Vozes do futuro: incluindo a nova geração no planejamento

Descubra como integrar a juventude no planejamento organizacional, incentivando diversidade e inovação para o futuro

13 de Janeiro de 2025

Leitura de 10 min

No mundo corporativo já não é segredo que a diversidade é um dos principais motores da criatividade. Quando diferentes experiências, ideias e formas de pensar se encontram, o resultado são soluções mais completas e inovadoras. Não se trata apenas de inclusão, mas de aproveitar a riqueza que as vozes diversas trazem para o ambiente corporativo. Quando falamos de diversidade, devemos incluir também a contribuição de diferentes gerações, especialmente das mais jovens, que enxergam o mundo de forma única e têm coragem de questionar o status quo.

A juventude, em particular, tem um papel transformador nesse cenário. Eles não apenas desafiam normas estabelecidas, mas também trazem perspectivas frescas que muitas vezes escapam às gerações anteriores. Ao crescerem em um mundo hiperconectado, os jovens têm acesso a uma avalanche de informações, referências globais e novas formas de comunicação que moldam suas ideias e comportamentos. Essa visão ampliada do mundo os torna excelentes catalisadores de mudanças e de inovações que, muitas vezes, começam exatamente onde ninguém havia pensado antes.

Porém, para que essas ideias floresçam, é preciso criar espaço e dar voz à juventude dentro das organizações. Isso significa promover uma cultura de escuta ativa e envolver os jovens em processos decisórios e estratégicos. Muitas vezes, uma ideia simples, mas ousada, pode se tornar o diferencial de uma empresa. Além disso, ao integrá-los, também cultivamos um ambiente organizacional mais dinâmico, onde todos aprendem uns com os outros e crescem juntos.

Neste artigo, o Acrescenta vai explorar como integrar a juventude e suas ideias à estratégia de uma organização é um investimento para o futuro, e como as diferentes gerações podem criar um ambiente diverso e criativo.

Índice:

A Geração Z e sua revolução no mercado de trabalho e consumo

Até 2030, a Geração Z – jovens nascidos entre 1997 e 2010 – deverá representar cerca de 30% da força de trabalho global, segundo estimativas de relatório da Deloitte. 

A entrada massiva dessa geração no mercado já está transformando o jeito de trabalhar, consumir e até liderar. Com uma visão de mundo formada em meio a avanços tecnológicos e discussões sociais relevantes, eles trazem energia e novas ideias para as empresas.

Esse grupo não apenas trabalha de forma diferente – eles esperam algo diferente das empresas. Como nativos digitais, a Geração Z cresceu com a tecnologia ao alcance das mãos, mas seu impacto vai além da fluência digital. Eles têm valores fortes e claros: buscam ambientes que promovam inclusão, querem que o trabalho faça sentido e valorizam a flexibilidade para equilibrar suas vidas pessoais e profissionais. É como se, para eles, não bastasse ser um bom lugar para trabalhar; as empresas precisam também ser boas para o mundo.

A presença deles tem mexido profundamente na cultura organizacional. Por exemplo, muitas empresas já perceberam que a transparência não é mais opcional. Além disso, a Geração Z não tem medo de questionar o status quo, sugerir novas abordagens e exigir ações concretas para temas como diversidade e sustentabilidade. Isso tem forçado as organizações a repensarem processos, valores e até o modo como tomam decisões. E como consumidores, eles redefinem padrões, preferindo marcas autênticas que compartilhem de seus ideais e causas.

Para acompanhar essa geração, as empresas precisam estar preparadas para ouvir e evoluir junto com eles. Criar um ambiente onde suas vozes sejam ouvidas não é só uma questão de retenção de talentos – é uma forma de construir relevância no mercado.

Geração Alpha: a próxima revolução no mercado de trabalho e cultura organizacional

A Geração Alpha, formada por aqueles nascidos a partir de 2010, está crescendo em um cenário de hiperconectividade e mudanças rápidas. Diferente de qualquer geração anterior, esses jovens estão sendo moldados por um ambiente completamente digital, onde a tecnologia não é apenas uma ferramenta, mas uma extensão natural do dia a dia. Essa proximidade precoce com dispositivos digitais, assistentes virtuais e inteligência artificial (IA) está criando uma geração que domina a tecnologia desde os primeiros anos de vida.

