Inovação no RH: como foi o evento Gente, Gestão e Futuro

O evento Gente Gestão e Futuro, realizado pela Pipo Saúde, representou um marco na discussão sobre os desafios e oportunidades da gestão de pessoas no cenário atual. Com o objetivo claro de impulsionar a inovação e a transformação na área de RH, o evento reuniu líderes, especialistas e profissionais de diversos setores, fomentando debates ricos e colaborativos sobre temas cruciais para o futuro do trabalho. A parceria entre a Pipo Saúde e o iFood Benefícios foi fundamental para o sucesso deste encontro, unindo forças para oferecer uma experiência de alto nível aos participantes.

Manoela Mitchell, CEO da Pipo Saúde, abriu o evento reforçando a importância dessa parceria e destacou a educação como pilar fundamental para a transformação do setor de RH: “Para romper o status quo, a gente tem que romper o mercado todo, a educação é papel central para isso, como palestras, encontros e eventos”, afirmou.

Neste artigo, detalhamos os principais temas debatidos durante o evento, apresentamos um resumo dos paineis e apresentações, destacando os pontos mais relevantes de cada um. Confira!

Índice:

• Conflito de gerações dentro das organizações
• Estratégias de bem-estar e inclusão: a jornada da Mondelez
• Como CHROs devem usar People Analytics para impulsionar os resultados de negócios
• Estratégias de engajamento para promover saúde mental: transformando cuidado em resultados concretos
• O valor das pessoas: soft skills o contexto IA
• Agenda de diversidade em tempos de movimento Anti-Woke
  • Pra ficar sabendo
• Férias na Alli: inovar para transformar o complexo em simples
• O impacto da saúde no trabalho e na vida
• Gente, gestão e futuro

Conflito de gerações dentro das organizações

Daniel Campos, CHRO na Sem Parar, conduziu uma discussão provocativa sobre o conflito geracional nas organizações. Em vez de apresentar uma abordagem teórica, Daniel utilizou um método prático e envolvente. Ele compartilhou respostas anônimas de entrevistas, desafiando a audiência a identificar a geração de cada entrevistado com base em seus valores e perspectivas. O resultado? Uma percepção clara da dificuldade em generalizar e enquadrar indivíduos em estereótipos geracionais. Muitas vezes, as respostas demonstravam a convergência de valores e aspirações entre pessoas de diferentes gerações, sublinhando a necessidade de uma abordagem individualizada e humana na gestão de pessoas.

“Você começa a olhar as pessoas com um prisma generalista quando coloca elas em caixas”.

A lição aprendida foi que devemos abandonar a generalização, focar na individualidade, e evitar o erro de "colocar pessoas em caixas", criando uma liderança que valoriza a diversidade de perspectivas e experiências. Ele encerrou com uma dica: “na hora de liderar, não caia na armadilha de definir o profissional em razão da sua geração”.

Estratégias de bem-estar e inclusão: a jornada da Mondelez

Luciana Carvalho (Mondelēz) e Luis Gonzalez (Vidalink), compartilharam a trajetória da Mondelēz em sua jornada de bem-estar e inclusão. A dupla enfatizou que o bem-estar dos colaboradores vai muito além de benefícios tradicionais, como planos de saúde e alimentação. Em colaboração com a Vidalink, a Mondelēz desenvolveu um projeto minucioso para identificar as necessidades individuais dos seus funcionários, levando em consideração suas diferentes realidades e contextos.

Luciana falou ainda sobre os desafios das mulheres e a importância de olhar para benefícios e programas voltados para elas. Como exemplo, trouxe o programa “Família Cresceu”, que conectou vários produtos e programas para atender às mulheres, como a isenção da coparticipação no plano de saúde durante a gestação e o primeiro ano de vida da criança, expandindo o programa para dependentes dos colaboradores.

Ela também destacou a importância de considerar todos os pilares da diversidade, compartilhando informações sobre os programas voltados para o público LGBTQIAPN+, pessoas pretas e com deficiência, e enfatizou a importância de se ter programas e políticas específicas para a promoção da inclusão e da igualdade de oportunidades.

Como CHROs devem usar People Analytics para impulsionar os resultados de negócios

Um painel composto por Camila Girundi (Grupo Quinto Andar), Gabriela Canãs, (Nuvemshop), Roberta Valezio (Neon) e Thiago Torres (Pipo Saúde) explorou o papel crucial da People Analytics na tomada de decisões estratégicas.

Thiago falou sobre a tendência de People Analytics e a quebra do olhar voltado apenas para soft skills na área de Recursos Humanos, enfatizando que a necessidade de saber interpretar e compreender dados é fundamental para o planejamento e a tomada de decisão.

