RH Leadership Xperience 2025: Inteligência Artificial, posicionamento e outras urgências do setor de Recursos Humanos

Cases de inovação no RH apresentados no Think Days mostram como escuta, tecnologia e coragem estão moldando o futuro da gestão de pessoas.
16 de Maio de 2025
Leitura de 13 min
No segundo dia do Think Days, ficou claro que inovar é, antes de tudo, escutar com atenção, entender as dores reais das pessoas e transformar esses aprendizados em ações com propósito. Ao longo do evento, empresas como Unilever, Petrobras, Yara, BRF e BASF mostraram que é possível — e necessário — combinar tecnologia, empatia e ousadia para criar experiências que realmente importam.
Bora mergulhar nessas histórias e descobrir o que o futuro do RH já está ensinando hoje?
Índice:
Matthias Weneger, CKO e fundador da Think Work abriu o segundo dia de evento falando sobre inovação, RH e o prêmio Think Work Innovations. Para ele o processo de inovação no RH é muito importante, desta forma analisaram os últimos os quase 1000 projetos inscritos no prêmio nos últimos 3 anos.
Identificação do problema: O problema deve ser identificado com bases em diferentes fontes: escuta dos colaboradores, líderes e dirigentes, revisão de processos e atenção às tendências do mercado.
Premissas e Limitações: A priorização das ações deve considerar estratégia, recursos disponíveis, esforço versus impacto, conhecimento interno sobre o tema e benchmarks relevantes do mercado.
Planejamento: O planejamento deve respeitar a cultura, ouvir os públicos que serão beneficiados, contar com apoios internos ou externos, prever etapas claras e definir indicadores de sucesso.
Execução: Na implantação, é essencial ter um sponsor, uma liderança definida, cronograma claro, comunicação adequada e garantir o treinamento das pessoas envolvidas.
Mensuração e Melhoria: A avaliação deve combinar indicadores quantitativos e qualitativos, escuta da liderança e diretoria, além da percepção geral para orientar ajustes e melhorias no projeto.
Segundo uma análise e percepção da Think Work, algumas categorias ainda estão carentes de maior atenção e inovação, são elas:
E a Think Work foi além, ao investigar os principais pontos de melhoria no RH:
Matthias finalizou, trazendo a provocação do quanto é importante inovar e principalmente escutar os colaboradores das empresas, antes de uma iniciativa, durante e depois. Assim os projetos saem apenas da sala do RH, abrindo mais espaço para participação e construção conjunta, e atendendo de fatos as dores de cada organização.
Em um cenário onde a inovação precisa caminhar lado a lado com o cuidado, a Unilever tem se destacado ao redesenhar sua jornada digital em RH, combinando tecnologia e atendimento humano para estar mais próxima dos colaboradores.
Durante sua fala no Think Days, Daniela Scavassa, HR Operations SDM na Unilever, apresentou um panorama da operação da empresa e os desafios enfrentados pelo RH. Um dos destaques foi a transformação na gestão da folha de pagamento — uma tarefa historicamente burocrática, que passou a contar com o apoio da inteligência artificial.
Com a introdução da IA, o processo foi automatizado de ponta a ponta: geração e envio de arquivos, análise de inconsistências e correções. Resultado? Redução de erros, menos esforço humano em tarefas operacionais e mais tempo para o RH atuar estrategicamente.
Mas, como destacou Daniela, essa mudança vai muito além da tecnologia em si. Para que inovações como essa sejam bem-sucedidas, é essencial que o RH atue com visão de negócio. Daniela reforçou a importância de buscar parceiros estratégicos, entender profundamente a operação e assumir o protagonismo em cada iniciativa.
Ela também incentivou uma postura ousada: desafiar-se constantemente, questionar fornecedores, criar e acompanhar métricas — inclusive novas — e, acima de tudo, cultivar uma cultura de testes. Porque inovação se faz com curiosidade e coragem.
Denise Nicácio Pereira abriu sua palestra falando que inovar é preciso para se conectar com a realidade.
E foi nesta jornada de se conectar com a realidade, que duas colaboradoras, um casal homoafetivo se depararam com a situação de não terem uma licença para apoiá-las após o nascimento de seu filho. A opção de uma das mães era utilizar a licença paternidade, mas que não atenderia suas necessidades e que de certa maneira trazia um sentimento de exclusão.
Desta forma, a assistente social da Petrobras, compartilhou que nesta situação nasceu o questionamento sobre as políticas de licença maternidade e como elas poderiam atender a todos na empresa
Então compartilhou o caminho da ideia, para buscar uma solução:
Desta forma, nasceu a licença para mães não gestantes, com 180 dias de concessão.
Os desafios principais para Denise foram, criar um benefício que não é incentivado por leis. Quebrar a cultura, uma vez que muitos vieses de preconceito e achismos permeiam algumas decisões. Vencer o tempo, processos e burocracias para apoiar as mães que trouxeram esta dor. E compreender como atender todos os grupos.
E neste cenário, tanto Denise, como a empresa, tiveram alguns aprendizados:
Além de terem conseguido atender o casal, que iniciou a discussão sobre o tema, a iniciativa rendeu ótimos resultados:
Mais do que criar um novo benefício, Denise e a Petrobras mostraram que inovar, no mundo do trabalho, é ter coragem de ouvir, romper padrões e transformar cuidado em política.
Quando tecnologia e cuidado andam de mãos dadas, o impacto vai muito além da eficiência. Foi isso que Marcela Lázaro, da Yara Brasil, mostrou ao compartilhar a história da Yarin, o chatbot criado inicialmente para atender demandas de RH — e que acabou ganhando um novo e poderoso propósito: cuidar do bem-estar emocional dos colaboradores.