Entre suas principais características, destacam-se:

  • Hiperconexão: A interação constante com múltiplos dispositivos molda sua maneira de aprender, consumir e se relacionar.
  • Aprendizado autodirigido: Com acesso a informações ilimitadas, a Geração Alpha tende a explorar conteúdos de forma independente, desenvolvendo habilidades autodidatas desde cedo.
  • Consciência ambiental: Com foco em sustentabilidade, são mais críticos em relação às práticas empresariais e buscam soluções que impactem positivamente o planeta.
  • Uso intensivo de IA: Desde assistentes de voz até aplicativos inteligentes, eles têm expectativas de experiências altamente personalizadas.

Essas características não apenas moldam a forma como interagem com o mundo, mas também indicam como devem transformar o mercado de trabalho no futuro. Especialistas preveem que, ao ingressarem no mercado, por volta de 2035, esses jovens trarão consigo demandas únicas:

  1. Trabalho flexível e digital-first: Empresas precisarão oferecer modelos de trabalho híbridos ou completamente remotos, adaptados a um ambiente onde ferramentas tecnológicas são prioridade.
  2. Cultura organizacional transparente e inclusiva: Assim como a Geração Z, a Alpha valoriza inclusão, diversidade e sustentabilidade. Organizações que não incorporarem esses valores correm o risco de perder talentos.
  3. Carreiras baseadas em propósito: Essa geração deve priorizar empresas alinhadas aos seus valores pessoais e que demonstrem impacto positivo na sociedade.
  4. Aprendizado contínuo e personalização: Espera-se que exijam programas de desenvolvimento profissional adaptados às suas necessidades e interesses, com uso intensivo de inteligência artificial para identificar caminhos de carreira.

Além disso, a Geração Alpha provavelmente irá redefinir a relação com o trabalho, promovendo maior equilíbrio entre vida pessoal e profissional e exigindo que as empresas invistam em bem-estar de forma genuína. Sua afinidade com tecnologias emergentes, como IA e realidade aumentada, deverá impulsionar inovações em como tarefas são realizadas, introduzindo automações que vão além do esperado atualmente.

O desafio para líderes e gestores está em começar desde já a compreender essa geração em formação. Empresas que se anteciparem a essas mudanças, ajustando sua cultura organizacional e adotando estratégias focadas em flexibilidade, inovação e sustentabilidade, estarão melhor preparadas para atrair e reter os talentos da Geração Alpha, garantindo sua relevância em um mercado de trabalho cada vez mais competitivo e tecnológico.

Dicas de como incorporar valores das gerações mais novas no planejamento organizacional

  • Reveja a missão e os valores da empresa: As novas gerações buscam empresas que compartilhem os mesmos ideais de propósito e impacto positivo. Avalie como os valores de sustentabilidade, inclusão e diversidade podem ser integrados no coração da sua organização, e não apenas nas campanhas de marketing.
  • Promova um ambiente inclusivo e flexível: A inclusão não se resume apenas a políticas, mas a um ambiente onde todos se sintam representados e ouvidos. Além disso, a flexibilidade no trabalho, com modelos híbridos ou remotos, é crucial para engajar as novas gerações que priorizam o equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
  • Utilize tecnologia para personalizar experiências: Implementar plataformas de aprendizado contínuo, ferramentas de feedback e soluções digitais que atendam às necessidades individuais dos colaboradores é essencial. A tecnologia é uma aliada para criar experiências mais ágeis e eficientes, agradando principalmente a Geração Z e Alpha.
  • Ofereça oportunidades de aprendizado e crescimento constante: Estimule uma cultura de desenvolvimento contínuo. Isso pode ser feito por meio de treinamentos, mentorias ou programas de coaching que ofereçam oportunidades para os colaboradores se aprimorarem, criando um ambiente de inovação e evolução constante.
  • Valorize a inovação e a colaboração intergeracional: Incentive iniciativas que permitam a troca de conhecimento entre diferentes faixas etárias. Programas como mentorias reversas, onde os mais jovens ensinam aos mais experientes, podem ajudar a criar um ambiente colaborativo e que abraça a diversidade de ideias.
  • Atente-se ao impacto da sua marca empregadora: As novas gerações valorizam a transparência e a autenticidade. Invista em uma marca empregadora que reflita os valores reais da empresa, mostrando aos talentos o que sua organização realmente representa e como ela está comprometida com um futuro mais sustentável e justo.