Camila concordou e, com sua experiência como engenheira e profissional que trabalhou muito com dados, reforçou a necessidade de unificar as frentes, destacando que, em sua visão, dados e estatísticas ajudam a humanizar ainda mais o processo de RH.

Gabriela enfatizou a necessidade de entender a linguagem e a forma de interpretar os dados para extrair insights valiosos sobre as pessoas, a fim de potencializar seus talentos e desenvolver estratégias eficazes.

Roberta destacou a utilidade dos dados para os HRBPs na compreensão das necessidades da empresa e de seus times, para otimizar a retenção de talentos e tomar decisões mais assertivas.

“People analytics trouxe uma escala para a gestão de pessoas, sem deixar de olhar para o indivíduo”, afirmou Gabriela Canãs.

O painel finalizou trazendo dicas práticas sobre como construir uma área de People Analytics, incluindo a organização de dados, a definição de métricas e a importância da parceria entre a área de People Analytics e a área de RH.

Estratégias de engajamento para promover saúde mental: transformando cuidado em resultados concretos

Ines Hungerbühler (Wellhub) fez uma apresentação impactante sobre o papel dos líderes como agentes promotores da saúde mental.

“Os líderes têm impacto maior na nossa vida do que nossos parceiros e parceiras”.

Ela apresentou dados de pesquisa da Wellhub, mostrando uma forte correlação entre altos níveis de ansiedade em líderes e indicadores negativos de saúde mental em suas equipes, com um impacto até três vezes maior. Além disso, destacou as vantagens de uma mentalidade positiva:

• Melhor resistência, menos estresse e mais equilíbrio emocional;
• Melhor saúde cardiovascular;
• Sistema imunológico mais forte;
• Melhor tomada de decisão;
• Produtividade e renda mais alta;
• Relacionamentos mais satisfatórios;
• Mais satisfação com a vida.

Ines ainda enfatizou a importância de oferecer opções flexíveis de suporte, reconhecendo que diferentes pessoas têm preferências distintas (terapia presencial, online ou escrita, por exemplo), e que a liderança tem um papel fundamental em incentivar o uso desses recursos e apoiar seus colaboradores.

Portanto, é preciso que os benefícios sejam flexíveis e a liderança exerça um papel fundamental em incentivar o uso e compreender as necessidades de seus colaboradores.

O valor das pessoas: soft skills o contexto IA

Tati Costa (iFood) , Catia Alonso (Grupo OLX) e Marcela Ziliotto (Pipo Saúde) discutiram a complementaridade entre soft skills e IA.

Tati Costa abriu o painel e apresentou o Toqan, a ferramenta de IA do iFood, e como ela otimiza processos, aumenta a produtividade e incentiva a busca por novas tecnologias.

Catia destacou o uso da IA na análise de dados de RH para a tomada de decisões mais eficientes e a otimização da jornada do colaborador. Ambas concordaram que a adaptação à tecnologia é fundamental, com a necessidade de treinamento e conscientização dos times.

Tati ressaltou que as soft skills estão intrinsecamente ligadas à adoção de novas tecnologias, citando como exemplos a resiliência, a adaptação e o pensamento crítico, incluindo a capacidade de formular as perguntas certas e analisar as respostas de uma IA, que, às vezes, pode não ser totalmente precisa. “É importante conscientizar o time sobre a importância de se desenvolver para a tecnologia”, afirmou.

Ela lembrou que, embora o conhecimento tecnológico seja um diferencial nos dias atuais, são as soft skills que agregam valor a esse conhecimento, como o aprendizado contínuo, a ética e os valores para usar a tecnologia para o bem.

“Se você quer desenvolver skills em seu time, incentive-os a usarem tecnologias públicas, se ainda não houver tecnologias disponíveis no dia a dia da empresa”, concluiu Tati.

Agenda de diversidade em tempos de movimento Anti-Woke

Flávia Porto (Reckitt) abordou o cenário complexo da agenda de diversidade e inclusão, em especial no contexto do movimento anti-woke.

Pra ficar sabendo

O termo ‘woke’, em inglês, significa ‘acordar’ e surgiu nos EUA a partir da comunidade afro-americana para representar um despertar para as injustiças raciais no país. Resgatado pelo movimento Black Live Matter, a expressão ganhou força com outros tipos de discriminação e desigualdades. Recentemente, no entanto, passou a ser tratada de forma pejorativa como sinônimo de politicamente correto ou alusão à cultura do cancelamento, numa espécie de conflito cultural que provocou a chamada onda anti-woke, onde populam medidas contra educação sobre gênero e diversidade nas escolas e restrições ao debate sobre racismo e sexualidade, inclusive no Brasil.

