O home office está acabando?
Entenda as tendências do modelo home office e descubra como o futuro do trabalho está se moldando para ser mais flexível e inovador
18 de Novembro de 2024
Leitura de 8 min
O home office e o modelo híbrido de trabalho ganharam espaço e foram impulsionados pela pandemia de COVID-19, quando muitas empresas precisaram adaptar suas operações e enfrentaram alguns paradigmas sobre produtividade e engajamento.
Os profissionais, por sua vez, descobriram novas maneiras de equilibrar a vida pessoal e profissional, sem a perda de tempo com trânsito e transporte público, obtendo maior flexibilidade para organizar suas tarefas, mais tempo com a família e para investir em atividades pessoais.
Nos últimos meses, porém, grandes empresas vêm se posicionando contra o home office e anunciando o retorno 100% presencial, com os argumentos de que, desta forma, as equipes são mais colaborativas, inovadoras e fortalecem a cultura organizacional.
Neste artigo, o Acrescenta vai explorar a motivação por trás do movimento de retorno aos escritórios e as tendências que podem definir o futuro do trabalho. Afinal, o home office está realmente acabando ou estamos apenas assistindo a uma nova fase de adaptação?
Índice:
- A volta ao escritório: pressões e motivações
- Benefícios e desafios do Home Office
- Tecnologia e ferramentas de comunicação no Home Office
A volta ao escritório: pressões e motivações
Com o cenário pós-pandemia ganhando forma, muitas empresas começaram a pressionar pelo retorno ao ambiente presencial, gerando dúvidas e até certa frustração entre os colaboradores. Os motivos que levam essas empresas a preferirem a volta ao escritório são variados, mas geralmente apontam para a construção de uma cultura organizacional sólida, o incentivo à colaboração e uma visão de que a inovação se potencializa com interações face a face.
- Cultura organizacional: Algumas empresas argumentam que o contato diário facilita a transmissão dos valores da organização e cria um ambiente onde a missão da empresa é constantemente reforçada;
- Colaboração: A colaboração entre os times também é um argumento das empresas para defender a volta presencial, alegando que as trocas acontecem de forma mais espontânea, com papos informais e brainstormings em grupos.
Por outro lado, o desejo de ver todo mundo de volta ao escritório também pode indicar uma questão de controle. Alguns líderes ainda preferem o estilo tradicional, em que o trabalho só “acontece” de verdade quando pode ser visto. Essa visão, no entanto, tem perdido força, especialmente com uma nova geração que já provou ser produtiva em casa e, agora, valoriza a liberdade e a autonomia como elementos básicos de um trabalho saudável e alinhado aos tempos modernos.
Benefícios e desafios do Home Office
Para muitas pessoas, trabalhar em casa significa mais tempo com a família, menos horas perdidas no trânsito e mais liberdade de ajustar a rotina conforme as necessidades do dia a dia. Mas como toda mudança, o home office também trouxe alguns desafios.
Trabalhar em casa exige disciplina, principalmente para não cruzar as linhas entre trabalho e vida pessoal. Nem sempre é fácil “desligar” quando o escritório está na sala de casa, e essa fusão de ambientes acabou levando alguns profissionais ao cansaço extremo. Além disso, é importante realizar uma gestão adequada dos colaboradores que atuam em modelo home office, para que não se sintam “desconectados” caso não tenham contato direto com colegas.
Perspectivas na prática
Entrevistamos alguns colaboradores no iFood para entendermos como o modelo de trabalho atual impacta em suas vidas. Confira a seguir algumas percepções:
Mariana Araújo, Analista Pleno de CRM no iFood Benefícios há mais de um ano, atua em modelo home office, mas vai ao escritório algumas vezes para reuniões importantes, eventos e para interagir com o time. Em sua visão, o home office permitiu que morasse onde quisesse e ainda assim pudesse atuar em uma grande empresa, além de garantir uma melhor qualidade de vida.
“O modelo de trabalho no home office me permite trabalhar em uma empresa que fica fora da minha cidade. Além disso, me dá qualidade de vida, visto que consigo me alimentar melhor (eu mesma faço minha comida em casa), tenho tempo de praticar exercício, tempo pra fazer terapia, estudar... enfim, tempo para executar, durante a semana, afazeres importantes para minha saúde mental e física. As viagens presenciais são ótimas para alinhamentos importantes e para conhecer o time além da entrega profissional, como pessoa”.
Vanessa Ribeiro, Estagiária Non-Tech no iFood, tem dias mais frequentes no escritório mas destaca que os dias em home office lhe proporcionam mais tempo para investir em seu auto desenvolvimento.
