Economia Prateada: potencial e transformações no mercado de trabalho
Como a presença de outras gerações nas organizações está impactando as relações de trabalho
Por Prensa
A economia prateada, ou silver economy, refere-se ao conjunto de atividades econômicas relacionadas às necessidades e demandas da população com 60 anos ou mais, que está em constante crescimento. Esse segmento demográfico tem mostrado um enorme potencial de mercado, influenciando diversos setores como saúde, bem-estar, tecnologia, lazer e consumo. Além disso, a presença crescente de pessoas mais velhas no mercado de trabalho está transformando as relações laborais e promovendo um ambiente multigeracional, repleto de desafios e oportunidades de aprendizado.
Índice:
- Transformações nas relações de trabalho
- Relações entre gerações no ambiente de trabalho
- Potencial de mercado da economia prateada
Transformações nas relações de trabalho
Com o aumento da longevidade e da saúde na terceira idade, muitas pessoas estão optando por continuar trabalhando além da idade tradicional de aposentadoria. Essa tendência está transformando o mercado de trabalho de várias maneiras.
A inclusão de colaboradores mais velhos traz diversidade etária para as empresas, promovendo um ambiente de trabalho mais rico e variado. Essas mudanças exigem adaptações nas políticas de recursos humanos, incluindo:
- Programas de Retreinamento e Desenvolvimento: Oferecer capacitação contínua para que os colaboradores mais velhos possam atualizar suas habilidades e acompanhar as inovações tecnológicas e metodológicas.
- Flexibilidade no Trabalho: Modelos de trabalho flexíveis, como horários reduzidos e trabalho remoto, podem ser essenciais para acomodar as necessidades e preferências dos colaboradores mais velhos.
- Mentoria e Compartilhamento de Conhecimento: Estabelecer programas de mentoria onde colaboradores mais experientes possam compartilhar seu conhecimento e habilidades com colegas mais jovens, promovendo uma troca enriquecedora.
Exemplos de políticas de diversidade etária no Brasil
No Brasil, diversas empresas têm adotado programas e políticas para promover a inclusão e a diversidade etária no ambiente de trabalho. Essas iniciativas são essenciais para valorizar a experiência dos profissionais mais velhos e fomentar um ambiente multigeracional. Aqui estão alguns exemplos de programas e práticas adotados por empresas brasileiras:
Natura
A Natura, uma das maiores empresas de cosméticos do Brasil, tem um programa de diversidade e inclusão em diversas dimensões, incluindo a etária. A empresa valoriza a experiência e o conhecimento dos colaboradores mais velhos e incentiva a contratação de profissionais acima de 50 anos. Além disso, a companhia oferece treinamentos específicos para esse grupo, visando atualização tecnológica e adaptação às novas demandas do mercado.
Itaú Unibanco
O Itaú Unibanco, um dos maiores bancos da América Latina, possui políticas de inclusão etária como parte de sua estratégia de diversidade. O banco oferece programas de desenvolvimento contínuo para todos os profissionais, independentemente da idade, e incentiva a troca de conhecimentos entre diferentes gerações.
Coca-Cola Brasil
A Coca-Cola Brasil tem um programa de inclusão etária como parte de sua política de diversidade e inclusão. A empresa busca recrutar e reter profissionais acima de 50 anos, oferecendo-lhes oportunidades de desenvolvimento profissional e atualização tecnológica. A Coca-Cola também promove a mentoria intergeracional, incentivando a troca de experiências e conhecimentos entre colaboradores de diferentes idades.
Unilever
A Unilever Brasil, multinacional do setor de bens de consumo, possui uma política de diversidade que inclui a valorização dos profissionais mais velhos. A empresa oferece programas de desenvolvimento contínuo, com treinamentos específicos para a atualização de conhecimentos e habilidades tecnológicas. A empresa também promove a inclusão de colaboradores mais velhos em equipes multigeracionais, incentivando a colaboração e a troca de experiências.