Flávia também falou sobre como a área de RH tem o poder de impactar positivamente ou negativamente a agenda de diversidade, na empresa e na sociedade. “Temos notado mudanças significativas nas agendas das corporações sobre o tema. Nas empresas e na sociedade, pessoas começaram a contestar judicialmente políticas e programas de diversidade e inclusão”, afirmou.

Algumas consequências desse movimento, segundo Flávia, são:

• Vagas afirmativas perderam o foco e foram substituídas por vagas preferenciais ou intencionais, devido a grupos que se sentem lesados por políticas de cotas;
• Downgrade de posições de liderança em D&I;
• Absorção do tema pela área/escopo de cultura organizacional.

Flávia indicou ainda o caminho que a agenda de D&I deve seguir:

• Foco na aceleração de carreira e visibilidade daqueles que foram beneficiados pela inclusão intencional;
• Integração, desenvolvimento e evolução salarial e de carreira para pessoas com deficiência;
• Conexão da agenda de D&I com o negócio e os stakeholders (clientes, comunidade, governo, fornecedores, funcionários etc.).

“Todos nós podemos aprender a apreciar as diferenças [...] esta é a nossa missão, na área de recursos humanos, promover a diferença dentro e fora da organização”, concluiu.

Férias na Alli: inovar para transformar o complexo em simples

Ahlex Lessa (iFood) comandou uma palestra descontraída e leve sobre a importância de transformar o complexo em simples. Ele apresentou o case das "Férias na Alli", onde um processo foi inovado, simplificado e otimizado, reduzindo o tempo de agendamento de férias para apenas um minuto.

Ahlex lembrou que as férias são um momento importante para recarregar as energias e descansar a mente, além de um direito, e que o processo precisa ser descomplicado para não gerar estresse.

“Quando se pensa em processo, é preciso pensar em quanto tempo se faz a mesma coisa do mesmo jeito. Operações são um canal fundamental para falar de inovação”, afirmou.

O case levou os participantes a refletir sobre como melhorar não apenas o processo, mas também a experiência do colaborador. Ahlex falou sobre a importância da inovação e da tecnologia para a liderança e como uma mudança aparentemente simples facilitou a vida dos líderes, otimizando seu tempo e colaborando na gestão dos colaboradores.

“A inovação e a tecnologia nos trazem empoderamento e autonomia, otimizando o tempo para que ele seja gasto de forma mais produtiva”, disse.

Para encerrar, Ahlex provocou os participantes a refletirem sobre como a área de RH de cada empresa está inovando e estimulando a colaboração na inovação interna.  Ele enfatizou que ter sonhos grandes é fundamental para a inovação, pois motiva a busca por novos caminhos.

“O futuro é uma idealização, então é necessário ver o que se faz hoje para construir o futuro [...] As pessoas precisam estar unidas para inovar, all together, para dar conta de fazer coisas novas através do sonho grande”, concluiu.

O impacto da saúde no trabalho e na vida

O Doutor Drauzio Varella encerrou o evento falando sobre um tema extremamente importante: o impacto da saúde no trabalho e na vida de cada um. De forma leve e divertida, ele abordou a qualidade de vida atual, destacando que, apesar do maior acesso à alimentação, saúde e lazer, não encontramos tempo para cuidar de nós mesmos.

Para Drauzio, a tecnologia trouxe também aspectos negativos: passamos muito tempo voltados para a tela do celular e não priorizamos hábitos saudáveis. Além disso, o tempo excessivo em frente às telas e o excesso de informações impactam diretamente a nossa memória.

“Esse clima de vida que levamos hoje cria uma pressão em cima de nós, de uma maneira tal que nosso cérebro não tem condições de armazenar tantas informações simultâneas. A simples presença do celular influencia na memória e na atenção, mesmo quando vemos uma mensagem sem urgência, lemos e ocupamos nosso cérebro com aquela informação. A tecnologia nos deixou mais eficientes, com estímulo permanente, mas não trouxe felicidade, nos afastou da família e da diversão”, afirmou.

Consequências práticas do avanço da tecnologia, segundo Drauzio:

• Uso inadequado do nosso corpo, feito para o movimento;
• Gasto energético muito baixo;
• Epidemia de obesidade, com seus problemas de saúde associados — 75% da população nos EUA está acima do peso.

“Nesse mundo que vivemos hoje, ninguém vai escapar dos problemas psiquiátricos se não tiver uma válvula de escape”, concluiu.

Gente, gestão e futuro

O evento "Gente, Gestão e Futuro" foi além de uma série de palestras, sendo um catalisador de reflexões e um espaço para a construção coletiva de um futuro melhor para o RH e a gestão de pessoas. Os temas abordados foram profundamente relevantes, oferecendo insights valiosos para profissionais de todos os níveis de experiência.

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