Práticas para envolver jovens talentos em decisões estratégicas

  1. Programas de mentoria reversa

    Uma ótima maneira de dar espaço para as vozes jovens nas decisões estratégicas é apostar em programas de mentoria reversa. Nesses programas, os jovens talentos têm a chance de compartilhar suas ideias e perspectivas com líderes mais experientes. Além de empoderar as novas gerações, essa troca de experiências permite que os líderes compreendam melhor as expectativas e os valores da juventude, trazendo reflexões essenciais para a construção de uma estratégia mais alinhada com as necessidades do futuro.

  2. Criação de comitês ou conselhos internos

    Criar comitês internos com a participação ativa de jovens profissionais é outra prática poderosa. Esses grupos têm a oportunidade de contribuir nas discussões sobre temas como inovações tecnológicas, cultura organizacional e até mesmo desenvolvimento de produtos. Ao ouvir e incluir as perspectivas mais jovens, as empresas garantem que estão alinhadas com as expectativas da próxima geração, criando um ambiente mais dinâmico e preparado para os desafios que virão.

  3. Adote ferramentas de colaboração digital

    As gerações mais novas têm uma relação muito forte com o digital. Por isso, investir em ferramentas de colaboração, como Slack, Microsoft Teams ou plataformas de brainstorm, pode fazer toda a diferença. Essas ferramentas proporcionam um espaço onde os jovens talentos podem se expressar e participar de forma colaborativa, com facilidade e agilidade. Elas também promovem a integração entre equipes diversas, o que resulta em uma troca constante de ideias e acelera a inovação.

  4. Investir no desenvolvimento de liderança desde cedo

    Não é necessário esperar que os jovens talentos alcancem posições de liderança para começar a prepará-los. Programas de desenvolvimento focados no início da carreira são essenciais para garantir que eles adquiram as habilidades necessárias para assumir papéis estratégicos no futuro. Isso envolve treinamento em comunicação, tomada de decisões e empatia, habilidades que são fundamentais para um líder que inspire sua equipe e saiba lidar com os desafios de um mundo corporativo em constante mudança.

Essas práticas não só abrem espaço para a geração mais jovem, mas também ajudam a criar uma cultura de inovação, colaboração e aprendizado contínuo, onde todos se sentem ouvidos e engajados.

A força das gerações jovens na construção do futuro

A combinação de diferentes gerações dentro das organizações é um verdadeiro motor de inovação. Cada geração traz consigo uma bagagem única de experiências, perspectivas e habilidades. Quando essas diferenças se somam, o resultado é uma tomada de decisão mais rica e diversificada, capaz de abordar problemas de forma criativa e encontrar soluções que atendam a um público amplo e variado. As gerações mais jovens, com suas visões frescas e adaptabilidade, têm muito a oferecer, mas também aprendem com a sabedoria e a experiência das gerações anteriores.

É fundamental que as organizações se abram para essa troca intergeracional, criando espaços onde todos possam contribuir e se ouvir mutuamente. Ao abraçar a diversidade de gerações, as empresas não só se conectam melhor com as tendências do futuro, mas também fortalecem suas culturas organizacionais, tornando-as mais inclusivas e inovadoras. Esse alinhamento com o novo é o que mantém as empresas à frente, preparadas para os desafios e oportunidades que estão por vir.

A reflexão que fica é: sua organização está pronta para ouvir e aprender com as novas gerações? 

O futuro está sendo moldado por elas, e agora é o momento ideal para escutar, integrar e crescer juntos. Ao fazer isso, as empresas não apenas garantem seu lugar no amanhã, mas também ajudam a construir um ambiente de trabalho mais dinâmico e alinhado com as necessidades de todos.

Cultura Organizacional

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