtos e ágeis. Essa mudança, inspirada por grandes empresas como Google e Microsoft, pode ser eficiente em ambientes onde a inovação e o ritmo acelerado de projetos exigem feedback constante. No entanto, em organizações com estruturas hierárquicas mais rígidas ou em setores menos dinâmicos, como indústrias de manufatura, a frequência elevada de avaliações pode ser percebida como excessiva e desnecessária.
A adoção de mudanças apenas para "seguir a tendência" pode gerar confusão entre os colaboradores e minar o engajamento, especialmente quando essas alterações não são sustentadas por uma justificativa clara ou por evidências de que funcionam no contexto específico da empresa.
As constantes oscilações em políticas e práticas de RH afetam não apenas os colaboradores, mas também a percepção dos investidores e do mercado. Quando as empresas cedem à pressão de modismos, correm o risco de transmitir falta de consistência e foco, gerando insegurança nos stakeholders.
Jim Collins, em seu livro "Empresas Feitas para Vencer", enfatiza que as organizações bem-sucedidas são aquelas que conseguem adaptar-se às mudanças externas sem perder sua identidade essencial. Adotar políticas de RH que estejam alinhadas à cultura organizacional e aos objetivos estratégicos é fundamental para garantir que mudanças gerem valor e não apenas atendam a expectativas passageiras.
Os programas de Recursos Humanos devem ser mais do que respostas a tendências globais ou pressões externas. É essencial que gestores adotem uma postura crítica em relação a cada nova iniciativa, avaliando não apenas sua popularidade, mas também sua viabilidade e alinhamento com os objetivos de longo prazo. Afinal, o que se busca é um impacto duradouro, e não uma adesão passageira a tendências efêmeras.
Modismos e politização podem mudar com o tempo, mas a identidade organizacional é o que sustenta o sucesso contínuo.