Empoderamento profissional na era da inteligência artificial

Visão de negócios, adaptabilidade e afinidade tecnológica são alguns dos principais pontos
18 de Julho de 2025
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CHRO é o Chief Human Resources Officer, o mesmo que Líder ou Diretor de Recursos Humanos. Esse é o profissional que encabeça a área de RH e senta-se junto à mesa de outros C-levels, como o CFO (Chief Financial Officer, Diretor Financeiro), CMO (Chief Marketing Officer, Diretor de Marketing) e o CEO (Chief Executive Officer, Diretor-executivo).
Como a maior autoridade do setor, o CHRO é responsável por liderar e supervisionar tudo o que acontece nos processos de gestão de pessoas.
Ao considerar os colaboradores como elementos-chave de qualquer empresa, é seguro dizer que o líder de RH tem um papel indispensável no êxito organizacional.
Índice:
O CHRO tem um caminho relativamente longo de qualificação a percorrer. Geralmente, ocupantes no cargo são formados em Recursos Humanos ou psicologia e pós-graduados em desenvolvimento de pessoas, administração, finanças, direitos trabalhistas, etc. Também não é difícil encontrar profissionais que investem em mestrados de cursos correlatados.
Para aprofundar o conhecimento em alguns aspectos que surgem no dia a dia do RH, alguns cursos paralelos, de curta ou longa duração, também são recomendados, como liderança, comunicação, inteligência emocional, gestão de dados, entre outros.
Por fazer parte da alta administração, é altamente indicado que um CHRO tenha um nível elevado de proficiência em outros idiomas, em especial o inglês. Isso é particularmente importante para multinacionais, mas também abre muitas portas para empresas que buscam conhecimento ou oportunidades de evolução fora do país.
O universo corporativo se transforma a todo instante, mas essas mudanças parecem especialmente relevantes e decisivas a partir de agora até cinco anos no futuro, em 2030. Até lá, espera-se que a atuação do CHRO sofra alterações significativas que obrigarão os profissionais a repensar a própria posição no RH e nas empresas.
Segundo o relatório “Chief people officer 2030: Building a tool kit to get from here to there”, da Heidrick & Struggles, empresa norte-americana de search de executivos e consultoria, “[a evolução do CHRO] vem criando uma inerente tensão no RH. O cargo ainda é responsável pelas operações fundamentais relacionadas às pessoas, como certificar-se de que os colaboradores sejam pagos propriamente e a tempo, oferecer benefícios e negociar contratos de trabalho. Mas também é responsável por atrair, desenvolver, promover e reter talentos; garantir que os talentos estejam nos lugares certos; assegurar que as configurações organizacionais façam sentido; e apoiar uma cultura próspera — citando apenas alguns exemplos”.
Diante de todas essas funções atreladas às que estão por vir nos próximos anos, profissionais da área compreendem que devem superar obstáculos e adquirir novas habilidades para acompanhar o mercado.
Em 2023, a pesquisa “Voice of the CHRO: Evolving the CHRO role in a rapidly changing world of work”, da consultoria Mercer, entrevistou mais de cem CHROs para compreender suas percepções sobre o presente e o futuro.
Uma das seções abordou o que os profissionais acham que mais vêm mudando no cargo:
Diante disso, os CHROs precisam enfrentar alguns desafios para que cheguem a 2030 devidamente preparados.
Líderes de Recursos Humanos devem ter um olhar empreendedor para que contribuam com o crescimento das organizações de maneira eficiente. Abrangendo estratégias de liderança, finanças, branding, entre outras áreas do conhecimento, o objetivo é preparar-se para o negócio e não somente para o RH.
É por isso que algumas empresas vêm tomando a decisão de substituir a nomenclatura CHRO por CPO (Chief People Officer, Gerente de Pessoas), visto que seu trabalho afeta todos os envolvidos em uma companhia e ultrapassa as barreiras daquilo que é supostamente restrito ao Recursos Humanos.
O Diretor de RH do futuro, portanto, não se restringe aos limites do setor e participa ativamente do planejamento tático de outros departamentos e junto ao conselho de executivos.
