5 razões para incorporar a abordagem data driven à gestão de pessoas
Como uma cultura orientada por dados pode contribuir para uma gestão mais estratégica do RH
Por Equipe iFood Benefícios
Por Renata Caffaro
A rápida transformação digital pela qual o mundo passou nos últimos anos trouxe uma série de conveniências para as nossas vidas: ficou mais fácil comprar, agendar uma consulta médica, conversar com amigos a distância e até fazer reuniões com equipes espalhadas por diversos países.
A grande revolução nos negócios, contudo, se deu em outro aspecto. Em uma sociedade mediada pela tecnologia, a disponibilidade de dados aumentou de forma exponencial. Isso permitiu que empresas incorporassem a prática de Data & Analytics ao modelo de gestão e ganhassem uma vantagem competitiva, com mais insights, mais inovação e tomadas de decisões mais conscientes.
A experiência mostra que essa dinâmica é verdadeira. De acordo com um estudo da McKinsey & Company, realizado no ano de 2022, as companhias que fazem uso intensivo de dados digitais alcançam um crescimento acima da média de mercado, que pode variar entre 15% e 25%.
Índice:
Nossa experiência na bolsa do Brasil
Na B3, a bolsa do Brasil, como uma empresa de tecnologia e que valoriza a inovação, levamos esse assunto muito a sério. Nos últimos anos, desenvolvemos uma cultura fortemente marcada pelo conceito de data driven (orientado por dados) que está em todas as áreas e atividades da organização, inclusive na gestão de pessoas.
Com um modelo amparado em dados, construímos as políticas e práticas que nos levaram à posição de uma das melhores empresas para trabalhar no país nos setores de tecnologia e serviços financeiros, de acordo com a consultoria Great Place to Work (GPTW), e impulsionaram a evolução do negócio da companhia.
Com base nessa experiência, vamos compartilhar a seguir cinco razões para toda empresa incorporar a cultura data-driven à gestão de pessoas.
1. Diagnóstico mais claro dos desafios e oportunidades
Por meio da realização de pesquisas aprofundadas com público interno e externo, temos uma visão completa dos nossos principais desafios e oportunidades no âmbito de gestão de pessoas.
Entre essas pesquisas estão a da GPTW, que capta o clima organizacional; diagnósticos de Marca Empregadora, que indicam se os talentos que estão no mercado consideram uma empresa atrativa ou não para trabalhar; e o Censo interno, que apresenta um raio-x do nosso quadro de colaboradores.
Na B3, o Censo nos permitiu enfrentar, de forma definitiva, a realidade da baixa representatividade de alguns grupos, mostrando o quão necessário e urgente era criarmos políticas afirmativas para ampliar a diversidade. Além disso, o Censo também pode ajudar a gerir de forma mais estratégica questões que se relacionam à faixa etária dos profissionais, como a definição dos benefícios.
2. Identificação precoce de tendências
Além dessas pesquisas aprofundadas, que geralmente são realizadas com periodicidade anual ou bianual, é importante contar com dados mais frequentes. Na B3, realizamos sondagens trimestrais, que captam de maneira precoce as tendências e permitem que façamos intervenções rapidamente.
3. Alta e média lideranças mais preparadas para fazer gestão de pessoas
Se queremos que os dados realmente passem a ser utilizados de forma estratégica, eles não podem ser prerrogativa apenas do setor de Recursos Humanos. Afinal, fazer uma gestão de pessoas eficaz é tarefa coletiva, compartilhada entre todos os níveis de liderança da empresa. Para lidar com esse desafio, criamos na B3 uma área especializada chamada People Analytics, que realiza estudos estatísticos de acordo com as necessidades e oportunidades internas da empresa. Além de realizar os estudos, essa equipe disponibilizou um conjunto de instrumentos que chamamos de “self-service”, nos quais os gestores, de acordo com cada nível, têm acesso a dados que podem lhes auxiliar na condução dos seus times.
4. Integração da gestão de pessoas às metas corporativas
No mundo corporativo, sabemos que o que não pode ser medido não pode ser gerenciado. Logo, para que os objetivos de gestão de pessoas extrapolem a equipe especializada e façam parte da estratégia de toda a empresa, é necessário traduzi-los em dados. Na bolsa do Brasil, os compromissos de Pessoas e Cultura estão integrados às metas corporativas, de forma que impactam a remuneração variável de todo o time. Entendemos que esse vínculo é essencial para deixar claro o quanto o tema é parte real da estratégia de negócios, além de estender formalmente a responsabilidade a todas as áreas nesse quesito.
5. Conexão com o futuro
Para além de apoiar a definição de estratégias de gestão de pessoas no presente, os dados têm um potencial de ajudar a empresa a construir seu caminho em direção àquilo que ela quer ser. Para isso, é preciso ter muito claro, em perspectiva, qual é esse ideal. Na B3, nós desenvolvemos o perfil do Líder do Futuro para orientar as políticas necessárias para a formação de uma liderança alinhada à nossa cultura. Definimos um sistema de pontuação de prontidão, que mostra a aderência de colaboradores com esse perfil, e usamos essas informações para nos ajudar a promover mobilidade interna.
Além disso, o sistema de pontuação do Líder do Futuro também ajuda a direcionar a formação necessária para suprir lacunas em nossa liderança – com uma informação clara sobre onde precisa se desenvolver mais, esse líder consegue focar no seu aprimoramento. Esse perfil também é a base dos nossos processos de recrutamento e seleção.
Uma escolha que pertence a nós
Na minha experiência, percebo que fazer gestão de pessoas no mundo atual é especialmente complexo por duas razões: de um lado, temos demandas sociais novas e urgentes, que precisam ser compreendidas e administradas dentro das organizações; e, de outro, precisamos aprimorar continuamente nossa capacidade de lidar com um universo crescente de dados. Logo, é necessário ter, a um só tempo, sensibilidade e capacidade analítica.
Responder a esse cenário depende de uma escolha: insistir em soluções intuitivas, sem lastro comprobatório, ou usar toda essa informação disponível para colocar a organização na rota mais rápida e assertiva para consolidar sua cultura a partir da gestão de pessoas, aprimorando os mecanismos de seleção, acolhimento, treinamento, mobilidade e progressão de carreira. A escolha está nas nossas mãos.
Renata Caffaro é diretora de Pessoas da B3. Possui mais de 20 anos de experiência na área e é formada em Administração de Empresas pela FAAP, certificada em Remuneração pela FGV e possui MBA em Recursos Humanos pelo IE Business School.