Com mais autonomia para gestores, Vivo agiliza contratações

Com o Mães da Engenheira, as profissionais têm uma carga horária 40% menor, salário compatível e mais flexibilidade
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5 de Junho de 2025
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Atrair mulheres para a área de Stem (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática, na sigla em inglês) tem sido uma dificuldade para empresas no mundo todo.
O problema começa já nas universidades: as mulheres ainda são minoria nos cursos dessas áreas, tradicionalmente masculinas.
Segundo a pesquisa “Estatísticas de Gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil”, divulgada em 2021 pelo IBGE, elas representam apenas 22% dos estudantes dos cursos de Engenharia e profissões correlatas e 13% dos de Computação e Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC). Globalmente, de acordo com a Unesco, as mulheres correspondem a menos de um terço dos contratados nas áreas de pesquisa e desenvolvimento.
Some isso ao fato de que as mulheres, quando têm filhos, encontram mais barreiras para se colocar no mercado de trabalho. Um estudo da Fundação Getúlio Vargas, publicado em 2016, mostra que quase metade delas, quando retorna da licença-maternidade, fica fora do mercado de trabalho por pelo menos dois anos, podendo chegar a três anos. Segundo os pesquisadores, a maior parte dessas mães foi demitida pela empresa sem justa causa.
Por isso, em 2021, a Unico, IDTech brasileira que oferece soluções de biometria facial e onboarding digital, decidiu criar um programa específico para aumentar a diversidade na área de engenharia, focando em mulheres com filhos.
Para garantir que elas tivessem tempo de aproveitar a família, sem perder o contato com o trabalho, a jornada dessas profissionais foi reduzida em 40%.
Índice:
Batizado de Mães na Engenharia, o programa foi inspirado na experiência pessoal da vice-presidente de TI da Unico na época, Fernanda Weiden, que enfrentou o dilema de grande parte das mulheres ao fim da licença-maternidade: priorizar a carreira ou se dedicar à criança?
Para compreender se outras mães compartilhavam da mesma dificuldade na hora de retornar ao trabalho, Fernanda buscou relatos de mulheres na área de tecnologia em redes sociais e fóruns de discussão.
Um dos pontos que lhe chamou atenção foi quando perguntava às mulheres o que elas mais gostariam de ter tido quando voltaram de licença-maternidade. A grande maioria respondia: “a possibilidade de trabalhar meio período”.
Fernanda era uma executiva experiente, com passagens por gigantes da tecnologia como Facebook e Google. Ela conhecia algumas práticas de job sharing, especialmente fora do Brasil, e então sugeriu algo parecido à Unico.
“Quando a Fernanda se tornou mãe, ela se viu dividida entre a carreira e o cuidado com o filho”, diz Vanessa Carlim, então gerente de aquisição de talento da companhia. “Por isso, decidimos criar algo que abraçasse as mães da engenharia.”
Assim, nasceu o programa Mães da Engenharia, para atrair e manter mais mulheres na área. A princípio, a empresa abriu cerca de dez vagas para que profissionais que eram mães trabalhassem 60% do tempo. Elas podiam escolher atuar poucas horas todos os dias ou três dias completos por semana.
O salário oferecido é proporcional e alguns benefícios também seguem a carga horária reduzida. Outros, até por uma questão de legislação, foram mantidos de forma integral, como o plano de saúde.
Em relação à liderança, a Unico mantém treinamentos sobre vieses inconscientes – o que contribui para o acolhimento das mulheres no pós-licença. Além disso, os vice-presidentes e o CEO apoiaram a criação do projeto, facilitando a execução.
Mesmo assim, o RH tomou cuidado para não forçar nenhum gestor a aderir à iniciativa – os que se engajavam com a causa podiam participar do programa. A melhor maneira de escalar e conseguir adeptos era uma abordagem acolhedora, não mandatória.
O Mães da Engenharia recebeu 387 candidaturas em 2021. Das vagas abertas, quatro foram preenchidas.
A empresa não divulga resultados em números, mas garante que a percepção das participantes foi positiva – principalmente em tempos de pandemia, quando a jornada dupla da mulher (de trabalho e casa) se tornou algo com limites mais tênues.
Para as profissionais, o maior benefício é o tempo adicional com os filhos. “Temos uma mãe que disse que a mudança foi ótima, porque, com a flexibilidade de horário, ela faz toda a rotina do bebê durante o dia. E quando ele vai dormir, ela começa a trabalhar”, diz Vanessa. “E ela é uma das engenheiras que mais entregam.”
Conteúdo publicado originalmente na Think Work Lab em 21 de fevereiro de 2022 com o título “Como a Unico atraiu mais mulheres para a área de engenharia”. Atualizado em 24 de abril de 2025 para o Acrescenta, do iFood Benefícios.