O impacto de gerar empregos na periferia
Como o RH pode gerar inclusão socioeconômica e transformar comunidades: oportunidades que vão além da seleção.
Seriam necessárias nove gerações, em geral, para que brasileiros descendentes de uma pessoa em situação de pobreza atingissem a renda média nacional. Nos Estados Unidos, a título de comparação, bastavam cinco gerações para alguém mudar de extrato social, enquanto no Chile, seis. Num ranking de mobilidade social composto por 82 economias, o Brasil aparecia na 60ª posição, segundo um relatório do Fórum Econômico Mundial de 2020. Baixos salários, condições de trabalho vulneráveis e falta de perspectivas dos jovens brasileiros que não estudavam nem trabalhavam estão entre as principais explicações para esse cenário.
A geração de emprego e renda em locais de baixa renda, a partir de planos de ação desenvolvidos pela própria comunidade, pode ser um caminho para diminuir esse fosso. A participação de empresas – e seus RHs – desempenha um ponto de virada nessa história, com a crucial oferta de trabalho para esses grupos sociais.
No entanto, apesar dos avanços nas iniciativas de diversidade e inclusão ligadas a gênero e raça, apenas 32% das companhias latino-americanas sinalizaram ter programas voltados para funcionários com condições socioeconômicas pouco favoráveis, de acordo com um estudo da consultoria McKinsey de 2023.
A tarefa de diminuir o gap da pobreza vai além de criar uma vaga afirmativa no LinkedIn. É preciso estruturar um plano de inclusão com estratégias que vão desde antes do momento da seleção até a acolhida dos recém-chegados no ambiente corporativo.
“O RH precisa entender que, de repente, aquela empresa, onde muitos jovens sonham em trabalhar, não faz parte dos planos de quem vive em uma determinada área”, afirmou Lina Nakata, consultora e pesquisadora de gestão em recursos humanos e professora da FIA Business School. “O primeiro passo é tornar a oportunidade interessante aos olhos daquela comunidade.”
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