Fundação Getulio Vargas (FGV)
A FGV, uma das principais instituições de ensino e pesquisa do Brasil, possui programas voltados para a inclusão de profissionais mais velhos. A instituição oferece cursos de atualização e desenvolvimento profissional para pessoas com mais de 50 anos, incentivando a continuidade da carreira e a adaptação às novas demandas do mercado de trabalho. A instituição também promove eventos e palestras sobre a importância da diversidade etária nas organizações.
Relações entre gerações no ambiente de trabalho
A coexistência de diferentes gerações no ambiente de trabalho cria um cenário dinâmico, mas também pode levar a conflitos e desafios que precisam ser gerenciados.
As gerações podem ter valores e expectativas diferentes em relação ao trabalho, carreira e equilíbrio entre vida pessoal e profissional, o que pode gerar mal-entendidos e tensões. Enquanto os profissionais mais jovens podem ter mais facilidade com novas tecnologias, os mais velhos podem enfrentar dificuldades de adaptação, criando possíveis barreiras de comunicação e produtividade.
A interação entre gerações pode resultar em soluções mais criativas e inovadoras, combinando a experiência prática dos mais velhos com a energia e novas ideias dos mais jovens. Programas de mentoria reversa, onde os jovens ensinam os mais velhos sobre novas tecnologias, e vice-versa, promovem um ambiente de aprendizado contínuo e colaborativo.
Potencial de mercado da economia prateada
A população mundial está envelhecendo rapidamente. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), espera-se que o número de pessoas com 60 anos ou mais duplique até 2050, chegando a cerca de 2 bilhões. Esse crescimento demográfico gera um impacto significativo na economia, criando novas demandas e oportunidades.
Segundo um relatório da Global Coalition on Aging, o mercado global da economia prateada tem um potencial de atingir US$15 trilhões até 2025. Esse crescimento é impulsionado pela demanda crescente por produtos e serviços que atendam às necessidades dos idosos.
De acordo com um estudo da Deloitte, os gastos globais em saúde devem aumentar em média 5,4% ao ano até 2022, com uma grande parte desse aumento atribuída ao envelhecimento da população. Nos Estados Unidos, por exemplo, os gastos com cuidados de saúde para pessoas com 65 anos ou mais representam quase 36% do total de gastos em saúde do país.
Esses números impulsionam especialmente alguns setores do mercado como: saúde, tecnologia, lazer, turismo e urbanismo. A busca por qualidade de vida na terceira idade impacta diretamente o mercado de produtos e serviços de saúde, incluindo cuidados domiciliares, medicamentos, equipamentos médicos e atividades físicas especializadas.
Além disso, inovações tecnológicas, como dispositivos de monitoramento de saúde, aplicativos de telemedicina e robótica assistiva, estão se tornando essenciais para melhorar a independência e a segurança dos idosos. A geração prateada possui tempo e, muitas vezes, recursos financeiros para investir em viagens, cultura e lazer, gerando uma demanda crescente por serviços turísticos adaptados e atividades recreativas.
Há uma crescente necessidade de moradias adaptadas, com design universal e acessibilidade, bem como de cidades amigáveis para idosos, que ofereçam infraestrutura e serviços adequados. Alguns exemplos de inovação neste aspecto são:
- Smart Homes: Casas inteligentes com dispositivos de monitoramento de saúde, sistemas de segurança e tecnologias de automação doméstica estão se tornando cada vez mais populares entre os idosos.
- Aplicativos de Saúde: Programas que monitoram a saúde, lembram dos medicamentos e conectam pacientes a médicos via telemedicina estão crescendo em popularidade.
- Turismo Adaptado: Agências de viagens estão oferecendo pacotes turísticos adaptados para idosos, com foco em acessibilidade e assistência personalizada durante as viagens.
A economia prateada apresenta um vasto potencial de mercado, refletindo a crescente importância dos idosos na sociedade contemporânea. As transformações nas relações de trabalho, impulsionadas pela inclusão de profissionais mais velhos, requerem uma adaptação nas políticas e práticas empresariais.
A convivência entre diferentes gerações no ambiente de trabalho pode gerar tanto desafios quanto oportunidades de aprendizado, promovendo uma cultura organizacional rica e diversificada. Por isso, aproveitar o potencial da economia prateada e gerir de maneira eficaz a diversidade etária são passos essenciais para o sucesso das empresas no futuro.