A jornada começou com a Yarin atuando como uma assistente virtual para questões administrativas e rotineiras do RH. Mas, com o tempo, o time de RH percebeu que o bot podia ser muito mais.
Hoje, a Yarin é parte fundamental da estratégia de saúde mental da empresa, funcionando como um termômetro do bem-estar. A lógica é simples: ele faz uma pergunta direta e empática — “Como você está se sentindo hoje?”. A partir daí, consegue mapear emoções, identificar padrões e direcionar os próximos passos com base em dados reais.
Por trás do sucesso da iniciativa está um princípio forte que guia a cultura da Yara: safe by choice. A ideia é simples, mas poderosa — "é preciso cuidar de si, do outro e também se permitir ser cuidado." Essa mentalidade é o alicerce que sustenta ações como a Yarin e reforça que a segurança emocional também é uma escolha consciente, coletiva e diária.
A Yarin alcançou excelentes resultados:
A iniciativa mostra que, quando bem direcionada, a tecnologia pode se tornar uma aliada de peso na construção de ambientes mais humanos. Afinal, escutar já é, por si só, um grande passo para transformar o cuidado em ação.
Laura Fontana, Coordenadora de RH na BASF South America, iniciou sua fala compartilhando a campanha “We love moments that matter”, que tem como propósito criar memórias significativas ao longo da jornada do colaborador.
Segundo Laura, a experiência do colaborador é uma prioridade — e na BASF, ela é pensada de forma personalizada para cada persona. Afinal, o onboarding é um dos momentos mais importantes da jornada, com impacto direto no engajamento e na fidelização dos talentos.
Entre os destaques da jornada de integração da BASF estão:
No SA Campus, os colaboradores exploram um ambiente virtual onde conhecem a cultura, os valores e a visão da empresa, além de se conectarem com colegas de diferentes regiões, promovendo integração e pertencimento desde o primeiro dia.
Ao transformar o onboarding em uma experiência personalizada e memorável, a BASF mostra que cada momento importa — especialmente os que marcam o começo de uma nova jornada.
Cristiane Costa, iniciou a palestra apresentando a persona, o Theo, o chatbot de recrutamento da BRF. Os principais valores que o Theo apresenta no seu dia a dia e nos diálogos com os clientes são: diversidade, respeito às pessoas, inovação e qualidade.
Para a Gerente executiva de atração, seleção e diversidade, o Theo surgiu como uma resposta ao desafio de um processo seletivo mais rápido, humano e ágil.
Em 2022, o banco de talentos da empresa recebeu 700 mil inscrições de candidatos, o que ocasionou uma demora nos retornos e análises.
Com a implementação do chatbot, houve uma melhor experiência do candidato, a produtividade do time cresceu em 20% e a redução do tempo de contratação de novos funcionários.
O Theo atualmente, reconhece áudios, permitindo interações mais naturais e humanizadas. Realiza o cadastro de novos candidatos via whatsapp, com integração direta ao sistema da empresa, tornando o processo mais ágil e eficiente. E por fim, realiza o pré-boarding, proporcionando uma experiência integrada e consistente aos novos colaboradores.
O chatbot até este ano, recebeu:
Com o Theo, a BRF mostra que tecnologia e empatia não só podem — como devem — andar lado a lado. Porque no fim, inovar é também saber escutar.
Juliana Ishihara, Product Manager no iFood, abriu sua participação trazendo uma visão geral sobre a empresa e seu ecossistema, como a solução para o RH e para o bem-estar corporativo: o iFood Benefícios. Com o propósito de alimentar o futuro do mundo, o iFood também estende esse olhar inovador para dentro de casa — e foi justamente sobre isso que ela falou: o desafio de engajar os FoodLovers no próprio desenvolvimento.
O Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) é uma das ferramentas mais potentes para o crescimento profissional. Mas, na prática, o engajamento ainda deixa a desejar. Juliana trouxe dados desse cenário: com cerca de 6.600 FoodLovers, apenas 2.310 criaram seus PDIs — um engajamento de apenas 34%.
Diante disso, a pergunta foi direta: por que tão pouca adesão a algo tão valioso?
A resposta veio ouvindo quem mais entende do assunto: os próprios colaboradores.
As principais dores mapeadas durante o ciclo de Avaliação de Desempenho (AvD) foram:
Ou seja, não é falta de vontade. É falta de direcionamento, clareza e uma experiência mais fluida.
Para enfrentar esse desafio, o iFood vem passando por uma transformação contínua na forma de pensar e aplicar o desenvolvimento de pessoas. Juliana compartilhou a jornada que já começou — e tem planos ambiciosos até 2026:
Juliana finalizou trazendo que, para impactar de verdade o desenvolvimento das pessoas, precisamos unir tecnologia com propósito. Inovação não pode ser um evento — tem que fazer parte da cultura.
Com essa visão, o iFood mostra que desenvolver talentos não é apenas uma tarefa de RH. É uma estratégia de futuro.
Se existe um fio invisível que conecta todas as iniciativas apresentadas no Think Days, é o entendimento de que inovação começa onde termina o óbvio. Não se trata só de adotar IA ou entrar no metaverso — mas de criar soluções que reconhecem a diversidade, que cuidam da saúde emocional, que simplificam processos e, acima de tudo, que colocam as pessoas no centro de tudo. Porque no fim das contas, o verdadeiro poder do RH está em transformar a realidade de dentro pra fora.
E aí, o que sua empresa está fazendo hoje que pode se tornar case de inovação amanhã? Que tal começar escutando de verdade quem faz tudo acontecer? Compartilhe esse conteúdo com o seu time de RH e comece agora a construir um RH mais ousado, mais humano e muito mais estratégico.