Ao assumir uma postura mais estratégica, CHROs precisam de mais insight e influência no alcance de metas gerais das empresas. De acordo com o relatório da Heidrick & Struggles, isso significa adotar uma perspectiva mais longeva e ao mesmo tempo capaz de mudar rapidamente em resposta a alterações estratégicas e provocadas pelo comportamento do mercado.
“É preciso um conhecimento profundo de como responder às transformações no mercado de talentos, às necessidade de reskilling, ao potencial de mercados de trabalho mais fluidos e às opções de reformulação organizacional. Também exige que o pipeline de liderança da empresa seja tratado de forma holística e como um ativo estratégico a longo prazo, substituindo o modelo tradicional que isola funções, como atração de executivos, retenção, desenvolvimento e planejamento de sucesso”, afirma o estudo.
CHROs devem guias suas equipes durante transições que, de alguma forma, afetam as tarefas operacionais e os negócios, sem deixar de lado aspectos de bem-estar e employee experience. Foi o que ocorreu durante a pandemia e o que vem acontecendo atualmente com o crescimento da Inteligência Artificial (IA).
Eventos que afetam a sociedade — agitação política, guerras, eventos climáticos, crises financeiras ou de saúde… — sempre vão existir. Logo, o papel dos líderes é garantir a eficiência laboral e a qualidade de vida das pessoas mesmo em tempos de instabilidade e constantes mudanças do pensamento coletivo.
Não existe uma abordagem única. Cada situação requer esforços diferentes para enfrentá-las da melhor maneira possível, o que exige adaptabilidade, instinto e sensibilidade cultural.
“Os CHROs têm que equilibrar empatia e neutralidade, oferecendo suporte enquanto mantêm o foco nos objetivos do negócio. Navegar tudo isso requer que o profissional e o setor de RH possam evoluir seus métodos tradicionais, algo que muitos ainda sentem grande dificuldade”, conclui o relatório da Heidrick & Struggles.
A ascensão da Geração Z no universo profissional, a preferência por trabalho híbrido ou remoto e a valorização por bem-estar são apenas algumas das tendências que vêm mexendo profundamente com as estruturas do mercado.
Os CHROs têm a difícil missão de suprir as necessidades de colaboradores jovens sem alienar os mais velhos, balanceando duas perspectivas geracionais diferentes para que se encontrem em um ponto em comum — o sucesso da empresa.
Pensando em produtividade, triunfo e reputação organizacional, atender às demandas da força de trabalho atual é algo inegociável.
Muitas empresas afirmam que usam IA em ao menos algumas partes de suas operações, mas 51% de todos os líderes e 54% dos gestores de RH confessam que a adaptação não tem sido rápido o bastante. A Heidrick & Struggles aponta que o maior problema é que as companhias têm dificuldade para encontrar talentos com o domínio necessário.
Observadas as inúmeras possibilidades da Inteligência Artificial, a forma que essas tecnologias devem afetar o RH ainda é nebulosa, mas é muito claro que as empresas devem aprimorar a maneira que usam essas ferramentas para reduzir erros, otimizar tempo e economizar recursos.
Cabe aos CHROs apoiar outros líderes em atividades que ampliam a utilização de IA enquanto também gerenciam os possíveis riscos que isso pode causar, como a disseminação de informações equivocadas, segurança de dados e a aplicação de dados obtidos pelas plataformas.
Junto a times de tecnologia e os gestores de demais setores, o RH também é responsável por avaliar a necessidade e benefícios da IA em cada área, selecionar os melhores softwares e buscar meios de qualificação aos colaboradores.
Tudo isso, é claro, implica que o CHRO também tenha uma boa bagagem de conhecimento sobre o assunto. Aqui, se destaca a importância da atualização e qualificação técnica.
O papel do CHRO está mudando e rapidamente. Acompanhe o Acrescenta, o hub de conteúdos do iFood Benefícios, e esteja por dentro das transformações que estão moldando a liderança em RH. Tendências, dados e insights que ajudam você a liderar com visão, estratégia e impacto.