“O modelo atual do iFood funciona perfeitamente para mim. Vou à empresa às terças e quintas, e nos outros dias trabalho em home office. Aproveito bastante meus dias em casa, pois incorporei o inglês na minha rotina e minhas aulas são nos dias em que estou em home office. Dessa forma, não corro o risco de me atrasar devido ao transporte público ao voltar do trabalho. Adoro meus dias presenciais pelas trocas, risadas e almoços com meus colegas. Já trabalhei 100% presencialmente e, de fato, o modelo híbrido salva vidas”.
O home office revelou que cada profissional tem seu próprio ritmo e necessidades, e que o modelo ideal de trabalho talvez não seja o mesmo para todos. A flexibilidade torna-se uma qualidade essencial para as empresas, e é necessária para promover um ambiente que preze pela saúde, bem-estar e qualidade de vida dos colaboradores.
Tecnologia e ferramentas de comunicação no Home Office
O home office só foi possível por causa da tecnologia. Ferramentas de videoconferência, plataformas de gestão de projetos e aplicativos de mensagem se tornaram indispensáveis para manter o trabalho fluindo e as equipes conectadas, mesmo à distância. Elas quebraram o conceito de “escritório físico” e provaram que é possível colaborar, compartilhar ideias e resolver problemas com alguns cliques.
Essas tecnologias abriram espaço para novos estilos de trabalho, permitindo que cada um adapte sua rotina da melhor forma. Sempre existem desafios em qualquer situação e um ponto de atenção que se deve ter é a “fadiga digital”, já que alguns modelos de gestão utilizaram a facilidade trazida na comunicação pela tecnologia para realizar reuniões online constantes, que acabam interferindo no foco e na produtividade dos colaboradores, além de causar cansaço, estresse e até depressão. Sendo assim, é sempre importante a reflexão:
Como encontrar o equilíbrio entre estar disponível e respeitar o próprio tempo?
As ferramentas vieram para ficar e para facilitar, o segredo é encontrar o que funciona para cada equipe. O uso inteligente da tecnologia, aliado ao bom senso, pode ser o ponto de virada para que o home office siga funcionando, sem sobrecarregar ninguém.
Para ficar sabendo
A fadiga digital é o cansaço mental e físico causado pelo uso excessivo de tecnologias, especialmente em ambientes de trabalho remoto, onde as pessoas passam longas horas diante de telas de computadores ou dispositivos móveis. Esse tipo de cansaço é frequentemente associado a videoconferências contínuas, excesso de trocas de mensagens e uma sobrecarga de informações digitais. O constante estar "conectado" sem pausas adequadas pode levar a sintomas como dificuldade de concentração, estresse, irritabilidade e até problemas de saúde, como dores de cabeça e nos olhos, tornando-se um desafio crescente no contexto do home office e do trabalho híbrido.
Futuro do trabalho: o Home Office vai acabar?
Embora muitas empresas estejam pressionando pela volta ao escritório, uma tendência clara é que a flexibilidade se tornou um ponto-chave para o trabalho. Afinal, o que aprendemos nesses anos de trabalho remoto é que o home office não é apenas uma resposta temporária a uma crise, mas um novo modelo de trabalho que, para muitos, veio para ficar.
O que as empresas precisam considerar é que o trabalho remoto não é uma escolha única para todos. Muitas vezes, o que funciona para uma equipe pode não ser ideal para outra. Por isso, o modelo híbrido vem ganhando cada vez mais força, combinando o melhor dos dois mundos: a flexibilidade do home office com a interação presencial, quando necessário. A chave para o futuro será encontrar um equilíbrio que atenda tanto às necessidades das empresas quanto às expectativas dos colaboradores. Algumas tendências que estão se consolidando são:
- Modelos Híbridos: As pessoas podem trabalhar de casa alguns dias e ir ao escritório quando precisarem colaborar ou participar de reuniões importantes.
- Autonomia e Flexibilidade: Profissionais agora sabem o quanto valorizam a autonomia para gerenciar seu tempo. Isso se tornou um diferencial para muitas empresas que querem atrair e reter talentos.
- Cultura e Colaboração: Para muitas organizações, ainda é essencial ter momentos presenciais para manter a cultura organizacional viva. O desafio será encontrar formas de cultivar essa cultura sem perder a flexibilidade conquistada no remoto.
O que tudo isso mostra é que o home office não está indo embora, mas o formato e as expectativas ao seu redor estão se ajustando. Empresas que abraçam a flexibilidade como parte de sua cultura terão mais chances de manter equipes motivadas e engajadas, além de atrair profissionais que buscam equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.
Portanto, o futuro do trabalho tende a ser híbrido, com um foco crescente em como criar um ambiente onde as pessoas possam ser produtivas, sem abrir mão do bem-estar e qualidade de vida dos colaboradores.